Ato II

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Len acorda cedo como em todos os dias, andando pelos corredores do Palácio, mas aquele não era um dia comum, sentia seu corpo pesado demais, cansado de mais, nota uma pequena mancha de sangue em seu braço do dia anterior, ele esfrega veemente seu pulso, a mancha some, mas ele ainda se sente sujo, seu braço começava a doer, mais ainda estava sujo, sujo, sujo, ainda sujo, ele só parou quando chegou no quarto da irmã, não podia mostrar que aquilo abalara ele, não podia sequer aconselhar ela que os reinos não iam ficar felizes com isso, a única coisa que podia fazer era entrar no quarto, abrir as janelas e dizer:

— Levante princesa, está um lindo dia lá fora. — Ela se mexe aos poucos, abrindo seus grande olhos azuis como duas das mais puras safiras, len tinha os mesmos olhos, mas os seus eram um pouco mais escuros que os da irmã, uma diferença sutil — o café será servido em breve.

— Eu tive um sonho lindo, Ai Len, se ao menos tivesse sido real. — Ali deitada ela ainda parecia uma garotinha, jovem demais para governar, jovem demais para ter o olhar tão cansado e frio — Eu estava dançando e rodopiando com meu príncipe, lindo como o mar.

— Sei que um dia isso vai se realizar, você sempre consegue o que quer. — Rin sorri com aquela constatação, era a mais pura verdade, a garota tinha tudo o que quisesse em suas mãos — E eu como seu servo irei fazer de tudo por você minha princesa.

— Tudo? Como uma certa tarefa que eu pedi que fizesse para mim, ontem? — O garoto congela, sentindo seu corpo tremer como se ainda estivesse ali, como se ainda pudesse sentir o peso da faca — Me diga aquela pedra em meu caminho se fora?

— ... Sim, minha princesa... se quiser ver com seus próprios olhos o que aconteceu com aqueles que te magoaram. — ela se levanta indo até a varanda, olhando bem longe no horizonte era possível ver ainda, o reino verde em chamas apenas por conta dos caprichos da princesa — Eu cuidei pessoalmente de uma certa garota...

— Isso é incrível! — a princesa abraça o irmão em êxtase, ele podia sentir com o silêncio os gritos sendo trazido com o vento — Você é o melhor irmão do mundo, agora tudo esta perfei...

Sua frase ê interrompida pela entrada de Um guarda sua armadura dourada e preta estava suja com poças de sangue seu rosto marcado com o terror e medo, Rin fita o guarda irritada, enquanto Len tentava acalmar o homem para que ele pudesse explicar o que o deixou tão assustado.

— ... Um exército... vindo para nossa direção... mataram o general... eu consegui fugi para avisar. — Len sente seu coração tentar sair do peito, ele olha para sua irmã que parecia calma demais, nenhum sinal de que aquilo preocupava ela. — São muitos, não tem como lutar, minha princesa esse é o nosso fim.

Rin vai até o homem, pela sua idade diria que ele era um soldado recente, ela mostra sua mão segurando o abridor de cartas e com um movimento sutil, tão natural que Len só entende o que ela fez quando o sangue começa a escorrer do pescoço do soldado e seu corpo cai no chão inerte e sem vida, ela limpa a arma com Seu lenço o jogando sobre o corpo, voltando para a varanda para ver o reino verde em chamas.

— Eu sou a princesa e ninguém vai me matar. — Rin mantinha a voz firme não afetada, mas o irmão notou a leve mordida que ela deu em seu lábio, fazia aquilo quando estava nervosa — Não podem fazer isso, não podem me tirar o trono... Não é?

Len imagina o exercito ao longe marchando até ali, de que reino seria? Não importava, todos queria a cabeça dos gêmeos... ou pior queriam a cabeça da princesa, afinal mesmo sendo iguais ninguém nunca o tratou como da realeza, ele olha para o abridor de cartas tendo uma ideia, não sabia se ia funcionar, mas daria a sua irmã o que ela precisava, tempo.

— Minha princesa, talvez haja uma forma de você sair viva desta rebelião. — O garoto olha para o espelho no quarto da princesa, seguido do olhar dela, os dois fitando seus reflexos — Eles só precisão acreditar que a princesa foi capturada.

Então o entendimento passa por seus olhos, notando a altura semelhante, os olhos de cores parecidas, mas havia apenas uma coisa que os diferenciava, os longos cabelos da princesa, por isso não surpreendeu Rin quando seu irmão estava pegando seu abridor de cartas, ela se vira ficando de frente para ele que pega seus cabelos e começa a cortar, era um processo lento e agonizante enquanto algumas mechas caiam, Len tentava ser o mais rápido possível, até que ao acabar com o da irmã corta um pouco mais o seu para os dois ficarem igualmente curtos e irregulares.

— isto é uma loucura... mas eu não vou deixar que machuquem você. — A princesa vai até o armário pegando o seu vestido de baile, sempre usava ele em ocasiões importantes e entrega para ele — Seu sorriso é a única coisa que me importa nesse mundo e eu não vou perde-lo.

Eles trocam de roupa assim trocando de papeis, Len esperava que aquilo funcionasse e que sua irmã pudesse se livrar dessa, e Rin estava irritada de ter que usar as roupas de baixa qualidade do irmão, mas fez sem reclamar, já era tarde quando o ataque começou, o reino não teve nenhuma resistência, parecia ansiar para serem liberto de um reinado de dor, pecado, morte... e Len não os julgava por causa disso.

— Oh, está quase na hora do chá.

Sua irmã diz, vestida como ele, pronta para interpretar esse papel, ele olha para as horas, três da tarde, aquele horário o assombrava por toda sua vida e naquele momento não seria diferente.

Mesmo sentindo medo, sentindo o mundo o odiando Len sorri, porquê isso é o que a princesa faz e isso que ele devia fazer, tinha que esquecer que um dia foi o fiel servo amarelo, agora ele era a princesa e tinha que agir como tal.

Reinado de pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora