Ato XIV

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O baile se vai e seu prazo também, três dias... tinha três dias até sua cabeça rolar, mesmo que tenha esperado essa data com tanta espectativa agora tudo parecia tão incerto, tudo parecia tão... opaco, não conseguia ver o caminho com clareza mais, se morresse, iria deixar o nome da irmã se sujar? Sunny seria vingada? O príncipe poderia viver em paz? Não cogitou nenhuma vez aquelas coisas, sempre se focou na sua irmã, mas... algo tinha mudado, ele tinha matado a mulher que amava, não poderia sequer escolher seu destino? Sem ninguém para conversar sobre isto já que não podia nem cogitar falar com o príncipe, não depois das Últimas conversas que tiveream, precisava de alguém que estivesse disposto a ouvir Rin e havia um número extremamente Limitado de pessoas que fariam, naquele castelo no máximo Havia três então Len escolheu a opção que parecia mais viável para aquela Conversa.

Len caminha até o jardim real, pelo que sabia poderia encontrá-la ali, adorava observar as flores quando não estava cumprindo seus deveres reais, já tinha a visto ali antes, mas nunca se ousou se aproximar nesse momento tão único para ela, ao chegar perto pode ver, diferente das vezes que a viu na sala do trono a rainha era reservada em seu tempo livre, até poderia confundir ela com algum nobre de menor poder, outra questão era seu rosto que parecia mais cansado fora da sala do trono, mais humana... Len se aproxima dela esperando que ela o percebesse e permitisse que uma conversa fosse iniciada.

- Rin, observei você com o príncipe no baile, sempre adorei ver vocês dois dançando, parecia mágica... mas você estava afetada ontem. - A rainha se vira para Len, seu rosto transbordando a ternura de sempre - Sei que está passando por algo horrível, mas mesmo assim não parece algo que você faria.

- Sua alteza é realmente observadora, devo dizer que... estou um pouco confusa pelo destino que me aguarda. - Len entrelaça os dedos sobre o vestido amarelo, mesmo com seu reino o rejeitando ainda usava as cores da corte, que piada - Achei que estava pronta para pagar pelos meus crimes, mas o príncipe ele... não parece ter a mesma opinião, está tentando me convercer e sinto que ele está conseguindo.

-... O príncipe sempre foi contra penas de morte, mesmo que façam coisas horríveis no fundo ele acha que todos podem mudar, não compartilho do mesmo pensamento. - A rainha continua andando pelo jardim seus olhos passeando pelas plantas - Mas no seu caso... acredito que meu filho tenha certa razão, você não é um monstro Rin, mesmo que tente parecer um.

- Talvez eu seja, o príncipe me fez sentir que seria covardia morrer.. que eu estaria apenas tentando me livrar da culpa.

- E você está? - Era uma pergunta simples, mas tão complexa ao mesmo tempo, Len nem consegue pensar no que poderia responder - Querida se uma coisa aprendi sobre você é que nunca muda de ideia por conta dos outros, sempre fez o que fazia sentido para você.

- não sei se posso ser assim em um momento como esse alteza.

A rainha se abaixa pegando uma das rosas no jardim seus dedos desviando delicadamente dos espinhos, suas pétalas amareladas traziam lembranças para Ren, como sempre que podia ele buscava uma no jardim do castelo para poder colocar na mesa que sua irmã tomava chá.

- Minhas favoritas... - Len sorri se lembrando de tempos mais fáceis - São tão bonitas... ouvi falar que alguns acreditam que rosas amarelas são raios do sol que cairam da terra, nunca acreditei, mas ser coparadas com o sol mostra o quão deslubrantes são.

- Vejo que gosta de rosas, sabe como conseguimos nossas rosas azuladas para os eventos reais? - A rainha pergunta, era algo deslumbrante, no baile o príncipe usava uma no seu bolso, uma das belezas do reino azul - Colocamos ela dentro de vasos com água e tintura depois de um tempo elas se tornar aquele azul maravilhoso.

- Elas não são naturais? Muitos dizem que apenas o solo daqui daria aquelas rosas...

- Rumores, mas a verdade é que rosas azuis não existem na natureza, e na verdade isso faz para mim elas ainda mais especiais, as tornam únicas - A rainha se vira para Len tirando delicadamente o caule da rosa e arumando no vestido da garota - qual a importância dela não ser natural se tem a mesma beleza? Vejo você como uma rosa azul, pode não ser boa, mas se conseguir controlar seu lado sombrio não seria tão boa quanto qualquer um?

- Alteza eu... não sei se posso controlar isso, não sou uma rosa, sou uma erva daninha.

- A beleza não vêm naturalmente a todos minha jovem, tal qual a bondade, mas isso não a prende a ser alguém ruim. - Len toca as petalas da flor no seu peito, seus olhos um pouco umidos demais - Meu filho viu bondade em você mesmo depois de tudo... acha mesmo que ele está enganado? Ou só não quer acreditar? Rosas que crescem do chão ou são criadas reamente são tão diferentes assim?

Len estava confuso, sentia que tudo que acreditava ser verdade agora era uma incerteza que o consumia, e não sabia fazer nada sem sua irmã, não sabia agir por si, nunca teve essa opção as coisas nunca foram fáceis para ele e apredeu bem cedo a seguir ordens sem questionar a deixar que outros decidissem seu futuro.

- Não acredito que você queria morrer, só quer matar a culpa no seu peito, mas todos temos certa culpa querida, todos vamos viver com isso. - O príncipe parecia mesmo se corroer de culpa pelo que aconteceu... - Agora basta você decidir se vai lutar para aliviar essa sensação ou vai ser esmagada por ela?

A rainha se silencia e continua a observar as flores, Len não responde novamente suas perguntas, como poderia? Mas observa as rosas com ela, repetindo suas palavras de sabedoria inúmeras vezes na sua cabeça, podia se comparar mesmo como uma rosa? Mesmo não sendo criado como as outras poderia mostrar igual beleza? As perguntas rodopiavam na sua cabeça, mas a mais importante delas se mantinha sem resposta, ele estava realmente disposto a morrer pelo que acredita?

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⏰ Última atualização: Jun 25, 2023 ⏰

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