Ato IV

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Len se lembrava perfeita de cada detalhe daquele dia, o dia que ele perdeu algo importante, Len andava pelo reino verde, havia tarefas para cumprir naquele lugar e sentia-se melhor entre os plebeus do que a nobreza, tinha vivido uma parte da sua vida em vilas por isso aquele ambiente era familiar para ele, andando pelas ruas ele esbarra em uma garota fazendo-a derrubar suas cesta cheia.

— Sinto muito, Me desculpe eu vou te ajudar. — A garota se abaixa pegando as maças e Len a ajuda, ele se sente péssimo sabendo que aquilo podia ser tudo que ela tinha — Eu vou pagar qualquer prejuízo, eu v-

— Está tudo bem, acontece as vezes. — A garota sorri, seu rosto se iluminando por inteiro e fazendo com que len sorria também mesmo que involuntariamente — Mas nem sempre um cavalheiro me ajuda a recolhe-las, ainda mais paga-las.

Len fica corado e fica a garota observando cada detalhe, ela tinha longos cabelos verdes amarrados em dois rabos de cavalos, seus olhos esmeradas desviam quando ele a fita, suas roupas mesmo que modestas estavam limpas e novas o que mostrava ter certa herança, talvez algum dinheiro do seu pai, afinal se tivesse um marido não estaria nas ruas vendendo maças como as servas e as viúvas.

— Não é nada, eu sei como deve ser difícil. — A garota assenti terminando de pegar todas as maçãs tirando a sujeira que ficou em sua saia, o garoto pega moedas em seus bolsos e estende para a garota — já está tarde e sua cesta está cheia, não me parece ser um bom dia.

— Eu vendo maçãs, se vai me pagar leve uma para o senhor. — ela pega as moedas estendendo uma das maças o garoto reluta em pega, ele só queria ajudar a garota — Elas não vão estar boas amanhã para vendê-las, por favor se quer me ajudar aceite.

Ele pega a maça dando uma mordida o gosto doce era indescritível tão bom quanto mel, a garota sabia escolher frutas aquelas pareciam de ótima qualidade.

— Eu não vejo homens como o senhor por aqui, o que faz no reino? — Len usava roupas caras que apenas pessoas ricas ou funcionários do Palácio usariam — Poderia um homem como o senhor, não se destacar na multidão?

— Eu sou um viajante venho de outro reino. — Len tenta mudar de assunto, ele não queria contar de que reino veio — Faço viagens para cá comprar alguns produtos... adoraria revela em minhas viagens aqui.

— Eu sempre venho aos final dos meses vender minhas maçãs aqui, venha me procurar.

E assim os dois ficaram amigos se encontrando todas as vezes que len viajou para o reino verde, ele e a garota se aproximaram mesmo que os dois parecessem não querer falar sobre suas vidas além daquele lugar, como água e óleo as vidas deles pareciam não se misturar, o que acabou tornando tudo mais doloroso.

Rin tinha caído de amores pelo príncipe azul, dizia todos os dias para Len como ela ia conquista-lo e como iam ser felizes, o irmão ficou feliz pela princesa ver seu sorriso era impagável, ela até começou a tratar os outros de modo gentil, mas então veio a notícia de que o reino verde e azul iam criar uma aliança Através do casamento, Len havia ouvido os rumores e correu para o quarto da irmã que estava olhando pela janela junto com o primeiro ministro.

— Rin?... Eu ouvi os rumores... sinto muito. — Len ouve baixo a irmã chorar, nunca tinha visto a irmã daquele jeito, tão frágil — Me peça qualquer coisa... eu faço tudo para te ver alegre de novo.

— ...Transforme o reino verde em cinzas... — A garota vira o rosto para o irmão as lagrimas formando duas faixas em seu rosto, mas ela sorria, um sorriso tão frio como gelo que se segurar por muito tempo queima sua mão— ... quero que você em pessoa cuide dela, da garota de cabelos verdes e olhar gentil...

Len da um passo para trás, poderia ser... a garota que ele se encantou por tanto tempo seria a princesa disfarçada, sua mente se dividia, uma parte não queria aceitar aquilo, mas no fundo ele tinha algumas duvidas sobre a garota, ela não fazia sentindo, as roupas novas Mesmo que se passasse por extremamente pobre, as coisas pareciam se encaixar de alguma forma, mas ele só acreditaria quando visse por conta própria.

Demorou alguns dias até que eles chegassem no reino verde, a noite já caia e a invasão começa, Len vê pessoas morrendo por todos os lados, incêndios enormes começando, mas ele desviava de tudo, sua irmã tinha dado ele uma única missão especifica, ele sabia que se a garota fosse mesmo a princesa ela tentaria fugir como plebeia, seria mais fácil para viver, ele anda pelos becos até encontrar os cabelos verdes voando nas ruas, era o mesmo caminho que ela fazia sempre, ele corre atrás dela, em certo momento a garota se vira vendo Len e então para.

—... o servo maligno, eu sabia quem era você desde o primeiro dia. — A garota assume uma postura diferente, de uma verdadeira princesa o sorriso gentil, triste, com seu destino em sua frente — E eu também sabia que sua irmã era cruel, mas mandar você... isso é monstruoso.

— Você mentiu para mim... podia ter me dito quem você era de verdade... — Len tira a faca da bainha que reflete a luz das chamas e da lua, ele não queria fazer aquilo, mas precisava — Seria mais fácil para mim, fazer isso.

— Isso nunca será fácil para você, Len você é alguém bom... só está lutando no lado errado — Len sente as lágrimas caírem ele era um idiota de ter se apaixonado pela garota que sua irmã pediu a cabeça — Espero que você perceba isso antes dela... ou pode ser tarde demais.

— Eu não... quero fazer isso... eu não posso — a princesa se aproxima, sem medo, sem tentar correr, ela havia aceitado de bom grado o seu fim — Eu não quero te machucar...

— Se não for você vai ser outro a mando dela, pelo menos morrerei nos seus braços. — Ela Segura a mão de Len que tremia um pouco, a colocando exatamente no seu peito — Eu não queria aceitar o casamento, foi necessario... mas eu já estava apaixonada por outro homem, por favor encontre a felicidade sem mim

Len força a faca encravando no peito da princesa que cospe um pouco de sangue, seu corpo perdendo as forças, o garoto a segura se sentando e a pondo em seu colo, a garota pega uma das mãos dele enquanto o garoto mantinha outra na ferida que sangrava vendo suas mãos se sujarem no sangue da sua amada, vendo com as ultimas forças ela dizer.

— Eu te perdoo...

Len tinha certeza que não merecia aquele perdão, não importa o que dissessem as suas mãos estavam imundas com o sangue da princesa e ele não poderia lava-las nunca pois continuariam sujas para sempre, ele havia perdido algo importante naquele dia, havia perdido completamente a razão de viver.

Reinado de pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora