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Phthónos

- Que foi, Natalie? Se distraiu olhando o monumento que é sua namorada? Esqueceu como se fecha um zíper? Precisa de ajuda, amor? - Brinquei com ela, que pareceu voltar pra realidade.

                             

- Ãnh? Quê? Cala a boca, Priscilla! Eu tava aqui pensando no concurso...

                             

- Sabe, acho que Sofia tem razão, vai ser bom pra você esquecer do concurso por umas horas.

                             

- É sério, Pris! Tô aqui pensando, como que vai ser? Por que a gente nunca se beijou né...

                             

- Tô ciente, mas obrigada pela informação.

                             

- Dá pra senhora me dar um crédito e me deixar terminar minha linha de raciocínio? - Fiz sinal que ela podia continuar, mas não pude evitar sorrir. Eu adorava ver Nathy brava assim, parecia um filhotinho raivoso, era fofo. - Então, continuando. Como eu dizia, a gente nunca se beijou, certo? - Levantei apenas uma sobrancelha em resposta, um gesto que eu tinha roubado dela. - Mas se a gente namora, não seria natural comemorarmos com um beijo se a gente ganhar o concurso, Pris?

                             

Pude notar pela expressão de seu rosto que ela estava genuinamente preocupada com o assunto, mas não era algo que me atormentava. Afinal, um beijo é só um beijo, certo? Por isso optei pela melhor forma de lidar com as dúvidas de Natalie, que é fazendo graça. Me aproximei dela e passei um de meus braços por sua cintura, enquanto minha mão livre levantava seu queixo.

                             

- Posso te ensinar beijo técnico, se você quiser a gente pratica. Ou selinho, pode escolher como chamar. É tudo uma questão de perspectiva.

                             

Ela me empurrou pra longe, me jogando um travesseiro na cara, mas eu não conseguia parar de gargalhar.

                             

- Você não presta, Priscilla!

                             

Point Of View Natalie

                             

Devido à insistência de Sofia para irmos jantar em algum lugar mais arrumadinho, acabamos em uma casa de massas chamada Mirante. Em Miami não haviam muitas opções mesmo, mas não estávamos a fim de som muito alto, então optamos pela casa de massas, mais afastada do centro da cidade. O jantar correu bem, eu e Priscila não tínhamos dificuldade nenhuma em parecer um casal. Sofia teve um prato cheio a noite toda para nos atormentar depois. Não ajudava em nada o fato de que toda hora ela roubava um nhoque do meu prato e muito menos o fato de que eu havia pedido uma versão vegetariana só porque sabia que ela faria isso. Caralho, nós éramos muito casal mesmo!

                             

Foi durante a sobremesa que as coisas começaram a desandar. Priscills sujou o nariz de sorvete e quando me virei para limpá-la foi que eu o vi vindo em nossa direção. O sabor doce do sorvete de cupuaçu que dividíamos foi substituído pelo amargo do ranço que eu sentia só em ver aquele garoto.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝑅𝑒𝑔𝑎𝑙𝑜 𝐷𝑒 𝐿𝑜𝑠 𝐺𝑟𝑖𝑒𝑔𝑜𝑠 Onde histórias criam vida. Descubra agora