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Apodyopsis (s.f.):
Do grego, ato de despir mentalmente alguém.

Point Of View Natalie

Quando eu era adolescente li em algum lugar que a maior parte da nossa vida é uma série de imagens. Elas passam pela gente como cidades numa estrada, mas algumas vezes, um momento se congela e algo acontece. E nós sabemos que esse instante é mais do que uma imagem. Sabemos que esse momento e todas as partes dele irão viver para sempre. De certa forma isso mudou a minha vida, a consciência de que a vida passa como um borrão me assustava e fez com que eu tentasse fazer todos os momentos serem aqueles que se congelavam, me esforcei pra viver cada um de forma única e acredito que fui bem sucedida, ou assim eu pensava até viajar pra Grécia, agora eu simplesmente não consigo parar de pensar que tudo isso de viver o momento congelado não passou de uma grande ilusão da minha mente... Pelo menos em partes.

Essa viagem tem me trazido os melhores momentos, tem sido por si só tudo aquilo que eu sonhei pra minha vida. Mais que uma imagem, é como se tudo que eu tenho vivido aqui fosse durar pra sempre, meu coração até tem batido de maneira diferente, meu sorriso é mais aberto e eu tenho certeza que meu olho brilha quando eu olho em todas as direções. É muito mais que todas as belezas desse paraíso, é mais que todo o clima ou a sensação de que eu posso fazer o que der na telha, é única e exclusivamente culpa da minha companhia. Priscilla Jauregui faz os meus momentos serem congelados, eternos e atemporais. Minha melhor amiga tem esse poder de fazer com que todos os momentos sejam incríveis.

Esse poder é a coisa mais maravilhosa do universo e também é a causa pelo qual eu vivi uma ilusão. Não é que minha vida tenha passado como uma cidade numa estrada, pelo menos, não toda ela. O problema é que Priscilla está em minha vida desde que eu consigo me lembrar e por isso eu tenho a impressão de que tudo que eu vivi foi eterno, acontece que os poucos momentos em que ela se ausentou foram como se eu estivesse em um trem em movimento. Meus inícios de relacionamentos do nada, meus términos complicados, a necessidade de ter alguém, tudo aquilo que a Pris não viveu comigo parece não ter importância e de tudo que eu já tinha vivido na vida, nada foi tão eterno quanto o momento em que ela me beijou, foi a confirmação de tudo que meu coração se negava a aceitar: eu estou me apaixonando pelo ser humano mais incrível que eu tive a sorte de conhecer e por algum motivo inexplicável parece que ela também está se apaixonando por mim.

Depois do beijo em praça pública, nossa relação mudou consideravelmente, não a nível preocupante, mas de um jeito bom. Os toques despretensiosos entre a gente começaram a ter pretensões, Lauren não perdia uma oportunidade de grudar seus lábios nos meus e eu... Era como se eu simplesmente não pudesse controlar minhas mãos que insistiam em tocá-la a todo instante. Estávamos cada vez mais sincronizadas, me permiti mergulhar a fundo na imensidão de seu mundo e tudo nela me encantou. Não existia a necessidade de palavras entre nós, foi como tudo na nossa vida, um movimento natural em que nós duas estávamos confortáveis. A única coisa que me tirava o sono, literalmente, era a presença de seu corpo seminu e quente colado ao meu na hora de dormir. O problema é que agora ele era completamente notado por mim, não só pela minha mente, mas também pelo meu corpo que se arrepiava todas as vezes que ela respirava perto do meu pescoço ou quando obrigava minhas mãos a abraçarem e sentirem sua pele que parecia gritar pelos meus toques.
                                           
                   

Falando assim parece que o famigerado momento em que eu disse lançar todas as mil naus por ela ao mar foi há muito tempo, mas na verdade isso aconteceu hoje e estou colocando a culpa na quantidade considerável de álcool que tenho consumido durante essa viagem. É lógico que o álcool é a explicação pro arrepio involuntário que eu tenho sentido e também é o único que tem culpa sobre minha respiração que cada vez é mais funda só pra poder guardar o cheiro dela em mim. MEU DEUS, a culpa não é minha, né? É do álcool. Mas pra que diabos Priscilla tem que dormir praticamente nua? Nem tá quente pra ela dormir assim. Ok, mentira porque parece que eu estou fervendo, mas tenho quase certeza que a culpa é dela que se encaixou em mim e tá me abraçando por trás. O único pensamento coerente que eu consigo ter nesse momento é um que envolve a minha pessoa arrancando a minúscula calcinha que ela veste e que por obra do demônio acontece de ser a única peça de roupa dela, só que não é só uma garota gostosa, ela é a Priscilla e apesar de obviamente ser gostosa não posso simplesmente me jogar pra cima dela.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝑅𝑒𝑔𝑎𝑙𝑜 𝐷𝑒 𝐿𝑜𝑠 𝐺𝑟𝑖𝑒𝑔𝑜𝑠 Onde histórias criam vida. Descubra agora