Capítulo 1 - Nattawin

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Eu odeio as quartas-feiras. São tão sem graça, chatas e monótonas, sentia-me mais deprimido às quartas.

E justamente hoje, quarta-feira, é o dia onde que tudo pode dar errado pra mim. Prova final pra qual eu não estudei, relatório de semestre e... merda, a oficina só iria abrir durante a tarde. O que eu falaria pra dondoca classe alta cujo o Audi que ela não sabe dirigir direito ainda não está pronto?

Como eu disse, quartas-feiras são uma bosta.

— Bom dia. — sentei à mesa do café da manhã, minha mãe sorriu enquanto servia-se.

— Nervoso? — perguntou ela.

— Um pouco. Termodinâmica não é muito a minha área. — sorri fraco.

— Vai dar tudo certo. Você vai ver.

Não acreditava nisso. Eu não havia estudado merda nenhuma, eu odiava termodinâmica. Ansiava que ao menos Boss poderia me ajudar nisso.

A bicicleta velha da minha mãe rangia enquanto eu pedalava até a universidade, os pedais estavam secos e a corrente meio frouxa. Nota mental: reformar a bicicleta antes que eu fiquei sem locomoção.

Três quilômetros pedalando era um costume desde que eu tinha começado a faculdade, chegar suado graças ao clima quente e abafado da Tailândia já não era mais um problema.

Passei entre vielas e becos, passei no bairro do Sailom, evitando olhar a antiga e renomeada rua Suppasit.

O freio da bicicleta chiou quando o apertei, atraindo alguns olhares curiosos pra cima de mim. Ótimo, perfeito, tudo o que eu queria era isso.

Maldita quarta-feira.

— Eu vou morrer! — ouvi a voz de Boss antes mesmo de entrar na sala. — Nattawin!

— Olá. — sentei na cadeira atrás dele, que prontamente se virou, me olhando com aqueles olhos pequenos e nariz empinado e afilado.

— Aquele professor de termodinâmica é o próprio satanás! — se expressou, fazendo seu típico drama matinal. — Como que eu vou tirar meu soninho revigorante sendo que tenho que estudar 150 páginas sobre esse testamento infernal?

— Falta uma semana para as férias, relaxa que logo você vai poder dormir e curtir um spa day como você quiser. — dei batidinhas no ombro dele.

— Ai, que maravilhoso! — ele bateu palmas.

— Eu até hoje tento entender o motivo de ter escolhido engenharia mecânica pra cursar. — eu me recostei na cadeira. — Tipo... literalmente não tem nada a ver com você.

— Eu quero ser engenheiro aeronáutico, sempre foi um sonho. Inclusive esses dias eu vi um vídeo maravilhoso que envolvia essa área. — ele olhou as unhas. — Envolvia um piloto gostoso pra caralho e um mecânico gay e aí...

Por uma benção, Boss não continuou a falar sobre seu entretenimento pornográfico gay por conta do professor que entrou na sala com um maço de folhas na mão. O rascunho do inferno.

— Eu não preciso explicar as regras que todos já sabem. Mas eu tô de olho, e se eu souber ou ver alguém aprontando, eu juro que vou fazer aguentar aulas de cálculo IV até o fim das férias. — o professor falava enquanto entregava as provas. — E vocês sabem, a professora de cálculo não vai dar sossego se isso acontecer. Eu mesmo irei pedir.

Dei uma olhada na prova antes de começar a responder, constatei que eu estava completamente fodido. Mas que merda.

Olhei de espreita para a prova de Boss e ele, pra variar, rabiscava todos os espaços em branco com a letra redonda que não dava pra entender nada.

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