Como eu previ, Thom ficou mais que agradecido com os novos pares de braço. Katniss logo pegou meu lugar, ela era forte e nova, sua pele morena resplandecia do sol. Seu cabelo cresceu e músculos começaram a ser vistos em seus braços e pernas.
A ajuda de Haymitch foi também valiosa. Mais velho, cheio de contatos importantes, o homem logo fez valer de velhos conhecidos para nos arranjar inestimáveis materiais, como tratores, escavadeiras, professores de outros distritos e outros profissionais, que fizeram nosso distrito começar a crescer de verdade.
Naquele mesmo dia eu arranjei com Thom e combinamos de comprar fornos, formas e o que que precisasse para uma padaria improvisada. Foi tudo amontoado na minha sala, e todos os meus móveis foram relegados a um canto da sala, cobertos por uma manta para não serem estragados de farinha. Nas primeiras semanas eu fazia tudo, mas logo o volume de trabalho cresceu, nosso distrito começava a angariar todo tipo de gente e precisei treinar dois voluntários.
Eu pegava o turno da noite no refeitório, ajudando Greasy Sae com a janta comum, ajudava a arrumar tudo, limpava sozinho a cozinha e logo em seguida voltava para casa, assava os pães e me deitava do lado dela, para aquele doce martírio.
Dormíamos quase sempre na minha casa, já que ela alegava que a sua estava cheia de fantasmas.
Katniss arranjou a própolis, e me fez tomá-la todos os dias diluída em água. Também arranjou uma muda de babosa na floresta e tirava o gel todos os dias para mim, guardando-o na geladeira até a hora de dormir, quando esfregava em meus ombros e braços. Cheirava mal, mas não me incomodava, passaria cocô no corpo o resto da vida se fosse ela a esfrega-lo em mim.
Ela, por outro lado, estava cada dia mais cheirosa, sua pele mais quente, seus cabelos mais longos e o tesão mais insuportável. Muitas vezes só conseguia dormir de manhã, quando ela se levantava para trabalhar, e meus sonhos eram povoados dela, me fazendo as coisas mais absurdas e deliciosas. Meu pobre pênis iria cair qualquer dia desses, do tanto que era esfregado. Eu trabalhava tarde sim, tarde não e muitas vezes caia em sua equipe, e a via conhecer novas pessoas, rir, aprender. E eu ri com ela, conheci novas coisas e pessoas com ela, a conheci de verdade, a vi desabrochar como uma flor. E me apaixonei, desmedidamente, mais uma vez.
Katniss teve a ideia de escrevermos um livro sobre nossas conquistas, as guerras e os jogos, e passávamos longas horas juntos, em silêncio. Podia ver ela me olhando enquanto eu desenhava, nossos olhos se encontravam e logo eu rompia o contato. Tinha medo de jogar fora toda minha cautela se continuasse a encará-la.
{...}
Estávamos até o joelho no esgoto da cidade, procurando a entrada central para instalação de uma nova estação de tratamento de água.
- Sobrevivi duas arenas, uma guerra e vários surtos para mexer no esgoto e pior – falei, notando-a perto de mim pela primeira vez no dia – feliz por isso.
- Você está feliz Peeta? – ela me perguntou, com a mão fazendo sombra aos olhos.
Dei de ombros – acho que sim. Tenho uma boa companhia – ri, meio sem graça - E você?
-Eu não sei. Veja, estou aqui no esgoto com você, e a companhia é até razoável – ela riu, jogando a cabeça para trás – e pensando no cozido de Sale mais tarde, mas penso que é minha escolha isso tudo. Não sou mais um fantoche nas mãos de ninguém. Todas as minhas decisões são tomadas a meu bel prazer, e fico feliz por isso, mas vejo isso – ela se reclinou na beira do riacho e puxou um galhinho com força de um arbusto, cheio de florezinhas amarelas – e penso no preço que paguei.
Cheguei perto dela e olhei para o galhinho. Ela tinha os olhos marejados
- Arruda – falou, desviando o rosto.
-Rue, sussurrei.
Ela limpou uma lágrima teimosa com a mão suja, riscando de lama seu belo rosto.
Eu sorri – aqui - tirei um lenço do bolso do macacão e passei em sua face. Katniss fechou os olhos e agarrou minha mão.
-Peeta...não faça isso, não se você não....
Olhei assustado para ela.
- Se eu não o quê?
Ela desviou o olhar e sorriu – Nada não. Veja o sol, deve ser quase cinco horas. Se não quisermos jantar com essa roupa, acho melhor pararmos por aqui e....
- Se eu não o quê, Katniss – a segurei pelos ombros quando ela fez menção de sair. – Se eu não o quê?
Ela me encarou, com raiva.
- Se você não sabe, não sou eu quem vou dizer – e conseguindo se desprender, saiu correndo. E eu fiquei sozinho, atolado até os joelhos no esgoto, confuso.
{...}
Mais tarde, deitado ao lado da minha amável aflição, não consegui tirar o que ela falou da cabeça. Já havia dado todo tipo de pretexto e razão para a fala dela e não conseguia atinar com o motivo.
Estava uma noite bem fresca e mesmo em cima dos fornos ligados, sentia frio. O corpo de Katniss estava encolhido perto do meu e o calor exalava dele. Não conseguia vê-lo mas o imaginava muito bem, e sem pensarem nada o abracei, jogando toda a cautela para o alto, culparia algum sonho ou pesadelo se fosse preciso, enfiei meu rosto em seus cabelos e passei a mão nas suas curvas, chamando baixinho o nome dela, que se virou automaticamente, erguendo o rosto radiante para mim, passando os braços pelo meu pescoço e me puxando em direção a ela, me beijando em fervor e o mundo explodiu e virou pó, só existia ela, sua boca na minha, suas pernas enroladas nas minhas, a sensação do seu corpo colado no meu.
Era nosso primeiro beijo sem câmeras, sem jogos. Era delicioso.
Era sonho, pensei. Um sonho delicioso, maldito, que vai me exigir meia hora com a mão no pênis sozinho no banheiro mais tarde, mas valeria a pena. Desgrudei meus lábios dos delas e aproveitei a lua, que brilhava desavergonhadamente, para olhar seu rosto. A vi sentar na cama e tirar a blusa do pijama, pensando em como meu inconsciente era primoroso. Que perfeição esses seios, eram os mais bonitos que já tinha imaginado. Quando vi meus dedos tremerem ao segurá-los, percebi que isso poderia ser real.
-Katniss – minha voz saiu rouca – isso é real ou eu estou sonhando?
- É real Peeta – ela falou, me olhando docemente, enquanto colocava minha outra mão em seu seio e o apertava – ou então estamos sonhando juntos.
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Amor com Amor se paga - Petniss
Ficção GeralDepois da revolução, acompanhamos Katniss e Peeta lentamente se reerguendo, deixando seus traumas para trás e reconhecendo a si próprios, numa jornada de autoaceitação e perdão. História também no Spirit. #1 na Tag Jogos Vorazes # 1 na Tag Petniss "...