Capítulo 10: O labirinto cheio de segredos

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  Dizer que o tempo passava diferente no abismo era como chover no molhado, pelo menos para todos os grandes estudiosos e aventureiros que já tiveram algum contato com o lugar. Mas aquela descrição era simplista demais, o lugar era muito mais do que a mera distorção do espaço-tempo. Disso Teyvat estava cheia, o que era os domínios senão isso?

O abismo estava muito além do tempo e do espaço!

 Era o interior e o exterior da própria  árvore da vida, tudo isso ao mesmo tempo. Um lugar intermediário entre todos os outros mundos, feito da própria seiva da árvore e portanto sagrado. Aquele que domina toda a lógica de funcionamento do Abismo consegue abrir portais para qualquer lugar em qualquer mundo, mas deve ter cuidado em usá-los dentro do Abismo. A Ordem do Abismo já conseguia usar a energia abismal para abrir portais em Teyvat mas os outros mundos ainda estavam fora do alcance deles. 

 Isso Theophilo explicava em uma pregação ininterrupta, em velocidade acelerada, e com eventuais piados - depois da terceira vez Mona chegou a conclusão que ele fazia isso inconscientemente quando ficava empolgado demais. Além disso ele também falava em um estilo arcaico que parecia muito forçado como se ele fizesse isso para parecer mais inteligente. Tudo isso fazia a compreensão do que ele estava falando ficar seriamente comprometida mas isso não desanimava a Mona. Muito pelo contrário! 

 Mona Megistus era a astróloga do milênio destinada a grandeza, palavras difíceis não eram obstáculos dignos dela. Assim a maga se forçou a prestar muita atenção no que o Apóstolo ficava papagaiando.

 Até que aquele esforço todo não era uma total perda de tempo, pois se aquele povo vivia a tanto tempo no Abismo, algum de seus muitos mitos sobre lá deveria ter algum coisa de verdade material. Ela como a cientista treinada que era, deveria facilmente reconhecer o que era verdade, no meio de histórias religiosas, e conceitos teológicos que complicavam coisas que na realidade deveriam ser bem simples.

 Se o Abismo era uma materialização da potência criadora em seu aspecto mais puro, o que em Teyvat eram só símbolos, ali deveriam ser coisas concretas. Então deveriam ter coisas muito bizarras naqueles corredores infinitos. Não era atoa que o caminho que estavam fazendo não tinha lógica aparente. Para ir para a esquerda eles desciam e viravam a direita, direita, e direita; para ir reto as vezes tinham que descer e ir para trás, ir para a esquerda, e subir. Tinham corredores que se conectavam e davam diretamente em câmaras que eles ignoravam e davam a volta as contornando. Ninguém tomaria um caminho trabalhoso desses sem um motivo muito bom.

 Sua mestre sempre falava: todos os povos tem raciocínio, se você não está vendo logica em alguma ação é porquê você não sabe o suficiente sobre o funcionamento daquela cultura, ou de suas circunstâncias. Então a astróloga sabia que deveriam ter muitas razões em tudo aquilo mas iria precisar juntar todos os caquinhos de informação para poder enxergar o todo.

 Mona tinha que confessar que muitas vezes ela ignorou esse ensinamento e  achou as outras pessoas doidas, mas estando em um lugar que desafiava tudo o que achava que sabia, ela finalmente conseguiu entender o sabedoria daquele ensinamento. Deveria aproveitar ao máximo o conhecimento da Ordem do Abismo antes de entrar na sala do desafio. Vai que uma citação despretensiosa a daria uma dica de como eliminar alguma besta desconhecida.

  Fora que uma astróloga jamais pode ser pega de surpresa, não importava de onde ela tirava as suas informações, ela tinha que estar sempre preparada ou seria uma desgraça para sua ordem, e para sua linhagem.

 Enquanto fazia aquele caminho caótico com o Apóstolo tagarelando, e o pequeno mago Hydro dançando e a abraçando - aparentemente era uma criança e das mais fofinhas- Mona se lembrou de sua hipótese sobre a importância do nono andar do desafio e dele se encerrar no décimo segundo. Já que o Apóstolo Pyro estava mais do que disposto a ouvir o som da própria voz, resolveu arrisca fazer uma pergunta.

A visita que ninguém quer ( finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora