Capítulo 6 : A doutora, a astróloga, e a ideia de jerico

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  Mona estava quase em desespero, o que diabos era aquilo? E caso ela conseguisse decifrar o que exatamente era aquele mapa, como esconderia esse conhecimento tão profundo - tirado dos confins do véu que encobre a realidade -de alguém despreparada como Ella Musk? Não tinha outra escolha , ela a astróloga virtuosa, paladina da verdade, teria que mentir de novo - já não bastava o teatrinho que estava fazendo com Scaramouche na frente dos outros do grupo- e tinha que mentir com convicção. Era muito diferente de seu transe do conhecimento subconsciente. Não tinha outra escolha senão contar com a influência nefasta que o ex fatui exercia sobre ela,

 Antes de falar qualquer coisa se aproximou mais da manifestação elétrica do mapa astral. Era indubitavelmente lindo! Que cores! Não era só um tipo de roxo. Ali mais de perto ela conseguia perceber mais tonalidades, infinitas tonalidades. Não sabia que cores poderiam ser tão ilimitadas, nesse ponto se comparavam a infinidade das próprias estrelas!

 Chegou um porquinho mais perto, já podia sentir a corrente elétrica arrepiar sua pele. Não era uma sensação tão ruim assim. O som da corrente elétrica zunia sem parar, e isso fazia com que sua alma quisesse sair do corpo e entrar em uma projeção astral.

 Ela estava entrando em um transe de verdade !

 O mapa astral era luz e ela era uma mariposa, precisava chegar mais perto dele, absorver tudo dele, fundir sua consciência com ele. Sem conseguir resistir se inclinou um pouco mais e olhou ainda mais de perto. Nesse ponto seu corpo já estava tomando choques - podia sentir o leve cheiro de queimado- mas em sua mente só havia o mapa. Sem a interferência vulgar do mundo material ela podia perceber os padrões.

 O mapa era dividido em 3 partes. A superior tinha o que parecia ser constelações só que mais complexas do que qualquer uma que a astróloga já havia visto, e eram todas interligadas a alguma coisa que se parecia com... uma raiz? Aquilo dava a entender que era a imagem fidedigna do céu verdadeiro, sem o reflexo e mais completo como se.... estivesse sem o véu?

 A parte do meio era céu falso, refletido, turvo, e para lá de incompleto. Por fim a ultima parte do mapa era a que ficava na ultima sessão embaixo de tudo, e mostrava uma infinidade de constelações mas todas distorcidas e dispostas sem a costumeira harmonia presente em toda a criação. Olhou bem para aquilo tentando entender, e um susto. Viu a constelação caída da chuva de meteoros! Aquela sessão era para a constelação de pessoas mortas.

 Aquilo só podia ser o céu visto de Celéstia!

 Mas como ler? Como interpretar? Precisava aplicar seus novos cálculos agora.

 Um par de braços a impediu de se mover, e do nada seu mapa. Seu belo mapa! Sumiu. Só restou a realidade de uma montanha fria com ventos uivantes, uma pessoa assustada, uma neutra, e uma voz em seu ouvido.

- Você está bem louca? Mais um milímetro e você iria fritar seu rosto nisso aí que você me fez conjurar.

 - O mapa, o mapa... preciso ver o mapa.

 - Não, definitivamente já chega do mapa por hoje. Você vai com ela ali fazer sei lá o que com os hillichurls, e eu e Albedo faremos os experimentos. Quando a outra ali for embora, a gente fala sobre isso. 

 O tom de voz de Scaramouche terminou de a acordar do transe involuntário. Definitivamente não era um tom de voz que ela já ouvira por parte dele antes. Na curta convivência deles, ela se acostumou ao  sarcasmo, à provocação, à irritabilidade, à incredibilidade, á sensualidade , até mesmo ao tom choroso que ele usou para reafirmar que ele era um ser vivo. Mas preocupação? Preocupação era coisa nova. Era preocupação, só podia ser preocupação.

 Ainda se deixando ser abraçada, ela foi conduzida por ele para se sentar perto da fogueira, O calor extra fez bem e ela recobrou o total domínio sobre si. Perder o controle sobre o próprio corpo - e em algum grau a própria mente- era algo eufórico mas também assustador. Que espécie de poder fazia aquilo? Graças a essa experiência - por mais leve que tivesse sido- pode entender melhor os receios que Albedo tinha contado a ela ontem.

A visita que ninguém quer ( finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora