A visita que ninguém quer ( finalizado)

Capítulo 13: Assim disse o Aranara

  Mona não conseguia nem conceber o que diabos era aquele ser gigantesco a sua frente. Era grande, verde, rechonchudo, e parecia uma mistura de cogumelo com rabanete e esporos, e uma vibe de semente também. Era esquisito, sem dúvidas, mas ao mesmo tempo tinha uma expressão de felicidade tão pura em seu rosto, que se tornava uma criatura adorável. Fora a vozinha fininha e melodiosa - o que contrastava com seu tamanho- cantando uma melodia que trazia a esperança de um futuro de harmonia infinita.

  - Lá-lálá...lalalala, lá.

  Talvez ela estivesse interpretando coisas demais de uma canção tão simples, mas ao mesmo tempo parecia ser algo bom. Ainda cantando, o ser colossal acenou para ela e Scaramouche, enquanto eram gentilmente levados pela correnteza para perto de onde estava. Não demorou muito e eles estavam meio que flutuando bem juntinhos do ser verdejante.

 - Olá, vocês estão atrasados.

  - Como podemos estar atrasados se não existe tempo na Árvore da Vida?

  Julgando pelo tom de voz  combativo com que Scaramouche falou, Mona achou que ele não foi afetado pela atmosfera calmante que o ser desconhecido parecia estar criando propositalmente, ou não, vai saber? Ela não sabia nem o que era aquilo quanto mais suas intenções.

  - Você é burro,  não estou falando de tempo mas sim, contando ciclos. Era para vocês estarem aqui há pelo menos dois Samsaras.

  - Mais essa agora! Quer dizer que tudo é previsto? Que essa bobagem de destino existe mesmo? Não, não, e não, me recuso a acreditar.

  - Cansei de responder essa pergunta para você. Qual é o sentido de querer transcender, e se recusar a acreditar na informação que vai te ajudar a sair desse mundo falso?

  - ... é...

  - Um minutinho vocês dois. Existe um ciclo no nosso mundo porquê ele é falso? Ou por quê é um mundo material?

  - Existe um ciclo porquê a própria existência é cíclica. Tudo é movimento! A Árvore usa o mar Quântico para criar novas folhas, e o mar é alimentado pelas folhas que caem e se dissolvem. Só a existência de uma arvore e de um mar se mantem fixa, eterna.

 - Pera, pera, pera, quer dizer que a única coisa eterna é que existe vida? Ou melhor que existe uma existência?

  - Sim, parabéns, você está ficando menos burro! Esta começando  a fazer perguntas novas.

  - Eu queria poder levar essa informação pessoalmente para a Arconte Electro.

  - Voltou ao mesmo de sempre, que pena, talvez a Árvore esteja enganada e vocês fiquem repetindo esse Samsara para sempre, não seriam os primeiros...

  Scaramouche ia afrontar novamente o ser desconhecido, mas Mona o impediu. Tinha perguntas importantes a serem feitas que precisavam de respostas urgentes, e ela não sabia quanto tempo duraria a conexão dos dois com a Árvore.

  - Você não é a Árvore?

  - Sim e não.

  - Como?

  - Sou apenas um brotinho, a Árvore perdeu um galho e assim eu passei a existir. Eu cuido dela desde então, vejo folha por folha qual universo está saudável e florescendo de acordo com o esperado, e quando vejo uma folha amarela com universo tomado por entropia, eu arranco.

  - Caralho, então você que é o verdadeiro Kunikuzushi, ou melhor é muito mais já que destrói universos...

  - Você sempre diz isso.