aviso de gatilho pra homofobia!!
Trabalhar com a Blood Shoot foi definitivamente a melhor ideia de Hinata desde que ele os chamou para irem ao Brasil pela primeira vez. Mas agora, Osamu estava começando a pensar na possibilidade de arrumar um novo guitarrista à base de suco de caixinha e pães doces.
Ficar olhando para a mão veloz de Suna escrevendo algo no papel era pior que olhar diretamente para seu rosto, porque ele quase podia sentir a melancolia se forçasse mais os olhos. Ele suspirou, pela quinta vez naquela hora.
– O que foi, hein, Samu? – Sakusa perguntou de onde estava, ao lado de Kenma. Ambos tinham carrancas igualmente intimidadoras. – Você já suspirou um milhão de vezes! Está com falta de ar por acaso?
– Na verdade, Omi, ele suspirou só cinco – Bokuto pontuou, acariciando a guitarra ao limpá-la. – Eu contei.
– Que seja, Kou, ele está estranho. – todos no estúdio murmuraram em concordância, inclusive Suna. Se Osamu não estivesse tentando evitá-lo, teria dado um tapa bem naquela nuca branquela dele.
– Desde quando vocês viraram minhas mães? – reclamou ele, colocando as duas mãos na cintura.
– Vamos lá fora pegar um chocolate quente, pode ser? – Kiyoomi ofereceu, com uma feição mais carinhosa; ou perto disso.
– Não quero! – o Miya gritou, o que fez mais de um par de olhos se arregalarem para ele.
Suna, até então, não tinha olhado para Osamu, apenas participava da conversa com os ouvidos. O moreno pigarreou baixinho e ergueu a cabeça da mesa.
– Ei, Samu, que tal me mostrar aquela música que você estava escrevendo? Pode te ajudar a relaxar. – Akaashi lhe lançou um olhar tão ameaçador que faltava brilhar como a mira de um rifle.
– Eu não tenho... – pela cara que Rintarou fazia, ele também sabia que Osamu não tinha música nenhuma, e que era só um pretexto para saírem dali, embora não quisesse. – Oh, claro, aquela.
Ninguém fez perguntas para os dois quando saíram do estúdio e foram até um outro que ficava mais distante dos amigos.
Suna tinha feito aquilo por impulso, e agora tinha que lidar com o fato de estar levando Osamu para conversar sobre algo que ele nem sabia como começar. Entrando na sala, o moreno acendeu apenas a luz que ficava do outro lado da parede transparente, deixando assim suas expressões mais ilegíveis.
Osamu não sabia bem o que fazer. Deveria ir embora? Falar com ele? Esperar...? Para começo de conversa, nem deveria ter aceitado o convite implícito dele, ignorar teria sido melhor. Mas então, Suna deu um passo na sua direção, os olhos esmeralda começaram a refletir à meia luz.
– Vamos ficar só nos encarando? – perguntou Osamu por impulso, batendo mentalmente na sua testa em seguida. Rintarou negou e engoliu em seco.
– Eu e Mayumi... – ótimo. Nada melhor do que falar dos interesses de Suna. – Nós não temos nada. Eu nem a conheço, para falar a verdade.
As mãos de Suna começavam a se mexer, cobrindo-se com a manga da blusa comprida e logo descobrindo novamente.
– Como assim? Está querendo mesmo que eu acredite nisso? Vocês se beijaram, porra.
– Ela já tinha falado comigo outra vez, alguns meses atrás, ainda no ano passado – Osamu deu de ombros, percebendo que foi ignorado. – Disse que tinha tudo que eu precisava. Seios grandes, dinheiro, e principalmente: era mulher. Na hora eu não associei bem as palavras, mas então Mayumi me mostrou uma foto que parecia ser eu beijando um cara numa festa da imprensa, e ameaçou publicar.
"Ela queria que eu 'virasse' homem, Samu. – ele deu uma risada cheia de mágoa. – Porque... ser gay era muito nojento pra ela, e que nenhuma mulher me amaria se soubesse. Durante um tempo isso ficou na minha cabeça, eu não saía mais para lugar nenhum, tinha medo de ficar com as pessoas em público e alguém como ela me ver."
– Sunarin... – murmurou Osamu.
– Não, me deixa terminar, por favor. – Rintarou suspirou antes de continuar: – Então veio você e aquele prêmio idiota, aquela entrevista idiota, e de repente tudo parecia mais leve. Ficar com você me dava aqueles minutos de despreocupação que eu precisava, te beijar então... Mas aí eu estraguei tudo porque não disse essas três palavras antes. Então, é, eu sou gay. Me desculpe por sempre fazer as piores merdas, Samu.
De todos os cenários que o Miya tinha imaginado, esse era um dos mais distantes e improváveis. Não que ele tivesse algum problema com a sexualidade de Suna, obviamente, só tinha sido uma grande surpresa ouvi-lo dizer com todas as letras depois de ter contado o motivo para não o fazer.
O vocalista à sua frente não disse nada, muito menos desviou o olhar de uma coisa muito atraente no chão. A sala parecia menor, mais sufocante para Osamu, e talvez tenha sido isso que o motivou a abraçar Suna. Abraçar tão forte para que nenhum deles ousasse escapar. Abraçar de forma carinhosa para que Suna soubesse que Osamu estaria ali, que o entendia.
– Não se desculpe por ser quem você é, jamais. Mas me desculpe também, Sunarin. – o mais baixo soluçou e assentiu. – Eu não venho dizendo as coisas mais legais do mundo pra você. Na verdade, eu fui bem babaca, não é?
– Sim. Mas você não sabia, somos dois errados. – Suna soprou uma risada.
Nenhum deles se mexeu por um tempo, não queriam se soltar, não precisavam, mas então Osamu se afastou e segurou o rosto de Sunarin com as mãos. Seu amigo, seu vocalista raivoso e impaciente. Seu rival, e a pessoa que ele começou a beijar.
O Miya queria beijar todos os detalhes de Suna ocultos pela luz, e assim o fez, enchendo seu rosto até chegar na boca. A sensação dos lábios de Osamu nos seus foi o suficiente para Rintarou tremer e entrar em combustão instantânea.
De fato, estavam desesperados por esse contato, era tão familiar, tão íntimo que os dois esqueceram que estavam num estúdio escuro, provavelmente sendo o motivo de preocupação dos amigos por conta da demora. Mas que se fodam, estavam bem agora.
– Senti falta disso. – sussurrou o moreno, passando a ponta do indicador na linha do nariz de Samu.
– Disso o quê? – ele quis saber.
– De você quase mordendo a minha língua. – Suna deu uma risadinha e Osamu fez uma cara quase convincente de indignação. Quase.
– Está dizendo que eu não sei beijar, Suna Rintarou?
– Hmm, não sei... – disse, fazendo uma cara inocente. – Você é bonzinho, sabe, Samu.
– Tsc, seu ridículo, eu vou te mostrar.
Mais um beijo necessitado se iniciou, agora com risadas e mordidas no meio. Em algum momento, Suna foi empurrado para a parede, tendo seus pulsos segurados pelo mais baixo. Um gemido escapou de uma das bocas quando eles juntaram os corpos mais do que parecia ser possível.
Só que tudo que é bom dura pouco.
A porta se abriu de repente, trazendo a luz forte de fora para o ambiente escuro, e um Sakusa não muito surpreso.
– Ah. – um homem de palavras fortes, não?
Os três ficaram se encarando, completamente envergonhados. Suna ainda estava contra a parede, o peito subindo e descendo rápido.
– Estávamos indo comer alguma coisa, tomar um café. Querem ir? Ou já estão satisfeitos? – o baterista deu um sorriso felino assim que viu que sua frase surtiu efeito nos amigos.
– N-nós já vamos – avisou Osamu, tentando esconder o rosto no braço esticado.
Kiyoomi assentiu e saiu de perto da porta. Poucos segundos depois puderam ouvir as exclamações de Tendou e Hinata sobre seus vocalistas estarem se pegando no horário de trabalho. Mas tecnicamente, eles estavam saindo para comer, então era horário livre.
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𝐁𝐚𝐭𝐭𝐥𝐞 𝐚𝐭 𝐭𝐡𝐞 𝐃𝐮𝐦𝐩; Osasuna
Фанфик"Rintarou odiava como Osamu era tão relaxado e despreocupado quando se tratava de música, como parecia fazer os shows sem ensaio - por mais que fossem excelentes -, e o odiava por responder suas provocações na mesma intensidade. Ele não podia só fic...