– Você está cometendo um erro.
Sakusa concluiu, três dias depois do reencontro, dando uma mordida tão grande no seu sanduíche que fez o molho escorrer pelos lados. Osamu achava graça porque Kiyoomi só fazia isso quando estava completamente sozinho ou apenas os dois.
– Mas, Omi, dessa vez vai dar certo! – Osamu disse convicto. – Confia em mim. – ele fez biquinho.
– Eu confio em você, meu bem. Não confio é no Suna. – o moreno olhou feio para sua batata, como se estivesse imaginando Suna ali, e deu uma mordida violenta nela.
– Kiyoomi... não seja tão duro com ele. Sunarin está bem melhor que antes. E não posso culpar apenas ele, nem você devia. Também preciso mudar algumas coisas – respondeu com calma, colocando algumas batatas dentro do sanduíche antes de fechá-lo novamente.
– Ok. Se é isso que quer, fico feliz.
– Sakusa.
– O que foi? Estou falando sério. – Osamu arqueou uma sobrancelha, ainda cético.
– Você está fazendo aquela cara de quem não acredita no melhor amigo.
– Não estou, não. – Ele revirou os olhos, dando um gole no refrigerante, enquanto tinha os olhos analíticos do vocalista em si. – Tsc, tá bom! Eu só acho que não seria bom pra você se envolver com ele de novo, Osamu, que inferno, eu me preocupo com os seus sentimentos.
Sakusa não é do tipo que grita quando está bravo, ele apenas resmunga e faz cara feia (mais que o normal). Dessa vez não foi diferente, mas Osamu arregalou os olhos mesmo assim.
– Olha – Kiyoomi continuou –, eu acredito que o Suna possa ter mudado um pouquinho de lá pra cá, mas ainda assim tem chances de fazer o mesmo, ou até pior do que antes. Você não está completamente bem, Osamu.
– Estou sim! – o baterista deu um olhar cansado. – Porra, Omi, assim eu não consigo conversar com você!
Sakusa suspirou, aparentemente se dando por vencido. Ou se tocando de que estava sendo chato demais.
– Desculpa, Samu.
– Eu sei o que fazer caso aquilo aconteça de novo, vai dar tudo certo. Você vai ver, Omi. – ele disse, confiante. Osamu ainda tinha suas inseguranças sobre estar voltando a amizade com Suna, só que desta vez ambos sabiam o que não fazer.
– Sabe que eu não vou poder ficar te dando conselhos para o resto da vida, sabe? – Sakusa disse com um pouco mais de gentileza, limpando as mãos em um guardanapo. Ele abriu e fechou os dedos e fez uma careta; sinal de que ainda não estavam limpos o bastante.
– Sei, infelizmente. Por isso...
– Vai procurar um psicólogo. – Afirmou antes mesmo que o platinado pudesse terminar.
– É. Eu recebi uma indicação esses dias...
Falar que Sunarin havia lhe indicado um profissional bom era um pouco arriscado, mas quando Osamu disse a informação com toda a calma do mundo, Sakusa já não estava mais tão arisco quanto a isso. Bom.
Mais tarde, Rintarou apareceu na casa de Osamu, alegando ter uma coisa muito importante para mostrar. Ele tinha uma pequena experiência com coisas "muito importantes", mas deixou o moreno entrar mesmo assim.
– Rick and Morty. – declarou Suna assim que se sentou no sofá e cruzou as pernas como uma criança.
– Você só pode estar brincando que essa merda é boa. – Osamu estava procurando o controle da televisão, e jogava nele algumas almofadas e mantas espalhadas pela sala no processo.
– Não estou... – uma almofada o acertou em cheio – brincando, Samu. Para de jogar coisas em mim!
– Achei! – ele disse triunfante, ignorando o protesto de Sunarin e jogando um travesseiro na sua cara. Ele provavelmente era de Atsumu, mas não tinha como diferenciar agora por causa da capa azul marinho que ambos tinham. Gêmeos e sua mania de querer combinar tudo. – Vai colocando seu desenho aí enquanto eu vou pegar um lanchinho.
– Hmpf, tá bom. – Dessa vez Suna se preparou para pegar o controle que ia ser jogado, mas ele calculou muito mal e o objeto acabou batendo no meio das suas pernas. – Eu te odeio!
O Miya não respondeu, apenas gargalhou e entrou na cozinha.
Uma temporada e meia depois, ambos estavam com a barriga doendo e as bochechas dormentes de tanto rir. Osamu tinha que admitir, Rick and Morty era bom demais.
– Vai, fala de novo! – Suna incentivou, chacoalhando os ombros do vocalista.
– Me recuso! Isso foi só uma alucinação da sua cabeça. – Osamu resistiu, mesmo sabendo que iria ceder se Rintarou fizesse um pouquinho mais de pressão.
– Então eu vou embora. – ele ficou de pé, cruzando os braços e fazendo uma cara bem convincente de chateação.
Um nó se formou na garganta de Osamu. Iria tão rápido quanto veio? Ele não podia deixar Suna ir embora outra vez, nem que fosse por uma coisa besta igual a essa!
– Não! – ele gritou, se pondo de pé também. – Quer dizer, o desenho é legal, não precisa ir.
– Rá! Eu te disse, Samu – Sunarin apontou um dedo para o seu peito, para dar ênfase na sua vitória. – E eu estava brincando, não vou embora por causa disso.
Suas bochechas arderam de vergonha.
– Você não ficou bravo, ficou? – sua expressão era séria agora, e talvez arrependida.
– Não... Mas me assustou! – Osamu deu um tapa na nuca de Suna. Alguns costumes não mudaram, então.
– Ai! Não precisa me bater. Não aqui, pelo menos. – Ele disse mais baixo, com um sorriso felino.
– Idiota – O Miya sentou no sofá outra vez, emburrado, e pegou o controle antes que Suna pudesse dar play em outro episódio. – Só por causa disso, agora vamos ver o que eu escolher.
– Que mandão. – resmungou, mas não fez nada para pegar o controle.
Osamu escolheu um reality show que tinha começado a ver sozinho, onde os participantes tinham que atravessar um cenário sem cair na "lava". No começo parecia chato, mas à medida que os desastres – tipo mais pessoas caindo – se tornavam mais recorrentes, as risadas voltavam a preencher a sala.
O céu estava azul claro quando eles adormeceram no ombro um do outro.
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𝐁𝐚𝐭𝐭𝐥𝐞 𝐚𝐭 𝐭𝐡𝐞 𝐃𝐮𝐦𝐩; Osasuna
Fanfiction"Rintarou odiava como Osamu era tão relaxado e despreocupado quando se tratava de música, como parecia fazer os shows sem ensaio - por mais que fossem excelentes -, e o odiava por responder suas provocações na mesma intensidade. Ele não podia só fic...