Chapter Two

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A vitória dos Wild Wolves ao menos trouxe uma boa coisa no dia seguinte.

Quando Mason e eu pegamos as bandejas de plástico para almoçar, percebi que havia hambúrgueres com queijo em cima de uma grande chapa para mantê-los aquecidos.

Hambúrgueres de carne de verdade! Não a típica carne de soja cozinhada com base em uma dieta prescrita pela nutricionista da escola.

Mason deixou os lábios caírem entreabertos em surpresa antes de acordar do transe e pegar dois hambúrgueres e uma garrafa de suco natural (eles não permitiam o refrigerante ainda, pelo jeito). Peguei somente um, arrependendo-me de ter comido quase uma caixa inteira de cereal no café da manhã, e o segui até uma das únicas mesas vazias do refeitório.

Colocamos nossos copos no suporte térmico e olhamos por alguns segundos o queijo derretido, ainda desacreditados.

- Esse hambúrguer com aquela mostarda ficaria maravilhoso. - Disse baixo, franzindo as sobrancelhas grossas. - Seria a mesma coisa que comer um pedaço do paraíso.

Estendi o braço e puxei a manga do moletom pra cima, expondo meu antebraço. - Toma.
Ele me encarou, confuso.

- O quê?

- Eu sou o paraíso. Pode morder.

Mason revirou os olhos tão rápido que eu fiquei com medo de ficarem grudados atrás de sua cabeça.

- Cale a boca, idiota. - Empurrou meu braço enquanto ria. Mordi um pedaço do hambúrguer e fechei os olhos com o sabor do queijo derretido junto com a carne suculenta, o caldo na minha língua me fazendo soltar pequenos gemidos de felicidade.

- Você está tendo um orgasmo? Está bem, Dunbar?

- Isso é um hambúrguer. - Apontei para o pão entre meus dedos como se precisasse reforçar a frase. - Qual foi a última vez que comemos hambúrguer aqui na escola? Quando o diretor morreu? Ou quando aquela professora foi flagrada roubando livros clássicos da biblioteca?

Uma mochila preta foi jogada em cima da mesa e em seguida Talia se sentou do outro lado, colocando a bandeja em sua frente e bufando alto.

- Na verdade, acho que foi antes do Natal do ano passado. - Ela disse, empurrando a mochila de lado para que pudesse nos encarar
apropriadamente. - E aí?

- E aí? - Repeti. - O que você está fazendo aqui, na verdade? Onde estão suas amigas mimadas?

- Elas me deixaram sozinha porque eu disse que não queria matar aula para cheirar cocaína. - Revirou os olhos e pegou o hambúrguer, dando uma mordida grande que fez uma boa parte do molho acumular no canto da sua boca. - Aquelas estúpidas acham que serão muita merda se ficarem cheirando cocaína toda quinta. Tipo? Qual o sentido em ser popular por usar droga?

Boa parte dos alunos fumava maconha. A mídia local focava no uso de drogas somente dentro dos colégios públicos, mas a verdade é que em Wye Hill, os filhinhos de papais compravam heroína ou maconha e revendiam a um pequeno preço somente pelo simples fato de serem Os Traficantes.

- Deixa elas. - Encolhi os ombros, oferecendo um guardanapo de papel à minha irmã. - Eu não- Ouvi uma risada rouca e alta preencher o refeitório, o som levemente firme me fazendo erguer os olhos para encontrar Raeken, o capitão do time, entrando no lugar.

O resto da frase que eu ia dizer a Lia ficou preso na minha garganta junto com um caroço súbito e inexplicável.

Eu não entendia o porquê de ficar assim na segunda vez em que estava o vendo, mas havia algo no garoto que me atraía mais do que qualquer coisa já tinha o feito.

Ephemeral (thiam's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora