Chapter Twelve

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No fundo da minha mente enevoada de sono e ainda capturada sobre a linha tênue entre dormir e abrir os olhos, eu ouvi um clique baixo disparar.
Seguido de outro e outro.

Quando tentei me mover para o lado e jogar a coberta sobre a cabeça, fui impedido com uma mão firme no meu ombro, o que me fez despertar no mesmo instante com o coração já acelerado dentro do peito. Olhei para cima e me deparei com Theo em cima de mim, as coxas à altura das minhas costelas e uma câmera Canon entre as mãos cobrindo parcialmente seu rosto; não consegui me irritar por causa do susto.

Ouvi o clique do obturador novamente e nem me dei ao trabalho de questionar como é que ele estava ali às... Peguei meu celular na mesinha de cabeceira e liguei a tela, grunhindo pela claridade quase incendiando meus olhos. Seis e vinte e cinco da manhã.

- Bom dia, Li. - vi um sorriso de canto nos lábios, embora meu quarto ainda estivesse, na grande maioria, imerso na escuridão proporcionada pelas cortinas escuras.

- Bom dia. Me diz que você não está tirando fotos minhas nesse estado. Vou te processar.

- Jura? Eu estou na sua cama às seis e meia da manhã e a primeira coisa que você me diz é isso? Nada de... sei lá, "como você entrou na minha casa, seu otário?".

- Jenna te deixou entrar?

Ouvi um suspiro. Pelo jeito, queria contar algo impressionante ao estilo fim do filme Cartas para Julieta.

- É, ela estava saindo quando estacionei o carro.

Estragou meu sonho de pular pela janela e observar você dormir.

Com os olhos ainda meio fechados, me sentei lentamente e encostei à cabeceira, tentando passar os dedos pelo cabelo para deixá-lo menos emaranhado, mesmo que soubesse que aquilo ali era uma batalha perdida.

Enquanto eu ainda estava arrumando a "franja", Raeken abaixou a câmera e se inclinou para me dar um pequeno beijo de lábios fechados. Os seus, úmidos e macios, encostaram-se aos meus por uma fração de segundo, o que serviu
para me deixar querendo mais.

Depois da primeira vez que pude sentir sua pele livremente e tocá-la como se cada centímetro tivesse sido moldado para mim, depois de ter gozado por causa dele, eu parecia estar em um ritmo frenético o tempo inteiro. Era ridículo e adolescente demais. Porém, eu nunca conseguiria me acostumar com aquilo, com o fato de poder beijá-lo quando quisesse. O que não parecia valer muito quando fingíamos não nos conhecer nos corredores da escola.

- Achou a câmera, então?

- Sim! - exclamou, arregalando os olhos excitadamente. - Estava na última gaveta do escritório de Jonathan o tempo inteiro. Não é incrível?

- Muito. Estou feliz por você, T. - disse sinceramente, trazendo sua mão até minha boca para beijar seus dedos. Deslizei para fora da cama, sentindo minha coluna protestar. - Já eu volto. Me espera.

Quando saí do banheiro, ele não estava me esperando. O quarto estava vazio, mas ouvi conversas lá embaixo e deduzi que Theo estava na cozinha com Lia. Vesti o uniforme, peguei a mochila e o paletó e desci ainda com a gravata desfeita em volta do pescoço. Eu sentia inveja dos jogadores do time, já que eles eram os únicos que podiam burlar as regras da escola em relação à uniforme.

Talia já estava vestida com o uniforme e com a boca cheia do que parecia ser cereal, os cabelos amarrados em um rabo-de-cavalo alto e os olhos meio fechados de sono.

Theo, sentado do outro lado do balcão com as pernas cruzadas, mexia na câmera como um bebê ao ganhar o primeiro presente, a bandana
prendendo os cabelos, mas deixando algumas mechas sobre a lateral do rosto.

Ephemeral (thiam's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora