Foi preciso alguns minutos para que eu pudesse me recompor, obrigando minhas mãos a pararem de tremer.
Eu ainda estava sentindo sua boca no canto da minha e a sensação formigante que ela havia deixado para trás. Não tinha ideia do que havia acontecido ali, mas eu soube que as coisas não seriam as mesmas.
Agora, eu sabia como a sua pele cheirava de perto, como as suas pálpebras abaixavam lentamente e como a sua boca ficava de uma cor única quando amaciada muito tempo por sua língua. Agora, eu sabia que Theo quis me beijar por uma fração de segundos, talvez movido por um ímpeto irracional.
Eu não poderia dizer ao certo porque minha mente estava enevoada, preenchida em todos os cantos por ele e mais nada. Havia uma ponta de culpa tornando essa sensação amarga nas bordas, mas de resto, era tão doce quanto o gosto dos Twizzlers ainda recente na minha língua.
Minhas pernas ainda estavam moles quando eu consegui descer as escadas e me firmar no chão. Porém, a imagem dele parado, encostado a uma árvore com outro cigarro entre os dedos não fez nada para ajudar. Pelo contrário, somente piorou.
- Pensei que você já tivesse ido. - comentei como se não tivéssemos quase nos beijado não fosse Corey gritando à distância.
- Não deixaria você voltar sozinho nessa floresta cheia de vampiros.
Abaixei o rosto para rir enquanto retornávamos pelo mesmo caminho que tínhamos vindo. Lado a lado, cercados pelo cheiro de tabaco e tão rígidos quanto a pele de Edward Cullen.- Que bom que o maior deles está comigo, então. Sem risco de ter meu coração arrancado e dilacerado.
Theo sorriu de lado ao me olhar, uma única covinha aparecendo.
- Quem disse?
Eu não queria ter a impressão de que mijaria nas calças de novo, então preferi não responder.
No meio do caminho, seu cigarro acabou e ele jogou a bituca dentro do maço, esfregando as mãos nos jeans. Parecia uma mania que só aparecia após terminar de fumar. Suspeitei que fosse por causa do cheiro ruim na ponta dos seus dedos.
- Você não quer que ninguém saiba que eu te conheço? - Mantive os olhos à frente, nas árvores e até mesmo nos meus pés. Em tudo menos nele. - Está tudo bem. Eu sei que seria ruim se as pessoas soubessem que você já conversou comigo. Que conversa comigo.
O "e que seu toque é suave quando se trata de mim" estava nas entrelinhas, coberto pela sombra das árvores escondendo a expressão óbvia nos meus traços.
- Do que você está falando? - sua mão repousou sobre meu ombro, obrigando-me a parar e virar para ele. Com muita coragem, encarei-o de frente, tentando não me sentir intimidado pela forma que precisava erguer a cabeça minimamente. - Eu não tenho vergonha. Por que teria? Você é a fantasia secreta do time inteiro e é uma pessoa extraordinária.
Inteiro? Incluindo o capitão? Opa.
Eu precisava manter a compostura como se não estivesse dissolvendo por dentro, portanto revirei os olhos e cruzei os braços.
- Theo-
- Sem essa de "Theo". É sério... Você nunca percebeu que eles te encaram ou que falam sobre você? Nunca?
- É impossível. E eu não estou pescando elogio, é só que as coisas são como são.
- Liam. - Seu tom urgente guardava algo que eu tentei decifrar através do verde opaco nos seus olhos. Senti vontade de vê-los vivos, brilhantes, não mórbidos. - Eu quis- quero te beijar. Você tem aquilo que passa a impressão de ser inalcançável, bom demais para qualquer pessoa, e eu só... Acho que você nem percebe que faz isso. Eu não deveria perceber que você faz isso e nem deveria gostar tanto.
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Ephemeral (thiam's version)
Ficção AdolescenteLiam gostava de conhecer profundamente tudo aquilo que o atraía. Os sentimentos e enigmas de Theodore Raeken, quarterback e capitão do time de futebol, não eram uma exceção. Principalmente quando Dunbar é convidado a vivenciar as pequenas e melhores...