Chapter Eleven

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Ao olhar para trás, constatei que era verdade. Theo estava sussurrando no ouvido de Tracy, mantendo-a extremamente perto. Qualquer pessoa assumiria que os dois eram mais dois
adolescentes apaixonados, concentrados demais um no outro. Hah.

Ele estava alheio ao olhar indignado de Jenna e eu não sabia o que fazer porque, de certa forma, não conseguia fingir que estava bravo, mas deveria. E se eu transparecesse ciúmes, ferraria com Tracy.

- Mãe, eu te explico em casa. Para de olhar pra eles, por favor. - segurei o braço dela e tentei dar um passo a frente para levá-la junto, mas Jenna permaneceu imóvel. - Mãe! Jesus... Tenha piedade.

Então, vi seu semblante determinado e suspirei. Não havia mais jeito.

- Theo. - a voz repleta de um tom amargo e ressentido cortou todo o meu desespero e atraiu a atenção de Raeken e dos pais de Tracy. - Que surpresa vê-lo aqui com sua... Perdão. Não sei o que ela é sua.

Virei de costas e tapei o rosto com as mãos. Mesmo assim fui capaz de escutá-lo respondendo baixo:
- Namorada.

- Namorada! Uau! Isso sim é uma grande surpresa, não acha, Liam?

Com um sorriso esquisito, virei-me novamente e encolhi os ombros.

- Enorme. Uma explosão. Boom. Mãe, tá na hora do meu remédio.

- Você não toma remé-

- Surpresa pra você também.

Peguei-a pela mão, acenando para Theo, Tracy e os pais (que pareciam estar no fim do mundo devido às expressões confusas) antes de seguir em direção a um canto afastado da sala de exposição, protegido das luzes.
Encostei-me à parede e colei o rosto ao concreto gelado, minha cabeça girando e reproduzindo o olhar aflito de Theo.

- Você está beijando um garoto que tem namorada, Liam?! Tem noção do quão errado é isso? Não é justo com a menina!

Abri um olho, encarando a fúria de Jenna e os gestos exasperados. Ela estava tão perdida quanto eu, que tinha a impressão de estar com as mãos atadas em relação a contar ou não contar sobre tudo. O relacionamento falso não era meu, eu não tinha o direito.

- Mãe. Você realmente acha que eu seria capaz de fazer isso?

- Bem, olha em volta. Você não está me deixando outra opção. Primeiro, encontro vocês dois se beijando dentro do carro de madrugada, depois na cozinha no mesmo horário e... Agora, isso. Você também pensaria a mesma
coisa se estivesse no meu lugar!

- Pensaria. - assumi. - Mas é diferente. Não sei como te explicar.

Uma mão pousou na base da minha coluna e o cheiro do perfume que eu já conhecia bem me atingiu antes mesmo de registrar a presença de Theo ao meu lado, desorientado e ansioso.

- Posso ir à sua casa hoje? - ele perguntou diretamente a Jenna, algumas palavras saindo meio pausadas por causa da respiração acelerada.

Através de uma olhada por cima do seu ombro, vi que Tracy e os pais já não estavam mais por perto. Me permiti relaxar no seu toque, que revezava entre meu quadril e a parte inferior das costas. - Vou te explicar tudo, juro.

- Me garanta que você não está traindo aquela garota. - Jenna permaneceu firme, um tom digno de Annalise Keating no tribunal. - Ou o meu filho.

- Eu garanto. Juro.

Ela o olhou por alguns segundos e balançou a cabeça, ainda desacreditada. Ergueu as mãos e se afastou após dizer que estaria em casa às duas da tarde.

Theo e eu ficamos sozinhos e ele fez uma manobra admirável com o corpo para poder encostar a testa ao meu ombro, respirando pesado.

- Estarei lá as três, tudo bem? - disse. Soava tão exausto, esgotado, como se tudo o que quisesse fazer fosse dormir e ficar fora de toda essa confusão que eu tinha aumentado ao entrar em sua vida. - Eu quero te beijar, mas
preciso voltar para eles. Escapei dizendo que ia ao banheiro. Está ainda mais bonito hoje, Dunbar.

Ephemeral (thiam's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora