Ephemeral (thiam's version)

Chapter Four

Mesmo após o início da primeira semana de novembro, período em que os jogos principais dos Wild Wolves se aproximavam, ninguém parecia saber o motivo de Theo não estar indo à aula por quase duas semanas e meia.

Considerei a possibilidade de ele ter se mudado para alguma outra cidade com os pais, ou até para outro país, mas a matrícula continuava ativa devido ao seu nome que ainda estava na lista de presença.

Então, eu fiz o que sabia fazer de melhor: Ser otário.

Montei a base inteira sobre Orgulho e Preconceito, incluindo todos os devidos tópicos, li alguns livros na biblioteca municipal perto do centro até perto das nove da noite e imprimi vários outros documentos tratando do assunto que deveríamos escrever sobre. Afinal, o trabalho valia quase três quartos de nota e eu não podia deixar de fazê-lo.

Sempre que eu saía da biblioteca à noite com mais e mais livros dentro da mochila, uma parte de mim me lembrava de que Theo deveria estar me ajudando. Ele também deveria estar escrevendo e lendo aquelas obras do século dezenove e vinte comigo.

Comecei a escrever a síntese e coloquei o nome dele, alegando ao professor de Literatura que Theo e eu estávamos conversando por email. Soava como a desculpa perfeita para uma mentira que eu nem sequer tinha que estar
contando.

— Você deveria tirar o nome dele. — Mason disse, deitado na minha cama com meu antigo PSP entre as mãos e um travesseiro entre as pernas. — Se ele não te deu nenhuma justificativa, então deve estar querendo ganhar nota fácil.

Ignorei-o e continuei lendo o livro antigo de folhas amareladas e páginas faltando, anotando as partes mais importantes no Microsoft Word aberto no meu notebook.

— Você está me ouvindo? — Mason perguntou e o seu tom irritado foi o suficiente para eu fechar o livro e virar o corpo para encará-lo. — Ainda dá tempo de tirar o nome dele, Liam.

Apertei o espaço entre minhas sobrancelhas ao me levantar e soltei um suspiro frustrado, indeciso se eu queria mesmo tirá-lo do trabalho ou não.

Eu estava muito estressado, mas também tinha aquela sensação pequena, porém dolorosamente aguda, no fundo do peito me dizendo que Raeken não estava faltando ou me deixando no vácuo por querer.

— Eu sei, Mase. Eu sei... — Eu soava exausto demais até mesmo pra mim, e talvez tenha sido por isso que Hewitt guardou o PSP assim que eu me esparramei de barriga para baixo ao seu lado na cama. Seus dedos esguios imediatamente foram para os meus cabelos bagunçados, acariciando-os de uma forma tão calma e lenta que eu quase caí no sono ali mesmo. — Mas acho que eu não deveria. Não me pergunta o porquê, mas não posso fazer isso.

— Lia–

— Mason. — Meu tom incisivo e curto deu a entender que o assunto estava encerrado. E ele, pelo bem da minha dor de cabeça, compreendeu.

Mason me abraçou e beijou a base da minha nuca, deitando a cabeça na parte de cima das minhas costas e entrelaçando nossas pernas.

— Dorme um pouco. Daqui um tempinho eu te acordo pra gente ir almoçar na minha casa.

Ajeitei o corpo na cama de forma que pudesse encará-lo apropriadamente.

— Dorme comigo?

Ele me abraçou, esfregando a mão na base da minha coluna.
Adormeci.

•

Sempre fui um fã irrefutável de Quentin Tarantino e de seus filmes.

Quando passei pelas portas iluminadas do Arroto Molhado no sábado, meus olhos quase brilharam e eu tinha certeza de que havia corações saindo deles como o do emoji por causa da pequena pista de dança em rosa e roxo
néon montada no centro. Um grande telão estava à frente, onde um clipe antigo do Pearl Jam estava passando em volume máximo, e todos pareciam embriagados com o milkshake de Vodka que Nora fazia.