Chapter Thirteen

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Não consegui dormir naquela noite. Nem sequer tentei, tomado pela certeza de que minha cabeça inundaria de imagens dele no momento em que fechasse os olhos e rezasse para que a inconsciência me levasse para longe de tudo o que eu nunca imaginei sentir e recear. Uma fração da noite havia sido boa, mas durante os sonhos, os demônios provavelmente me
devorariam.

Os sonhos me fariam ter vontade de nunca mais dormir. Eu não queria isso.

Mason dormia tranquilamente na minha cama, encolhido e encostado à parede, abraçando meu travesseiro contra o peito. Ele não questionou o
porquê de eu ter implorado para sair da casa de Theo e tê-lo deixado lá, nas escadas, olhando em nossa direção como se estivesse desejando poder mudar tudo, mas insistiu que dormiria comigo.

Corey, porém, entendeu porque sabia de tudo. E o que ele me disse sobre mágoa, sobre Theo me machucando, clicou como um quebra-cabeça ao mesmo tempo em que eu me questionava como uma noite podia tornar-se catastrófica em um piscar de olhos.
O problema era que eu estava me sentindo uma peça fora do lugar, dentro da caixa errada.

O celular vibrava contra minha coxa ao menos duas vezes a cada dez minutos. Era quatro e meia da manhã. Eu não chequei as mensagens e não precisava. Sabia quem estava as mandando. Tracy o chamando de egoísta sob as arquibancadas no dia do treino, nossa
conversa no sofá, ele repetindo que eu o odiaria, a porra da explicação sobre pinguins, família e calor. Tudo fazia sentindo de uma forma tão dolorosamente exata que a maioria dos pontos apontava para a minha falta de atenção, para o descuido.

A pior parte? Os pequenos centímetros racionais do meu cérebro sabiam que as chances de eu fazê-lo mudar de ideia eram mínimas, quase inexistentes.

Quem era eu perto de toda a dor imensurável que Theo vivenciava em cada maldito segundo do dia? Eu não era ninguém e mesmo que minhas têmporas estivessem doendo e a cabeça latejando com pontadas agudas de
tanto pensar, não consegui evitar em me sentir magoado e psicologicamente exausto.

O que eu sentia por Theo estava acima de qualquer possibilidade de eu ser coerente e, ao invés de me afastar, me aproximar. Eu só não conseguia sequer pensar em permanecer perto dele porque tal gesto implicava em últimos momentos, aproveitar os últimos dias com ele.
Aproveitar os dias sabendo que ele morreria no final por causa das malditas pílulas.

Eu havia conhecido o mundo com Theo Raeken nele, por trás do verde excepcional e dos desenhos animados com significados extremamente profundos e particulares, e não queria que aquela visão, aquele toque e sua forma rara de lidar com simples aspectos fossem embora. Não queria que ele fosse embora. Se isso me tornasse egoísta, que egoísta eu fosse, então. Tragam o prêmio de Maior Egoísta do Século. Eu aceitaria contanto que me dessem Raeken de volta. Sem pílulas, documentos, descobertas no meio da madrugada e insônia. Apenas o Theo que eu conheci.

Pensei em Jhonatan, morando em Nova York com outra mulher, pensei em Clarisse e como ela parecia ser o único apoio de Theo e pensei em Tara, que havia o abandonado.

Pensei nas pessoas que o envolviam, no time, nos amigos ou a falta deles, no relacionamento falso e no peso que ele carregava enquanto suas mãos precisavam se manter firmes.

Pensei em como era egoísta realizar que eu havia me apaixonado por alguém que não ficaria comigo e que eu havia entrado em uma rua sem saída, um caminho sem volta.

Não reuni forças o suficiente para me levantar da cadeira em que estava sentado desde o meio da madrugada até de manhã e vestir o uniforme para ir à escola. Ver Theo parecia uma realidade distante, e me afundei nisso ao aceitar o cuidado de Mason, que também não foi e preferiu me arrastar pra cama e me cobrir.

Ephemeral (thiam's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora