O lar de Jungkook

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Jungkook jamais foi um garoto de poucas palavras. Ao menos, desde que o conheci, quando éramos pequenos demais para compreender sobre o mundo ou para nos importarmos com algo que fosse além dos xingamentos de nossas mães por todas as meias brancas que sujamos brincando no quintal da minha casa.

Ele era uma criança bagunceira, que amava esparramar meus brinquedos no chão do meu quarto para brincarmos juntos. Ele também amava andar de bicicleta comigo, e como eu só tinha uma, ele andava de carona, agarrado em mim. Não mudamos muita coisa desde então, ele ainda gosta de andar de carona comigo e agarrado ao meu corpo.

Nos últimos dias, no entanto, estamos em um silêncio dentro desse apartamento que simplesmente me causa ódio. Não me incomodaria caso estivéssemos em época de provas, visto que Jungkook e eu sempre fomos estudiosos e nos desligamos do mundo para a bendita preparação para os testes. Só que... dessa vez não é por um bom motivo e, sendo honesto, eu nem mesmo entendo a razão de ele estar tão quieto e tão afastado de mim.

Ele nunca negou os meus abraços. E até para alguém como eu, que detesta tocar nas pessoas e ser tocado por elas, é estranho sentir tanto frio por conta de um distanciamento.

E agora, observando-o preparar um café com leite, noto que ele está tudo, menos feliz. De saúde parece bem, ao menos fisicamente falando, mas não é a mesma coisa. Ele está com os ombros caídos, roupas grandes demais para o seu tamanho, uma marca roxa horrível no pescoço que não mostra nada além de uma posse doentia. Sequer preciso ver seus olhos para saber que estão avermelhados depois de tanto choro.

Quando Jungkook usa roupas tão grandes como agora, é porque precisa de um abraço.

Mesmo quando ele não me diz em palavras o que tanto precisa, ele vê um jeito de me deixar visível. Há receio, medo e aflição em sua pessoa, e ele quer que eu perceba sem precisar me falar diretamente. É por isso que nós nos damos tão bem no fim de tudo, eu acredito.

Por isso me aproximo cautelosamente dele, temendo o assustar. Ele nega com a cabeça, como se sentisse minha presença, e guarda o leite e o café em seus devidos lugares. Prestes a me ignorar e seguir seu caminho para o quarto, ele estanca no lugar em que está quando minha voz se faz presente.

— Eu fiz algo errado, bebê? — Sua pele se arrepia.

E ele, por inteiro, treme. E é de um jeito tão intenso, que sua mão quase perde a força e a caneca fumegante quase vai ao chão. Eu o seguro antes disso e a tomo de si, deixando-a sobre a bancada ao mesmo passo que o trago para perto do meu próprio corpo.

Ele me abraça de volta, se abaixa um pouco e enfia o rosto no meu pescoço, me cheirando como se buscasse algum conforto em meu perfume. E eu sei que não é pelo meu cheiro em si, mas sim porque sou a sua definição de lar. Não importa onde Jungkook mora, porque eu sou seu porto seguro e sua casinha.

Infelizmente, sua parte mais importante não mora em meus braços.

Seu coração não se aconchega em minhas mãos. Eu certamente tomaria conta dele muito melhor que Minjun jamais conseguirá, mas meu bem mais precioso não se sente pronto para saber disso ou retribuir meus sentimentos.

— Vamos para a sala assistir alguma coisa, uh? — Convido, vendo-o lentamente assentir.

Ele reluta para me soltar, mas o faz após um tempo e caminha devagar na direção opinada por mim. Assim, carregando sua caneca e uma manta grossa para o frio, eu me sento junto a ele e o permito se aconchegar com a cabeça em meu ombro. Eu o cubro e abraço, trazendo seu corpo para o mais perto possível de mim enquanto brinco com os botões do controle da televisão em busca de algo que possa, ao menos, distraí-lo.

Touch Me, Jimin | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora