O Último Feitiçeiro (COMPLETO)

O Grande Carvalho

A luz amarelada da lareira e das lamparinas não deixavam meus olhos doloridos, mas ainda mais dispostos a dormir.

Nova Iorque ficou para trás e tenho certeza de que fiz um ótimo trabalho reduzindo o exército de Fayar. Mas ainda não estava conseguindo pensar se as amazonas e os outros haviam chegado em segurança em qualquer lugar em que eles deveriam ir. Eu sabia que algumas pessoas perderam suas vidas naquela batalha, mas também estava feliz por ter safado mais uma vez de alguns obscuros. Fico pensando se o ódio de Fayar por mim aumentou depois disso.

As luzes eram reconfortantes e me faziam afundar ainda mais nesse sofá macio e com um cobertor de lã que era muito confortável. Além de que a sala onde eu estava era redonda e toda de madeira, com janelas fechadas. A lareira estava à minha direita, próximo a mais poltronas e sofás com pés também com uma madeira vermelha de carvalho e o estofado de um tecido marrom. O chão possuía um tapete marrom com animais bordados e sob ele estava um chão feito de tábuas. A frente do sofá onde eu dormi, um arco feito de madeira, parecendo árvores, se projetava para uma sala mais ampla que podia ser acessada por pequenos degraus; já a minha esquerda, havia estantes com plantas e livros, principalmente livros de animais que pareciam ser os mesmos das aulas de zoomagia. Nessa sala, não havia ninguém além de mim, exceto alguns seres feitos de fogo que dançavam nas chamas bruxuleantes da lareira.

No outro cômodo, eu podia ouvir as vozes dos meus amigos discutindo com outras duas vozes: uma masculina e outra feminina. Levantei do sofá e me espreguicei; meus pés estavam descalços e minhas roupas estavam limpas, assim como meu corpo estava livre de sujeira. As vozes ficaram mais fortes enquanto eu avançava até o arco onde haviam pequenos buracos com pequenas pixies adormecidas dentro da madeira. Olhei na direção da estante antes de atravessar o arco e vi o mesmo quadro que Daylene possuía na sua loja.

Pareciam que a dona ou dono da casa era amigo de Daylene.

Quando atravessei o arco, me deparei com uma cozinha, uma escada em espiral de madeira que levava ao segundo andar e uma sala de jantar com uma porta aberta que dava vista a Floresta adormecida e banhada pela lua. As lamparinas ainda iluminavam todo o ambiente e uma chaleira e mais panelas estavam ao fogo.

Na cozinha, havia armários com louças e potes com temperos, além de que sobre a pia havia diversas ervas e flores doces que enfeitavam o lugar. Uma bancada separava a sala de jantar com a cozinha onde um forno e um fogão a lenha funcionavam. Uma pequena mesa redonda com um livro de receitas e uma tábua de cortar com queijo fresco e frutas silvestres estava colocada ao centro. Havia também apenas uma janela na área da pia que estava aberta aos vagalumes.

Na área de jantar, uma mesa retangular e longa ficava no meio, com pratos e copos sobre a madeira de carvalho. Meus amigos estavam lá, todos discutindo sobre mim, dizendo que eles deveriam me acordar. Porém, uma mulher de longos cabelos cacheados meio amarronzados estava na ponta da mesa discutindo, junto com um homenzinho com cabelos curtos, mas frondosos e ruivos com um bigode e orelhas pontudas. Ela vestia um vestido simples e sem adornos, enquanto ele vestia uma camisa de botões com um suspensório. Ambos estavam descalços.

Parei na área da cozinha, bem antes de atravessar o outro arco de madeira que se ligava à sala de jantar. E até agora ninguém tinha me visto.

Miley que estava sentado perto da moça de cabelos, colocou os cotovelos sobre a mesa e coçou os olhos.

- Não podemos acordar o Andrew?- disse ele, sem escárnio- Ele precisa saber disso.

O homem pequeno de cabelos loiros espreguiçou.

- Ele tem que descansar- disse o homenzinho, com uma voz meio fina- Seu amigo acabou de abrir um portal e ainda não sabemos se ele está completamente descansado para ouvir essas coisas. Em todos os meus anos de vida, nunca achei que poderia conhecer um outro feiticeiro.