Leilão

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— Gabi, não estou gostando disso!

Foi a primeira coisa que ele disse quando percebeu que estavam invadindo mais do que uma casa de algum ricaço. Não que aquele lugar não fosse uma super, mega mansão com luzes no chão de vidro e tudo o que essa gente superbilionária se acha no direito de ter, porém ele sentia na nuca, sabe, aquela coisa que a gente que vive na rua acaba adquirindo para não terminar em alguma vala por aí morto ou pior, pois então, a coisa era que sentia aquele arrepio de que estava pisando em chão minado e tinha que correr para o mais longe possível.

Era justamente isso que sentia agora enquanto ambos se esgueiravam pelo primeiro andar da mansão brilhante.

— Channy, lembre-se, estamos aqui porque precisamos pagar os 'caras, lembra? Ou a gente não vai mais ter teto nem comida... Precisamos achar algo de valor e... Olha isso, quantas luzes!

Gabi era a melhor dos dois.

Quer dizer, Channy só conseguiu fugir daquele maldito orfanato com a ajuda dela. Ela que foi adotada da América do sul e depois abandonada naquele lugar não era marinheira de primeira viagem, não, ela era experiente na coisa de adoção e abandono. Ele não era, ele nunca foi escolhido e sempre ficou lá a espera de algum milagre.

Os cuidadores sempre lhe chamavam de pobre desengonçado, mas ela... Gabi não o menosprezou por ser desastrado e tonto. Ela se aproximou e jurou que ia lhe tirar de lá e ela cumpriu.

A vida na rua não é fácil, mas é uma vida. Nesse cemitério nem isso temos.

Ela dizia com frequência enquanto planejavam a fuga e um dia... Conseguiram.

Acontece que a frase viver na rua não é fácil... Bem, ela é muito resumida para ser real.

A coisa era bem pior. Muito pior.

O mundo estava caótico e a rua era reflexo do mundo. Não havia nenhuma refeição grátis e o medo era uma constante em sua existência, porém ele ainda continuava contando... Cada dia sobrevivido era um dia marcado em sua cabeça.

Eles viviam de pequenos roubos e as vezes pediam esmola. Gabi era boa, excelentemente boa... e era sua única amiga, por isso nunca dizia não aos seus pedidos mesmo com medo.

— Sim, tem muitas luzes e isso é estranho.

— Que nada, vai dar tudo certo, okie? Confia. É só achar algo valioso e a gente vaza daqui.

Channy suspirou e concordou. Só uma coisinha, só isso e voltavam para a viela em segurança e...

Seu corpo foi puxado tão rápido que demorou a processar a informação: um segundo atrás estava escondido atrás de uma pilastra e no outro estava sendo segurado por um homem imenso de forte, musculoso e alto ao ponto de até mesmo agarrá-lo tirando do chão enquanto Gabi era colocada de joelhos no chão com uma arma apontada na cabeça por outro homem.

— Quem são esses dois ratinhos se esgueirando em meu estabelecimento?

A voz era suavemente letal e soou perto de si até que uma figura surgisse em seu campo de visão. Parecia um homem, mas tinha um rosto bonito e macio. Usava um terno brilhante e... Saltos agulhas e Channy conhecia bem aquele tipo de sapato porque vivia vendo os pés das pessoas, quando pedia esmolas sempre estava curvado no chão e a primeira coisa que reconhecia eram os sapatos de alguém.

Então aquela pessoa ergueu seu rosto e os olhos passaram de irônicos para assombrados:

— Chanyeol... Mas... Bangão, solte-o!

E Channy caiu no chão no segundo seguinte. Então aquela pessoa de saltos altos se curvou sobre ele e fez um som com a boca de forma repressiva:

— Onde diabos se meteu e porque está vestido como um miserável dos esgotos? Quase nem o reconheci, mas que bom que voltou, essa noite eu realmente precisava de você, minha peça mais cara desistiu e sabe como eu sou, não posso forçar aquela coisinha chorosa a subir no palco naquelas condições. Só por isso vou te perdoar e aceitar suas desculpas, o que acha? Eu te perdoo e você assume o lugar do Lulu.

Bichinho de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora