Dulles

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  São dois corredores a direita e um a esquerda. Fácil.

Channy quase bufou, não era nada fácil se achar dentro daquela casa sem fim! Ainda mais no estado dele agora, com a barriga cheia e confusão por se descobrir sem senso direção algum...

Sempre saiu com a Gabi e sempre a seguia apenas. Nunca tinha que ir a algum lugar sozinho desde que fugiu do orfanato e agora três corredores pareciam o infinito, mas por fim, por fim mesmo conseguiu chegar a tal piscina.

Não sabia exatamente o que esperava, na realidade, sempre via nas televisões da rua e outdoors algo quadrado cheio de água e do lado de fora das casas que chamavam de piscina... Mas não aquilo: Primeiro que não era fora da casa, era dentro, a casa cercava o enorme círculo azul claro iluminado pelo sol que entrava por uma abertura igualmente redonda lá no alto da mansão. Acontece que havia algo parecido com jardim ali também, havia grama e até um balanço/rede, mas era mesmo tudo interno...

E então ele viu dois homens sobre cadeiras de sol na beira da piscina ensolarada: Um era o Senhor Yixing, claro, vestido com um pijama leve em tons vermelhos. Podia reconhecê-lo agora mesmo de longe, e o outro era um homem alto, magro, de pele dourada e que usava óculos de sol e uma calça comprida de tecido grosso que aqueles comerciais de esportes dos outdoors sempre tinham. Naquele momento ele sorria e falava algo para o senhor Yixing que assentia. A cadeira de rodas permanecia entre as cadeiras de sol dos dois.

Como a ordem era ir até ele assim que tomasse o café da manhã, Channy se aproximou até uns três passos deles e falou baixinho para evitar atrapalhar de todo modo:

— Amo, eu estou aqui.

Ambos se viraram e Yixing sorriu pequeno embora Channy sentisse o impacto imediato. Aquela pessoa era realmente muito bonita e expressiva...

— Channy, bom dia. Venha, se sente ao meu lado.

Yixing apontou uma almofada grande no outro lado dele. Channy assentiu e foi até o homem que agora estava sentado inclinado e com as pernas esticadas. Não parecia alguém que realmente precisasse de ajuda para andar... Seria um problema temporário?

Ainda pensando nisso ele se sentou onde foi pedido e percebeu que era sim muito confortável ali, havia o cheiro de grama fresquinha e que ele não sentia há muito tempo, como se fosse uma lembrança escondida mesmo, algo que a pessoa só se lembra quando revê...

— Você está com sono ainda?

— Não sei, estou pesado eu acho, comi demais.

Respondeu sincero até ouvir um risinho que não era com certeza do homem ao seu lado. Abriu os olhos que nem notou que tinha fechado e encarou o homem sem camisa na outra cadeira e ele parecia achar algo extremamente divertido. Channy não entendeu e ele acabou falando ainda que risonho:

— Você realmente olha como um Dulle.

— Eu disse. Yoon tem um ótimo radar, Channy? – Senhor Yixing lhe chamou e ele se voltou para ele sem nem pensar, o que por si só já estava ficando estranho, quer dizer, ele tinha sim se proposto a ser obediente para não irritar o outro, mas não esperava de si mesmo uma resposta tão instantânea... – Você quer cochilar? Se quiser apenas repouse sua cabeça nas minhas pernas e durma.

— QUÊ? Não, eu sou pesado, e se te machucar, senhor Yixing!? Imagina, não mesmo!

— Eu não sou de porcelana, seu bobo e eu mal sinto minhas pernas, mas aqui, minha manta é macia – E nisso ele tirou uma manta dobrada na cadeira de rodas e esticou nas pernas com muita habilidade, por falar nisso e então bateu nos joelhos – Venha, deite-se, vai ficar confortável. Logo o sol estará sobre nós e vai ficar gostoso. Apenas faça.

Bichinho de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora