❛ Puro Encanto ❛

✧ Capítulo Terceiro ✧

Música: Wolves ( Selena Gomez)

Trechinho: " Eu estive nas ruas mais sombrias, vi o lado escuro da lua para chegar até você, chegar até você."

O enigma

Como se fosse um chamado certo, alguém se aproximou fazendo com que os dois se afastassem e olhassem na direção dos passos.

— Sua alteza, peço desculpas por interromper. Mas o rei e a rainha os aguardam na sala do trono. — A governanta quem falava, seu avental deu um leve balançar com o frescor repentino vindo da brisa passageira da manhã.

— Está tudo bem. Obrigada, Sharon! — Ela fez a referência casual de sempre antes de se retirar, voltando para retomar seus afazeres.

O moreno suspirou anasalado e voltou seus olhos negros para a moça. Mesmo sem conhecê-la bem, passava uma confiança para seu coração que ninguém mais conseguia. Ao menos assim pensava.

A sombra que antes lhes vigiava havia sumido no momento em que a governanta apareceu, como se jamais houvesse existido.

— Nervosa?

Ela respirou profundamente duas vezes seguidas antes de falar.

— U-um pouco. Não é todo dia que tenho a chance de conhecer a realeza assim tão de perto. — Ela se sentia indigna de estar ali. Até havia se esquecido dos seres com quem a pouco falou.

A arte se agrega por vários caminhos e direções que mostram o dom de cada indivíduo como seu refúgio, um talento incomparável que se expande e mesmo que haja outros com o mesmo dom, as características e essências são inigualáveis e valiosas a sua maneira.

Enheduanna, uma princesa sacerdotisa que viveu a 23 séculos antes do nosso, é um desses talentos únicos. Ela foi poeta, e com muito merecimento se tornou a primeira autora do mundo a ter seu nome conhecido em uma época bastante discutível sobre quem fosse ou poderia assinar suas próprias obras. A escritora era filha de um rei chamado Sargão, o Grande. E tinha muita influência em sua época, principalmente no meio político, apesar das divergências.

A escritora é muito importante e influenciou muitos com o passar dos anos, até hoje suas obras são de grande valor e reconhecimento.

Reconhecimento...

Uma palavra tão significativa quanto duvidosa no quesito de se obter com facilidade.

Por isso, o rei e a rainha procuravam entender o que se passava na cabeça de seu primogênito e herdeiro com a ideia de trazer uma desconhecida, sem o conhecimento e consentimento dos mesmos para o castelo.

A rainha de pele escura, olhos negros fascinantes e feição dominante estava com os nervos agitados. Já o rei de pele branca, olhos castanhos e feição máscula se encontrava paciente.

Precisava manter a calma, mesmo depois das reuniões exaustivas, ainda era seus deveres como pai e mãe atender ao chamado de um de seus filhos mais amados, o que logo estaria ocupando seus lugares.

— Matteo Muturi Gillies! O que você pensa que está fazendo? — O olhar endurecido de repreensão que fora dirigido ao jovem, veio de sua mãe.

Karol mantinha sua cabeça baixa, após fazer uma breve reverência aos monarcas. Queria se esconder numa das cortinas extensas estiradas naquele ambiente tão bonito e para sua surpresa, moderno. Até mesmo as vestes dos monarcas eram aceitáveis para ela, lhe agradavam mais do que seria capaz de admitir.

Se sentia um pouco parte daquilo tudo. O que era uma tolice em seu lado racional de observar e julgar.

Às vezes a razão pode atropelar os pensamentos daqueles que são confusos demais para tomar uma decisão, mesmo sendo simples.