Quando saí do banheiro estava usando um camisão de dormir e os cabelos estavam enrolados numa toalha grande e felpuda.
- A gente tem tempo pra conversar agora? - Lucas estava sentado do lado direito da cama e também tinha tomado banho, estava usando apenas a calça comprida do pijama. Aquela combinação: Eu de camisão + Lucas de calça + zero camisa, não daria certo. Não conseguia raciocinar desse jeito.
- Pode ficar à vontade. - Dei de ombros e sentei na beirada oposta, esfregando a toalha na cabeça pra secar os cabelos.
- Não sabe o quanto esperei pra te ver assim, tranquila, ao alcance das minhas mãos, secando os cabelos dentro do meu quarto. - As palavras dele me comoveram um pouco, porque ele sempre dizia aquilo desde que nos conhecemos.
- Muitas vezes nossos desejos se realizam. - Peguei minha escova de cabelo que tinha deixado em cima da cômoda e comecei a desembaraçar os cabelos. - Coisas boas acontecem o tempo todo.
- O que está havendo, Clara? Você está estranha desde que voltamos da rua. - Ele levantou e caminhou em minha direção.
- Não está havendo nada. - Menti porque não queria parecer uma louca. - Só estou cansada e triste porque, bem, o fim de semana está acabando.
Senti as mãos do Lucas pousarem sobre meus ombros - seus dedos longos brincando com meus cabelos -, em seguida deslizaram pelos meus braços. Minha cintura envolvida por ele, logo seu corpo estava mais próximo e compartilhávamos um abraço caloroso.
- Também estou triste. Não quero que você vá embora.
- A gente sabia que em algum momento teríamos que nos despedir. - Estava com muito ciúme daquela tal de Vivi. Ao ponto de não conseguir ser espontânea com o Lucas.
- Clara, tem alguma coisa errada. Você está fria comigo. Quer dizer o que houve?
- Nada, Lucas. Já disse. Estou cansada. - Me soltei do abraço dele e entrei debaixo das cobertas. - Você vem?
E foi neste momento que ele hesitou. Ficou parado, de pé, me olhando nos olhos.
- Lucas, por favor, vou embora amanhã. Fica aqui comigo. - Supliquei com voz baixa.
Ele pensou por alguns instantes e não resistiu à vontade de ficar perto e também aos meus apelos.
- Não vai ser sempre tão fácil... - Ele avisou com amargura enquanto se ajeitava do meu lado.
Senti um incômodo na perna e alguma coisa se mexendo embaixo do edredom.
- Ei, para de se mexer, está apertando minha perna. - Reclamei.
- Estou parado, oras. - Lucas respondeu um pouco intrigado. Ambos erguemos a coberta e encontramos um visitante indesejado: Fantasma.
- Não acredito nisso... - Comentei incrédula.
- Fantasma, fora! - Lucas deu o comando mas o cachorro ignorou, simplesmente se acomodou do meu lado e deitou a cabeça na minha barriga. Comecei a rir.
- Que safado! Já trocou de líder... E olha que você nem gosta dele. - Assim que Lucas terminou o comentário, Fantasma começou a rosnar para ele, o que me fez rir muito mais.
- Ele parece aborrecido contigo. - Provoquei um pouquinho.
- Ela é minha! Pode arrumar outra namorada pra você, porque essa já tem dono. - Ele reclamava com o cachorro, como se Fantasma fosse capaz de compreendê-lo. O cão apenas firmou ainda mais o lugar ao meu lado, como se fosse meu dono. Lucas suspirou, dando-se por vencido e virou de lado, ficando de costas para mim.
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Virtual
RomanceUm relacionamento virtual pode resistir ao tempo? E se o dia tão esperado para o encontro chegar, o sentimento permanecerá? O amor pode superar segredos? Qual é o limite para definir a verdade de um sentimento? Clara e Lucas estão a ponto de desc...