O Preço da Imortalidade

Avallon, de GreenVale.

AVALLON

Ele era lindo, deslumbrante, mesmo que não tenha sorrido em nenhum momento, na minha mente, seu sorriso era resplandecente. Ele era indiferente e pouco amigável, e não abria espaço para muito contato. Minha ideia era fazer um acordo de paz com os seres da floresta, mesmo que o Rei Arthur primeiro tivesse dito anteriormente que o bosque era um lugar perigoso. Ao conhecer Duque e Christopher, eu não entendi muito bem qual o perigo teria sido alertado a mim. O bordado foi uma ideia de fazer amizade com Christopher, que ele entendesse que eu não era uma ameaça.

  Nas histórias contadas por meu pai, ele citava a imensa beleza da floresta, e sua majestosa família real que protegia todos os seres. Citava sobre o Rei Tíndre de Arémis e Rainha Telássia de Blammor, e sua infinita bondade e piedade para com seu povo, generosos e bondosos de toda a alma. Papai citou também seus filhos, um menino e uma menina, mas não citou nomes. Disse que a Princesa mais nova era radiante, seu sorriso iluminava tudo, por todos os lugares que ela passava, era bondosa e gentil com os mais necessitados, e não se importava com títulos, possuía uma beleza jamais vista, ousavam dizer até que nunca existiu mais bela. Já o Príncipe, era reservado, não aparecia muito em eventos, vivia tranquilo em seu quarto apenas lendo, mas que também era bondoso e leal ao seu povo. Mas que um dia, tudo mudou no Reino de Arémis.

Uma guerra. 

O Reino das fadas contra o Reino dos Humanos.

Tudo começara quando a Princesa mais nova de Arémis tinha saído para colher cerejas do lado Norte do bosque, e foi brutalmente assassinada pelo Rei, que se assustou com sua aparência diferente.

''Os humanos tem medo do diferente, Avallon''.

Meu pai sempre me dizia isso. O assassinato da Princesa mais nova, gerou tamanha tristeza no Reino de Arémis, tanta tristeza que os animais sumiram por dias. O Rei Tíndre primeiro, se encheu de ira e jurou guerra contra os humanos, por terem matado sua filha mais nova. E assim, os Reinos entraram em guerra, causando a morte de milhões de Fadas e Humanos.

Inclusive da família Real.

Não foi ouvido falar de nenhum sobrevivente ou coisa do tipo, todos sumiram, acreditando assim que todos estavam mortos.

Porém, não parece ser verdade. Christopher é a prova viva de que a família Real resistiu até o último segundo. Uma história lamentável. Portanto, conclui que precisaria me aproximar com cautela deles e do bosque, não queria que entendessem errado e me vissem como uma ameaça. Parecia ser uma realidade distante quando vi ele de novo, mas quando ele aceitou o lenço bordado, vi que talvez eu pudesse melhorar a relação do Reino dele com o meu.

Uma nova Era poderia surgir se eu soubesse lidar com esse assunto com cautela.

_Avallon, você me ouviu?- Cailean me perguntou.

_Desculpe, poderia repetir?- disse saindo de meus devaneios.

Cailean estava me visitando para que conversássemos sobre uma possível aliança militar entre os dois reinos. Nós tínhamos pontos de vista idênticos e não discordavam de quase nada. Ele era paciente e eu ansiosa.

_O que você acha se colocarmos uma base na fronteira para fortalecermos a segurança contra os bárbaros?- ele perguntou.

_A fronteira tem estado estável por gerações, e nenhum movimento tem vindo dos bárbaros. Porém, atualmente o comércio tem tido uma movimentação difícil de compreender, creio que os bárbaros não ficarão quietos por mais tempo.- disse pensando alto._Eu concordo com a sua ideia, podemos conversar com seu pai sobre isso e escutar uma opinião diferente.

_Concordo. Assim podemos oficializar uma nova aliança entre nossos reinos.- ele disse firme.

_Claro.- disse voltando meu olhar para a floresta._Uma aliança...

_Algo lhe incomoda?

_Não, estou bem!- disse sorrindo. _Você voltará para Pendragon ainda hoje?

_Não, voltarei amanhã cedo, preciso dormir um pouco para que não caia do cavalo no caminho!- ele disse rindo.

_É importante.- disse gargalhando.

Cailean e eu éramos bons amigos, assim como nossos pais e nossas mães foram. Parece que a sintonia de nosso reinos, andavam lado a lado a gerações. Nós sabíamos que as pessoas nos olhavam com olhares sugestivos, imaginando coisas, mas apenas ignorávamos.

  No final da tarde, eu fui até o jardim e me sentei, encarando a floresta.

_Princesa!- a voz de Duque me assustou e eu dei um pulo.

_Que susto!- disse com a mão no coração.

_Perdoe-me!- ele disse rindo._Aliás, quem era o rapaz de mais cedo?

_Está me vigiando, Duque?

_Não tenho muitas coisas para fazer, entende? Christopher é muito entediante!- ele disse bufando. Os cabelos verdes de Duque pareciam brilhar com a luz da lua, era realmente de outro mundo.

_Era o Príncipe Herdeiro Cailean, do Reino Sul.- disse sorrindo._Nossos pais eram melhores amigos, e nosso reinos sempre foram ótimos aliados.- disse explicando nossa aproximação repentina.

_Entendo.- ele disse me observando._Achei que iria se casar.- ele brincou.

_Um dia.- disse rindo.

_Christopher gostou do bordado, embora não tenha falado.- ele disse cruzando as pernas.

_Sério?- disse animada.

_Sim, ele não é do tipo que deixa transparecer, mas gostou!

_Isso é bom.- disse aliviada.

_Aqui não deveria ter guardas?- ele perguntou confuso.

_Pedi que se retirassem a noite, pois queria privacidade para ler.- expliquei._E visitar vocês sem me preocupar.

_Hoje as flores vão desabrochar, gostaria de ver?- Duque perguntou se levantando._Christopher também irá, ele que dará a bênção!

_Posso mesmo ir? Ele não ficará incomodado?

_Não ele irá gostar!- ele disse estendendo a mão para mim._Vamos?

Peguei sua mão e adentrei o bosque.