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Voltei para casa, mas não dirigi a palavra aos meus tios, a mala que fiz na noite anterior ainda se encontrava cheia posta ao lado da minha cama. Sentei e observei-a por um tempo, minha cabeça doía como se tivesse sido esmagada por uma montanha de rochas gigantes. Ouvi algumas batidas na porta e sem necessitar de uma resposta minha, Roger entrou com um copo d'água e um comprimido para dor de cabeça.

- Você teve uma noite bem cheia - ele disse estendo a medicação para mim.

- Obrigada - murmurei e tomei o remédio.

Ele se sentou ao meu lado na cama e suspirou.

- Eu e seu pai éramos amigos desde a adolescência. Eu sei que não quer ouvir esse tipo de história e eu concordo que é chato, mas quando você nasceu ele parecia ter realizado o maior sonho da vida dele. Porém antes disso éramos apenas dois idiotas da faculdade, os menos populares e mais inteligentes. John sempre teve um espírito livre e você herdou isto dele. Acho que já disse isto a você.

- Por que estamos falando do meu pai?

- Por que ele morreu. E entendo tudo pelo que está passando. Eu fiquei bastante triste, é claro, mas não saí à noite para fumar baseado e beber até cair. Sim, seu namorado me contou. Sua vó morreu de um ataque fulminante enquanto dormia, eu e sua tia estávamos abalados e queríamos resgatar forças para contar a notícia a você. Dói em nós também.

Continuei calada, meu tio continuou:

- Edith não queria que John fosse antes dela, não é essa a ordem das coisas, mas ela se manteve forte todo esse tempo. Joyce e eu sempre quisemos que você nos visitasse, mas sempre estava ocupada estudando ou fazendo algo com o seu outro namorado. Mas, este tempo que você passou aqui iluminou um pouco a casa, entende?

- Por que nunca tiveram filhos?

- Joyce é estéril. Tentamos de tudo, mas chega uma hora em que a única saída é aceitar. Mas voltando o assunto, eu quero saber, o que você quer? No que podemos ajudar você agora?

Só havia uma resposta para essa indagação.

- Eu quero ir para casa.

- Bom - Roger pigarreou - Passagens de avião são caras.

- Eu tenho algum dinheiro guardado, só preciso de mais um pouco. - Resultado do pé-de-meia que eu andava fazendo com o salário da Book's.

- Aqui, tome - ele tirou uma pequeno rolo de dinheiro do bolso amarrado em uma liga. - Para você.

- Obrigada - me senti extremamente grata por isso.

- Você merece, é uma garota incrível. Não ligue para o que os outros dizem, nós, os incógnitos, somos o que há de mais próximo do mundo real.

Foi uma frase sábia, mas meu astral estava submerso e sem previsão de quando voltaria à superfície. Quem sabe ele se afogasse e morresse de vez.

- Bom, a conversa foi boa - ele se levantou xingando a dor nas costas - Não diga á sua tia, mas quem está envelhecendo mais rápido sou eu.

- Tudo bem, e obrigada de novo, tio Roger - tornei a agradecer.

- Não há de quê. - ele se dirigiu à porta mas parou na soleira - Ah, e quanto ao Jimmy...

- Dean - corrigi. Qual o problema com esse nome?

- Ele é um bom rapaz, não seja uma tola orgulhosa a ponto de não se despedir dele, certo?

- Sim, eu farei isso.

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Dois dias depois.

O lugar que nunca dormeOnde histórias criam vida. Descubra agora