Ao chegar em casa vi tia Joyce na cozinha preparando o jantar e tio Roger, inacreditavelmente, não estava na sala assistindo TV.
- Oi - cumprimentei enquanto adentrava.
- Boa noite, Aurora - respondeu tia Joyce - Parece tão contente, como foi o primeiro dia no emprego?
Não percebi a melhora no meu humor até este comentário.
- Não poderia ser melhor - lembrei que ver o pôr-do-sol do Empire foi ainda mais incrível do que isto - Cadê o tio Roger?
- Está descansando, você sabe que quando se chega a uma certa idade as forças já não são tantas.
- Quem você está chamando de velho? - resmungou ele descendo as escadas. - Não sou eu quem está ficando idoso aqui. Ontem mesmo você mal conseguiu deitar com tantas dores nas costas.
- Vamos começar a competição de quem está envelhecendo mais rápido depois do jantar, certo?
- Posso apenas dar uma ligação antes? É rápido. - pedi.
- Claro, claro - consentiu tia Joyce.O número de casa estava no topo da lista de chamadas, disquei e ao terceiro toque Edith atendeu.
- Alô?
- Vó, sou eu.
- Quem?
- Aurora.
Houve uma breve pausa e comecei a estranhar isso.
- Oh sim! Como vai, querida?
- Bem e como vão as coisas aí?
- Não dá para reclamar. Você me parece contente, aconteceu alguma coisa?
- Sim, hoje foi meu primeiro dia no emprego e eu fui ao Empire State!
- Estou tão feliz por você, Aurora. Mas você foi sozinha? É perigoso andar por Nova York assim.
- Não, eu fui com o Dean.
- Dean?
- É um cara que eu conheci aqui, nós trabalhamos juntos e ele tem sido legal comigo.
- Não ouço você falar com esse tom desde o começo do seu namoro com Brad.
- O quê? Não. - abanei a cabeça rapidamente - Não é nada do que a senhora está pensando.
- Ou estou muito velha ou não conheço mais quando uma garota está gostando de um cara.
Ela riu do outro lado da linha, foi quando percebi o quanto aquela risada me fazia falta.
- Tudo bem, vamos parar por aqui. Esse assunto está ficando estranho.
- Boa sorte, Aurora. Mande lembranças aos seus tios!
- Vou mandar. Até mais.
- Até mais.
Tomei um banho rápido o bastante para não descer antes que meus tios começassem a comer sem mim. Depois do jantar ajudei tia Joyce com a louça e subi de volta para o segundo andar. A janela do meu quarto dava para um muro de tijolos da casa ao lado e abaixo havia um beco vazio e escuro, mas não me importei em pôr a cabeça para fora e ouvir o barulho incessante da cidade, Nova York é sempre viva e pulsante, contagia até as almas mais serenas.
O celular vibrou no criado-mudo, voei até ele e haviam dezenas de mensagens de Jasmine, Brian e Oliver. Aproveitei o momento para contar as novidades.
Jasmine: Um emprego? Onde?
Eu: Em uma biblioteca, Book's Machine.
Brian: Brad não me falou sobre isso.
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O lugar que nunca dorme
DiversosAurora termina o segundo grau e se vê perdida quanto ao rumo de sua vida. Morando em Lexington com a família e cansada de lidar com os problemas de sua mãe ela decide ir para a casa de seus tios em Nova York. Lá conhece Dean, que muda sua visão sobr...