Hawkins não é aquele tipo de cidade única, é parada e quieta e cheia de pessoas que vivem uma vida simples, Diana Hartley sabia bem; tinha velhos chatos, adolescentes irritantes e crianças que a faziam precisar de muita paciência, mas não era como s...
Quando voltaram para o carro, Jonathan não ligou o motor imediatamente, as mãos dele agarradas no volante, perdido em pensamentos profundos e o silêncio instalado entre eles. Diana considerava as milhões de coisas que poderia dizer naquele momento, mas nenhuma delas parecia ser a correta, nenhuma delas faria com que voltassem para a noite em que Will desapareceu – e, oh, como Diana desejava ser capaz de fazer isso, apenas para não ser covarde e insistir um pouco mais, para dizer para aquela criança ficar quieta e que só a deixasse acompanhá-lo –.
Ele afrouxou o aperto, encostando as costas no banco e soltando um suspiro audível, Diana esperou, sabendo que Jonathan iria começar a falar a qualquer instante. Grande parte estava se preparando para um ataque através de palavras, porque, bem, não negaria que o esperado das conversas deles envolvia os dois trocando ofensas.
E mesmo que estivessem começando lentamente a se entender, não era como se tudo fosse ficar fácil de forma repentina, estavam nessa há apenas dois dias e Diana não tinha muita esperança com tudo se resolvendo de uma hora pra outra.
— Eu não te acho culpada.
A voz de Jonathan interrompeu os pensamentos dela, a garota desviou o olhar da janela e encarou o outro, os dedos dele batiam sem ritmo no volante, ansioso.
— O quê?
— Eu não te acho culpada — Jonathan repetiu, mais alto, e respirou fundo antes de também olhar para Diana, os dois se encarando em silêncio — E também não te achava culpada antes.
Diana franziu o cenho, sua mente com dificuldade para conseguir compreender.
— Então…
— Você estava parada na minha frente, pedindo desculpas, parecendo tão miserável quanto eu me sentia e- — ele gesticulou tentando se expressar de alguma forma, mas logo descansou a mão no volante novamente — Foi mais fácil falar aquelas palavras, fingir que tudo poderia se resumir a "babá que não fez o trabalho dela", do que simplesmente me afundar na auto-culpa.