Capítulo 2

689 62 10
                                    

Eu andava vagarosamente pelos corredores da minha escola, as pessoas ficaram muito tempo me encarando, eu me senti um pouco desconfortável eu confesso, mas eu sabia que logo ninguém mais se importaria com a minha mudança, pois eu iria tornar algo habitual.

Não vou mentir que não demorou muito para eu gostar de ter os olhos das pessoas em mim, as pessoas já não me olhavam mais como se estivessem me julgando e sim admirando algo. Isso soou um pouco egocêntrico. 

Eu estava tão perdida em meus pensamentos que eu esqueci que outras pessoas andavam em minha frente, e acabei por esbarrar em alguém. Ele não usava uniforme,  o cabelo era desarrumado que cobria sua testa e tinha a maior parte de seus braços tatuados. Mais conhecido como "encrenqueiro", porém era só mais um garoto com estilo alternativo.

–Me desculpe, eu não prestei atenção por onde andava. - Falei um pouco sem jeito.

–Não se preocupe, eu também não estava olhando pra frente. -Disse ele em um tom calmo.

Rimos juntos.

–Prazer me chamo Oliver, você é nova aqui? - Pediu ele.

–Sou Ramona, prazer. E bem não, eu não sou nova na escola, é só apenas uma historia bem complicada. - Respondi ainda um pouco sem jeito.

– Na hora da saída você vai sozinha pra casa? - Perguntou ele.

–Vou, é umas 4 esquinas daqui. - Falei.

  – Se você quiser eu posso te acompanhar até sua casa, você me parece alguém bem legal e eu gostaria de lhe conhecer melhor... - Disse o mesmo em quanto nós andávamos em direção a porta da minha sala. 

-Pode ser, bom minha aula vai começar agora, no final da aula nos encontramos. - Me despedi dele quando chegamos.

–Até!

Ele se dirigiu para a porta de entrada da escola em quanto eu me acomodava em minha classe. Olha essa é a primeira pessoa que falo direito durante anos, até que não está sendo tão ruim essa mudança repentina. Tenho que pensar como irei fazer para conseguir boas roupas alternativas sem que minha mãe desconfie. Pretendo queimar todos aqueles vestidos cor-de-rosa, não que seja uma cor ruim, mas quero me desprender de tudo que remeta ao meu passado. Assim minha aula começou.

Depois de muitos e muitos períodos de aulas, cansativas e que provavelmente não iriam adicionar nada em minha vida além de uma grande dor de cabeça, minha ultima aula chegou. Para a felicidade da nação o professor havia faltado, então nós seriamos liberados mais cedo. Em quanto eu guardava meu material resolvi dar uma espiada na janela que ficava logo ao lado da minha classe, queria ver como estava o movimento das pessoas no pátio da escola.

Para minha surpresa Oliver estava lá, ele e mais dois garotos que também possuíam muitas tatuagens. Provavelmente os amigos mais chegados dele. Após terminar de guardar todo o meu material, fui até meu armário deixar uns livros. Já com a minha mochila nas costas eu sai correndo a tempo de encontrar Oliver e seus amigos no mesmo lugar em que eu os tinha visto. Para minha sorte os três ainda estavam por lá, Oliver me esperava sorrindo e os amigos dele estavam sentados num banco conversando, nem se deram por conta que eu me aproximava.

  – Achei que não iria me encontrar aqui fora, cheguei até a pensar que você tinha ido embora sem me esperar. - Disse Oliver quando eu parei em seu lado deixando a mochila no chão.

  – Lógico que não, eu disse que iria e não vou queimar isso. - Respondi.

Os amigos de Oliver nos olhavam sem entender nada, então quando ele percebeu que seus amigos estavam perdidos na conversa ele resolveu nos apresentar. 

  – Ei caras, essa é a minha amiga Ramona... 

–Prazer eu sou Andy, e esse é o Ronnie. - Falou o garoto meio loiro de olhos azuis e cabelo raspado. Foi bem educado, eu realmente não esperava por isso.

–Olá. -Disse Ronnie, ele parece ser mais quieto que Oliver. Tinha o cabelo comprido até o ombro e pintado de preto, também estava usando lápis nos olhos, que se pararmos para analisar, não é tão normal ver os garotos usando.

Os garotos foram muito legais comigo, eu nunca esperava ter mais facilidade para conversar com eles do que com garotas. Nós ficamos conversando um bom tempo, eu contei para eles o por que eles nunca haviam me visto antes pelos corredores da escola, falei sobre meus objetivos de vida, eles também contaram bastante de si mesmos. 

E assim a hora foi passando e logo eu tinha que botar novamente meu moletom e prender meu cabelo para voltar para casa sem ser pega pela minha mãe, Oliver realmente me acompanhou até a porta.

They Don't Need To Understand [Reescrevendo] Onde histórias criam vida. Descubra agora