Capítulo 01: Casamento arranjado

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Fito meu reflexo no espelho com angústia se espalhando em meu coração, o dia acaba de nascer e com isso virá aquilo que tanto tentei evitar, fecho meus olhos e inclino meu corpo sob a cômoda onde está a bacia com água, começo a lavar o meu rosto enquanto tento imaginar como Henrique irá reagir a notícia de que meus pais pretendem me obrigar a casar com Faustos, o recém chegado e supostamente proprietário da fazenda de gado mais rica da região á Norte de Ardam. Sou Anastácia Camargo, tenho quase vinte anos de idade, pele cor de pêssego, olhos azuis, cabelo castanho escuro ondulado, 1,15 de altura na estatura mesomorfo com curvas perfeitamente desenhadas e rosto oval; no momento estou toda descabelada e sinto um gosto terrível em minha boca, sacudo minha cabeça só de imaginar a confusão que o dia de hoje será, começo a preparar o produto para limpar meus dentes e me livrar desse gosto horrível.
Alguns minutos se passam e finalmente saio dos meus aposentos, estou exausta de tantas notícias ruins, como se não bastasse aquela abominação pavorosa atacando nossa cidade agora tenho que lidar com Faustos e seu machismo idiota, o homem não passa de um safado mulherengo que claramente só está interessado em fornicar comigo e usufruir das terras de meu pai, mas, o que poderei fazer sendo somente uma donzela!? Atravesso o longo e luxuoso corredor da casa onde resido com minha família, o chão de madeira envernizada produz um som satisfatório conforme caminho sob o mesmo com meus tamancos de salto médio, as janelas estão com as cortinas abertas e a luz do sol penetra nosso lar com fúria ao iluminar tudo, as janelas ficam do lado esquerdo do corredor cujas paredes se exibem cobertas por uma tinta de cor similar ao rosa e ao abóbora levemente descolorido, digo, não é um tom forte de coloração e para ser honesta é melhor assim, a partir das dez da manhã o calor aqui em Ardam fica insuportável, o que já é de se esperar pois esse é o velho Oeste.
Estou trajando um longo vestido vermelho com detalhes e babados pretos, em minha mão esquerda há um leque com a mesma coloração que minha veste, meu cabelo está amarrado acima da minha cabeça em um penteado formal, para minha infelicidade consigo sentir o cheiro do perfume barato de Faustos mesmo estando á uma distância considerável da sala de refeições, contínuo andando enquanto penso em como irei resolver minha vida, não posso me casar com o crápula e não poderei ficar nessa casa se escolher estar com Henrique, mesmo que não me restem dúvidas de que o meu coração pertence ao Henry não posso simplesmente jogar tal fardo nas costas do mesmo, tenho que conquistar minha independência por conta própria, estou cansada de homens idiotas decidindo minha vida por mim. Quase cinco minutos de caminhada se passam e finalmente chego á sala de refeições, vislumbro meu pai e o babaca do Faustos Igorio sentados ao redor da mesa enquanto conversam entre si e se deliciam com o maravilhoso café da manhã sob a mesma, em poucos instantes os olhares se voltam a mim e me fazem ficar irritada, não é como se papai não soubesse do Henry, ele simplesmente acha que o homem certo para mim é aquele que tenha dinheiro em abundância.

- Bom dia Anastácia. - Diz o embuste ao se levantar e pegar minha mão para poder beijá-la, reviro meus olhos no momento em que Faustos se curva e toca minha mão nua com seus lábios nojentos e carregados de mentiras.

- Bom dia senhor Igorio. - Retruco ao puxar minha mão com educação e impaciência, volto meus orbes para meu Papi e sorrio maliciosa, o velho bufa em meio a minha provocação, Faustos me acompanha até a mesa e puxa uma cadeira para mim, me sento e começo a preparar um prato para mim.

- Anastácia, acho que vocês dois deviam tirar o dia para se conhecerem melhor, está uma bela manhã para cavalgar, o que me diz?! - Diz o meu pai enquanto mantenho meu olhar focado na fatia de bolo de milho que estou trazendo até o meu prato, o cheiro do café quente e do suco de laranja invadem meu nariz e fazem meu estômago dar sinal de vida.

- Lamento, tenho um compromisso inadiável que irá consumir todo o meu dia! - Retruco ao me posicionar de forma autoritária, o homem ao meu lado se remexe inquieto em sua cadeira, consigo sentir o desconforto emanar de sua existência miserável, quase sinto pena do mesmo. Faustos é um homem que aparenta ter por volta de trinta anos de idade, sempre usa barba e bigode grossos perfeitamente desenhados, possui cabelo preto liso no clássico topete masculino, olhos castanhos, 1,70 de altura na estatura endomorfo com músculos notáveis, rosto quadrado com traços bonitos e atraentes. Meu pai é um velho fazendeiro com aparência de quase cinquenta e nove anos, cabelos e barba grisalhos, 1,75 de altura na estatura endomorfo, olhos azuis e rosto triangular invertido.

Ardam - Livro N° 1 na série "Oeste Sangrento" - (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora