- Ficou sabendo das notícias? - Questiona um dos funcionários da fazenda do senhor Dantas ao se dirigir a Henrique que está cuidando das ferraduras de um dos cavalos de seu patrão, o moreno para o que está fazendo e ergue sua cabeça na direção de seu colega de trabalho, ainda sentado em um toco de madeira seca, Henrique suspira cansado enquanto reune coragem para perguntar sobre o que seu cologa está se referindo.
- Sobre o que exatamente? - Retruca ao questionar a pergunta ampla de homem de pele caucasiana em sua frente, o soldas sete da manhã brilha calmo no céu azul, nuvens enfeitam a imensidão azul e alguns pássaros passeiam com a brisa. O homem em frente a Henrique está trajando uma camisa branca de linho com mangas longas, uma calça marrom escuro de couro, um par de botas de couro na cor preta e um chapéu montana na cor branco.
- O senhor Camargo e seus homens estão se reunindo para saírem em caçada á fera. Dizem que o bicho matou muitos dos funcionários do senhor Camargo só ontem a noite. - Retruca ao finalmente revelar o que tanto queria dizer, Henrique engole em seco ao perceber que tais notícias possivelmente estão causando ainda mais pesar no coração de sua amada, alguns momentos de silêncio se estendem entre ambos os rapazes, Henrique entreolha o nada, o cavalo relincha inquieto, o moreno se levanta ao voltar seus orbes para o caucasiano a sua frente.
- Acha que o senhor Dantas sabe disso? - Questiona ao finalmente quaebrar o silêncio entre ambos.
- De certo que sim, porquê?
- Queria saber se ele vai contribuir para a caçada já que estamos todos sendo afetados pelos ataques da besta.
- Está pensando em ir até lá mais uma vez!? Você é louco! - Diz ao revelar o quão assustado esteve da última vez que foi obrigado a marchar em busca do monstro.
- Sim! Pode descobrir isso pra mim? - Retruca Henrique ao apoiar uma de suas mãos sob o pescoço do cavalo ao seu lado. O caucasiano assente positivo com um gesto de cabeça e saí do local sem dizer mais nada, Henrique continua de pé ao estar com o cavalo dentro do curral de cerca á céu aberto.
***
Anastácia e Faustos caminham pela rua de terra em frente a casa da família Camargo enquanto conversam sobre assuntos de cunho financeiro. Anastácia está usando um longo vestido de renda na cor azul claro, seu cabelo ondulado está amarrado em lindo penteado para trás; Faustos está trajando um conjunto elegante de terno na cor cinza, em sua cabeça há um chapéu montana que acompanha a coloração de suas vestes ao formar o conjunto perfeito.
- Sei que começamos com o pé errado, mas garanto que se me der uma oportunidade posso lhe surpreender com minhas capacidades. - Diz Faustos com sua voz grave soando aveludada, o casal improvável está caminhando á passos lentos ao estarem lado a lado, Anastácia volta sua atenção para o cavalheiro e sorri gentilmente sem mostrar seus dentes.
- Mas é claro, senhor Igorio! - Retruca com toda polpa e elegância, o som das vozes das pessoas que vão passando ao redor de ambos começa a aumentar conforme se aproximam da feira livre onde a maior parte das pessoas se encontra.
- Fico feliz que concorda. - Começa ao retrucar as palavras de sua companhia, um trio de mulheres com aparência madura e recatada passa ao lado do casal. - Me diga, seu coração ficaria menos aflito se eu acompanhar vosso pai na caçada á besta? - Completa ao se colocar na posição de candidato tanto á caçada quanto á mão de Anastácia, a mesma sente uma vontade imensa de retrucar dizendo não ser um troféu para ser conquistado, mas, respira fundo e não o faz; a moça fica em silêncio por um tempo ao manter sua atenção voltada para a mesma direção onde Igorio está, mais alguns segundos de silêncio se seguem, Faustos emana desconforto de sua postura fingida.
- De certo que sim senhor Igorio. - Diz ao finalmente quebrar o clima tenso que se levantará entre ambos, Faustos sorri para a moça um segundo antes de os dois pararem de andar e se posicionarem em frente a uma barraca com comidas típicas das terras longínquas do México.
***
Thomas adentra o mesmo estabelecimento no fim da esquina do bordel, o rapaz está de mãos vazias e coração acelerado, hoje não haverá escapatória e o jovem terá de se submeter aos desejos pervertidos de Olegário e seus homens. O caucasiano de cabelos loiros pisca ao fechar a porta atrás de si, o cômodo está iluminado por velas em candelabros espelhados por cima dos móveis rústicos, alguns homens morenos e caucasianos com aparências que oscilam entre quarenta e quase cinquenta anos de idade estão sentados em caideiras ao redor das mesas enquanto bebem cerveja quente em silêncio, parecem não estarem notanfo a presença do garoto nervoso, o pulso de Thomas vai a mil quando Olegário surge em uma das portas á esquerda, caminhando até o rapaz com seu corpo balançando de forma máscula e viril, Thomas engole em seco.
- Sem pacotes dessa vez!? - Diz com sua voz grave intimidando o rapaz, o mesmo balança a cabeça em confirmação sem dizer uma palavra se quer. - Tsc... - Balbucia ao dar a entender o óbvio, Thomas percebe então que todos os homens presentes no local não estão ali por caisa da cerveja e do ambiente, estão esperando ansioso para enfiarem suas rôlas na bunda do pobre rapaz que já não suporta mais ser molestado para sobreviver. - Sabe, estamos com um problema em comum, se você conseguir reunir um grupo de caçada para matar a besta que assola essa cidade, não vai precisar entrar na vara hoje! - Completa ao propor uma alternativa, os homens sentados nas mesas voltam suas atenções para os rapazes de pé no centro do cômodo e começam a garagalhar grave, suas barbas e bigodes grosos se destacam em meio a ironia de que se o rapaz aceitar tal missão poderá sofrer algo pior que trepar com tantos machos.
- I-isso é sério? - Indaga sem desviar o olhar tímido do chão de madeira.
- Sim! - Começa ao pegar com força no ombro de Thomas e guia-lo até o balcão da taverna interna do local, alguns segundos de silêncio se passam e os rapazes se sentam nos bancos ao redor do balcão. - Todas essas mortes estão sendo péssimas para os negócios, então, mate a besta e se você sobreviver te dou um emprego de verdade aqui no bar. - Completa ao fazer com que Thomas sorria animado, depois de tantos anos o garoto órfão e sem casa finalmente soube o que é sentir esperança, por um breve momento sua mente até se esqueceu do fato de que matar o monstro será quase impossível, Olegário sorri e pede uma caneca de cerveja ao garçom.
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Ardam - Livro N° 1 na série "Oeste Sangrento" - (Em Revisão)
VampireAo Oeste do mundo existe uma pacata cidade onde seus habitantes á muito vem sendo aterrorizados por uma horrenda e pavorosa criatura da noite. Henrique luta contra a sociedade para obter a mão de sua amada em casamento, um dilema é lançado quando F...