Capítulo 02: Pesadelo

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Por Henrique.

O som dos cascos dos cavalos trotando no chão de terra seca ao levantarem poeira adentra meus ouvidos de forma satisfatória, o sol está se pondo aos poucos, o céu avermelhado está tão lindo quanto as curvas de Anastácia naquele vestido mais cedo, embora isso não faça sentido acaba que me encanta bastante. Preocupação invade minha mente, a imagem do olhar triste e desesperado da minha amada quando me contou sobre as pretensões de seus pais me cortam o coração, só agora percebo o quão difícil é ter nascido mulher, nunca que eu consideraria isso um erro, jamais, só acho que minha querida mulher deve estar sobrecarregada com tantos infortúnios; de ambos os lados do meu cavalo estão os dois funcionários principais da fazenda do senhor Dantas, á nossa frente vai o mesmo e seu filho, cada um em um cavalo separado, rodamos o dia todo no maldito deserto enquanto buscávamos pela besta que tanto aterroriza á todos nós. Uma vez ouvi dizer que tal fera anda sob quatro patas e se parece com a mistura de um lobo e um homem, existem algumas lendas que circulam por Ardam sobre criaturas chamadas de lobisomens, mas a descrição e o modo de agir é totalmente diferente da besta que caçamos o dia todo. Vislumbro meus antebraços expostos e admiro as veias salientes nos mesmos, em poucos instantes adentramos o território da fazenda de Bartolomeu Dantas, lanternas marroquinas com velas acessas em seus interiores se exibem sob troncos de madeira fincados em ambos os lados da entrada da fazenda. Após colocar os cavalos em seus devidos lugares pretendo voltar para casa e dormir bastante, isso se minha dama não decidir escapar de seus pais para me fazer companhia, de qualquer modo não creio que terei forças para dar conta do recado.

Uma hora depois de arrumar e acomodar as montarias do senhor Dantas no estábulo e também lhe acompanhar em um jantar caloroso e inesperado saio de sua propriedade caminhando lentamente, estou á beira da exaustão e sinceramente estou deveras grato ao patrão por ter me convidado á jantar em sua casa, na mesma mesa que o mesmo e sua família, os outros dois funcionários também se juntaram a nós; o senhor Dantas é um dos poucos fazendeiros nessa região que possuí humildade e trata seus funcionários como gente de verdade, os demais nós veem como se fossemos lixo.

1 hora depois....

Contínuo caminhando pela estrada de terra ao rodear a entrada da cidade e me direcionar á esquerda da mesma, a noite está mais escura que o normal, o lado bom é que as milhares de estrelas na imensidão acima de mim se exibem gloriosas, meus pensamentos se focam nas moedas de prata que estou juntando para poder obter um cavalo, minha vida será bem mais fácil quando conseguir um, o percurso até a fazenda do senhor Dantas está acabando comigo. Minha querida Anastácia, o que faremos!? Não consigo nem me manter, como posso te ajudar!? Como posso te livrar dos canalhas que tanto querem te controlar!? Penso ao refletir sobre os problemas atuais, finalmente chego na varanda de madeira da minha pequena e humilde casa, a mesma é um retângulo na visão frontal e possuí aparência de quadrado na parte lateral, seu telhado se parece com um triângulo cuja cumeeira é levemente inclinada para cima; adentro a casa escura enquanto milhares de grilos cantam do lado de fora, usando o fósforo que estava em meu bolso acendo a pequena lareira do outro lado do cômodo, o local é rapidamente iluminado, agora é possível ver que se trata de apenas dois cômodos, o maior é onde estou e o mesmo é usado como sala de estar, cozinha e quarto. O outro cômodo fica atrás da casa e a porta para o mesmo fica próxima á minha cama de casal, o cômodo do outro lado de tal porta é o banheiro.
Suspiro cansado ao sentir o suor quente escorrer por minha pele morena, meus músculos estão doloridos e minha cabeça está pesada, graças ao senhor Dantas e para a minha sorte não vou mais precisar ter o trabalho de cozinhar. Removo toda a minha roupa e fico somente com uma calça de linho branco de tecido fino, acabo de me lembrar que preciso tomar banho e para isso tenho que pegar água no poço aqui em frente a casa, meu peitoral farto e meu abdômen musculoso se exibem sensuais, existem pelos no tronco do meu corpo que fazem minha aparência ficar ainda mais máscula.
Pego um balde de madeira e saio para fora no intuito de pegar a água, a brisa fria faz minha pele ficar arrepiada, trago comigo um lampião aceso para iluminar meu caminho, em poucos instantes me posiciono em frente ao poço de pedra e uso o balde amarrado sob o mesmo para retirar a água que irei precisar, o lampião que coloquei na borda grossa do poço ofusca minha visão do conteúdo dentro da água, caso haja algum. Poucas idas e vindas são o suficiente para preencher a banheira de madeira, trago o lampião e o balde, a noite fria me obriga a lacrar a casa, fico completamente pelado ao revelar minha linda bunda e meu dote que balança mole ao ser iluminado pelo fogo da lareira, sigo para o banheiro ao levar uma toalha branca comigo, me sento dentro da água morna enquanto aproveito o silêncio da noite, com sorte isso deve durar algumas horas até aquele demônio imundo aparecer e fazer uma trilha de cadáveres, só ontem o xerife e seus homens recolheram quase dez pessoas mutiladas e sem um pingo de sangue em suas veias, só de pensar que o maldito está mais interessado em fazer a droga da ferrovia ao invés de disponibilizar seus homens e armas para caçarmos a besta meu coração se enche de ódio, como é possível que as pessoas no comando de Ardam sejam tão indiferentes a vida de seus vizinhos e amigos!? Penso um segundo antes sentir minha verga crescer e endurecer até ficar com vinte e três centímetros de comprimento e quase quinze centímetros de circunferência, suspiro de excitação, minhas bolas começam a formigar e mesmo cansado começo a me masturbar enquanto admiro a "cabeça" grande e perfeita do meu membro, sorrio de lado ao pensar no quanto essa vara gostosa e dura faz minha mulher enlouquecer sempre que nos encontramos aqui em casa.


***

É dia, uma brisa fria e confortante sopra sob o local onde estou, aqui se parece com o vale que fica na região onde fui caçar com o ser Dantas, sinto um arrepio estranho percorrer minha espinha, nuvens em tons de azul escuro começam a engolir o sol, as folhas das árvores típicas dessa região balançam com a ventania que está começando a se formar. O alto barulho de tiros sendo disparados me assusta e faz com que eu vire o meu corpo em direção a origem do mesmo, arregalo meus olhos ao vislumbrar o corpo inerte da minha amada, seu maxilar está sujo com sangue e seu corpo está coberto por um vestido branco de tecido com espessura média; começo a correr em direção ao corpo de Anastácia, o mesmo está caído no chão coberto por grama rasteira, uma força invisível segura meu corpo, lágrimas escorrem por minha face, um rugido gutural surge atrás de mim, meu corpo gira e antes que eu possa pensar em qualquer coisa que seja vislumbro uma fera hedionda avançar em minha direção com sua boca aberta ao revelar suas presas afiadas e grandes, sinto minha carne ser rasgada enquanto minha mente tenta processar a aparência do monstro.

Acordo abruptamente ao remexer a água da banheira com tanto fervor que a mesma derrama no chão, minha respiração está ofegante e meu pulso está acelerado; o que tal pesadelo significa!? Seria isso um vislumbre do futuro!? Estaria minha amada em perigo!? Penso ao me questionar incessantemente, arfo de cansaço enquanto sinto meu peitoral farto descer e subir conforme respiro e tento me recuperar de tal experiência.
Alguns minutos depois saio da banheira ao enrolar a toalha ao redor da minha cintura, tateio os móveis e paredes até chegar na lareira que já se apagara e só então percebo os primeiros raios de sol surgindo através da janela á esquerda da minha cama; droga, preciso mudar essa janela de lugar! Penso ao constatar que se houvesse um ataque da besta em minha casa eu acabaria morto em meio ao sono, sacudo minha cabeça em meio a indignação pela noite mais rápida da minha vida, a pior parte é que se eu tentar tirar um cochilo vou acabar dormindo e perderei a hora de ir para a fazenda, bufo de indignação mais uma vez e então decido me arrumar e preparar algo para comer.
Não sei mais o que fazer para proteger quem amo, são tantos obstáculos, sou só um homem pobre que perdeu o último parente vivo há dois anos atrás, como posso conseguir lidar com tudo isso se mal consigo manter minha vida nessa cidade!? Penso ao começar a acender a lareira, sinto minha genitália balançar conforme fico de cócoras, sou retirado dos meus devaneios por um barulho estranho vindo da parte de fora da casa, me levanto abruptamente ao ouvir um grito feminino envolto em medo e pavor, sem pensar duas vezes saio da casa e dou de cara com Fred e Faustos segurando o corpo de minha amada entre seus braços, o céu está vermelho e milhares de morcegos voam por todo lado ao sobrevoarem minha casa. Antes que eu possa me mover vejo algo que me deixa completamente paralisado em meio as dúvidas, os dois homens diante de mim estão com seus olhos brilhando em vermelho, seus dentes estão afiados e veias se exibem salientes por seus rostos monstruosos, grito de pavor ao presumir que farão mal à Anastácia e quando finalmente consigo avançar na direção dos homens sou puxado por uma mão grande com unhas afiadas e longas, sou lançado dentro da lareira e sinto meu corpo inteiro arder em meio as chamas, grito de agonia e desespero.


***

- AAAH... - Grito desesperado e grave ao me mexer inquieto dentro da maldita banheira, está tudo escuro pois aparentemente o lampião se apagou, porém, consigo perceber a luz proveniente da lareira entrar por baixo da porta, encosto minha nuca na borda da banheira e suspiro cansado ao passar minha mão esquerda em meus cabelos; puta merda! Penso ao suspirar cansado e confuso.

Ardam - Livro N° 1 na série "Oeste Sangrento" - (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora