18

161 10 12
                                    

Nero

Segui para meu escritório sem me importar com a fila de homens que me seguiam chocados.

— Nero, eu sei que Marco não vai permitir que você faça uma loucura como essa. — Roberto disse, me seguindo. Ele segurava o lençol branco nas mãos.

Entrei na sala de reuniões e avistei Marco de pé ao lado do alemão. Ele era mais jovem do que eu esperava. Provavelmente da idade de Aquiles, que estava sentado rabiscando algo em um papel.

Apenas Roberto e Rico entraram. Os outros homens esperavam do lado de fora da porta.

Colunas se alongaram ao meu entrar, cabeças se abaixaram em respeito. Alguns me olharam com preocupação ou talvez até medo. Ontem eu cumpri um contrato. Me casei. Agora eu era um líder de verdade.

Ofereci a mão ao alemão e ele aceitou. Encarei seus olhos azuis com o máximo de frieza que consegui. Ele acenou com a cabeça, soltou minha mão e se afastou.

— O que é isso? — Marco perguntou, com um gaguejar inseguro, encarando o pano nas mãos de Roberto.

— A prova que sua filha é minha esposa. — Tentei soar confiante, mas parecia mais entediado. Me sentei na cadeira central e os outros me acompanharam.

Aquino entrou na sala, chamando a atenção do alemão que olhou para ele com desconfiança. Ele cumprimentou o visitante e tomou sua cadeira.

— Marco, você está na função de consigliere até Nero escolher um novo. Pode, por favor, colocar um mínimo de juízo na cabeça dele. — Roberto implorou, ainda de pé, segurando o lençol com o maior cuidado do mundo.

— O que houve? — Os olhos de Marco brilharam em preocupação. Provavelmente pensava que fiz algum mal à filha dele. Porém, foi o contrário.

— Ele quer que enviemos o lençol para os Rival.

Marco soprou em alívio e riu.

— Nero é um líder jovem. — Ele comentou, se virando para o alemão. — E assim como nós precisamos de mulheres para os nossos homens, os Rival também. Por isso assassinam as nossas. E mesmo que venha incitar fúria nos colombianos, acredito eu que é um bom começo para mostrar nossa aliança.

Ele estava me defendendo? 

Gostei.

— Bom, está decidido. — Disse Aquino com um olhar de orgulho em minha direção. — Envie essa porra o mais rápido possível.

Marco pigarreou.

— Desculpe, Marco, são partes biológicas da sua filha no lençol. — Ele fez uma careta culpada.

Revirei os olhos com divertimento. Aquino e seu senso de humor nas horas erradas. Aquiles era bem mais sério que ele.

— Voltando ao que importa. — Retomei a palavra. — Como se chama? — Perguntei ao alemão.

— Sou Elias, filho bastardo do Líder, que vocês chamam de Capo, Axel Hoffman. Não sei como funcionam as leis aqui, mas quando um homem tem um filho bastardo na máfia alemã ele é designado a servir seus irmãos. Axel não teve filhos homens em seu primeiro casamento, somente mulheres. Então, fui eleito o guardião de minhas irmãs. — Ele bateu a mão no peito e abaixou a cabeça, provavelmente algum gesto de respeito. — Meu pai confia muito em mim, por isso me enviou. Sou seu filho mais velho. Depois vem Evelyn, Martha, Heidi, Mia e a pequena Agnes. Como os Rival assassinaram sua primeira esposa, a qual eu considerava minha mãe também, ele se casou novamente e gerou Frank.

— E o que seu pai achou da minha proposta? — perguntei, me sentindo mal ao pensar em mais uma mulher morta. Os Rival são uns misóginos do caralho.

A filha do consigliereOnde histórias criam vida. Descubra agora