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Antonella

Acordei com uma terrível dor de cabeça. Acho que mal pisquei o olho a noite inteira.

Acariciei a cabeça de Lea e ela gemeu baixinho:

— Volte a dormir, Nella.

Ela estava certa, mas eu não conseguia não deixar minha mente me consumir com Nero e um bebê.

Me sentei na cama e bebi um pouco da água que tinha no criado. Passei a mão em minha barriga, ainda lisa, imaginando ela virar uma grande melancia.

Faz três dias que não voltei ao meu quarto. Lea e eu decidimos esperar a volta do nosso pai, para avisar que estamos voltando para o convento.

Talvez eu devesse passar um tempo longe dele. Esfriar a cabeça, pelo menos até ter certeza de que a um ser dentro de mim.

Aquiles entrou no quarto, que estava destrancado depois que ele deu certeza que Nero não voltaria a tentar me procurar.

— Antonella, gostaria de pegar algo em seu quarto? Nero saiu. O momento é agora.

— Gostaria de pegar mais roupas e meus livros.

— Ótimo — Lea resmungou, com o rosto enterrado no travesseiro. — Saiam e me deixem dormir.

Dei um sorriso que doeu minhas bochechas.

Segui Aquiles até o quarto. Eu ainda vestida na camisola de seda rosa.

Ele ficou na porta enquanto eu recolhia alguns pertences que me vinham à mente, mas nenhum dos meus livros estavam aqui.

— Aquiles, onde estão meus livros?

Ele apareceu, colocando a cabeça para dentro do cômodo.

— Eu não sei, olhou direito? — Acenei. — Então, não sei. Vou te trancar aqui, essas são as chaves reserva. — Ele jogou um chaveiro de arma para mim. — Recolha o que quiser e depois bata à porta. Vou dar uma olhada no escritório.

— E Nero?

— Duvido que volte por agora. Ele mandou todos os homens para a recepção da minha noiva.

— E por que você não foi?

Aquiles deu de ombros.

— Indo ou não, ainda vamos ter que casar.

Quando ele está saindo, digo:

— Não se preocupe, Aquiles, você aprenderá a gostar dela.

— Olha quem fala. — Ele sorri para mim. Os cabelos loiros suados, grudados na testa. Encarei ele por um tempo e percebi o quanto ele é bonito. Mesmo com o rosto mais jovem do que realmente é. Totalmente diferente do meu marido. — Só espero não brigar tanto, como você e Nero. — Ele riu, e saiu fechando a porta.

Respirei fundo e entrei no closet. Minhas roupas estavam espalhadas pelo chão, e me assustei com a desordem. Nero mexeu em minhas roupas?

Ignorei, peguei uma bolsa e recolhi o que achei ser necessário. Quando estava ajoelhada, fechando a bolsa, um barulho me deixou em alerta. A passagem secreta se abre e eu me preparo para correr, mas Nero saio de lá.

— Não fuja, por favor, meu tesouro. — Ele implorou. Seus olhos fundos e com olheiras. O rosto inchado, como se tivesse acabado de chorar.

Eu agarrei minha bolsa, mas ele não tentou se aproximar.

— Aquiles me disse que você tinha saído.

— Eu menti para ele. — Ele levantou a mão e revirou os olhos. — E para todos os meus homens.

A filha do consigliereOnde histórias criam vida. Descubra agora