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Antonella

Mandei preparar um jantar ao ar livre. Tomei meu título de esposa troféu e estou planejando como futura consigliere. A filha do Líder da máfia alemã chega essa noite. E como mulher do Capo é meu dever preparar as confraternizações.

Queria algo extremamente tradicional italiano para todos. A garota teria que se submeter a Aquiles e a bagagem que vinha com ele. Não será difícil, afinal os alemães são extremamente leais às suas promessas.

Essa aliança fluiu graças a minha inteligência. E talvez o pau de Nero, mas isso não vem ao caso.

Acabei rindo sozinha do meu pensamento repentino.

— Onde ficam as flores, senhora Marchiori? — Ouvi um sarcasmo na voz, e a reconheci instantaneamente. Rico estava atrás de mim, carregando uma caixa com vasos cheios de violetas.

Ele me encarou de cima a baixo. Usando um pijama de moletom que peguei de Nero. A barriga não estava aparecendo, mas logo ficaria fácil de descobrir que eu estava prenha como uma cabra.

— Nas mesas, por favor. — Não desfiz meu sorriso.

— O que era tão engraçado? Não percebe o quão desgraçada é sua vida? Você está fadada a viver abaixo de Nero e obedecendo a todas as suas malditas ordens. — Ele cuspiu, me deixando surpresa por sua audácia.

Não deixei de sorrir, era muito engraçado ver um subordinado falando de um líder. Ele não fazia ideia de quem eu realmente era.

— Não sou eu que pode ser assassinado pelo chefe a qualquer momento se sua doce esposa resolver abrir a boca. — Mantive meu sorriso, e ele piscou. Estava piscando, como se não acreditasse no que eu havia dito. Vou ter que implorar a Nero mais tarde para acabar com Rico com minhas próprias mãos. Talvez com algumas daquelas novas facas...

— Antonella! — Ouvi Aquino gritar, e saí do meu transe. — Estão chegando, acho que você deve ir se trocar.

O segui, ignorando o soldado boquiaberto ao meu lado. Precisava ter cuidado com Rico, ele não se mostrou confiável.

●●●

Depois de vestida e pronta. Esperei com Lea ao meu lado na entrada do jardim.

Arrumei a presilha do cabelo de minha irmã e ela perguntou:

— Onde está Nero? Não vi ele o dia todo. Preciso falar com ele. — Ela revirou os olhos.

— Sabe que ele está ocupado. Não o vi o dia todo depois que acordou. Aconteceu alguma coisa?

— Quero pedir para ele me deixar brincar com as outras crianças dos soldados amanhã, mesmo que Aquiles tenha que ficar vigiando.

— Não precisa pedir.

— Claro que preciso, ele é meu responsável legal agora. Além do mais, não quero ver ele te trancar por eu ter feito merda. — Pisquei.

Toquei seu ombro e levantou seu rosto.

— Lea, aquilo nunca foi culpa sua. Nada do que está acontecendo é culpa sua. Entendeu? — Ela remexeu os lábios e acenou. — Mas isso me deu uma ideia. Vocês têm tido alguma aula?

— Tipo com professores e essas coisas?

— Sim. — Acabei rindo.

— Não. Eu não sei. Ninguém fala nada sobre estudar em casa. A maior parte dos filhos estão em uma escola particular para garotos.

— E as meninas?

— Ficam entediadas em seus quartos. — Lea mexe na barra de seu vestido com a confissão.

— Por que eu nunca fiquei sabendo disso? — Ela deu de ombros. Quando abriu a boca para responder, Nero parou ao meu lado tentando arrumar a gravata. — Deixe que eu resolva isso. — Pisquei para Lea e toquei o ombro do meu marido.

— Do que estavam conversando? Resolver o que, tesouro?

— Sobre seu problema em ser pontual. — Nero fez uma careta e Lea riu.

Aquiles parou ao nosso lado com o pai e no mesmo instante vi meu pai chegando. Ele saiu do carro e abriu a porta de trás. Uma bela garota loira saiu de dentro. Seu vestido verde reluzia com o jardim, e os sapatos dourados de glitter iluminavam junto com os refletores. Evelyn Hoffmann, princesa da máfia alemã, e noiva do Sottocapo da Costra Del Tesoro.

Eles caminharam em nossa direção. Tentei segurar Lea ao máximo, porém ela fugiu das minhas garras e voou para abraçar papai. Meu pai girou ela no ar e foi como voltar para meses atrás quando ainda vivíamos no convento.

— Marco ama vocês de verdade. — Sussurrou meu marido, colocando a cabeça em meu ombro. Sua mão escorregou pela minha barriga involuntariamente. Podia sentir a insegurança de Nero com o fato de que ele ia se tornar pai. Eu estive preparada para isso por anos, e tive um bom exemplo de família.

— Não se preocupe, você e a Lina serão assim. — Olhei para ele por cima do ombro e o deixei me abraçar pela cintura, encostando meu corpo ao dele.

— Não sabemos se será uma menina. — Ele riu. — E você já quer mandar no nome dela.

— Isso mesmo, dela. É uma menina, eu sinto. — Ele expôs o sorriso para mim e me beijou.

A filha do consigliereOnde histórias criam vida. Descubra agora