capítulo 1: o fruto proibido

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Quando estamos a beira da morte, procuramos olhar para aquilo que mais amamos para dar-nos suporte, para que este emane forças o suficiente para que possamos fazer a travessia

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Quando estamos a beira da morte, procuramos olhar para aquilo que mais amamos para dar-nos suporte, para que este emane forças o suficiente para que possamos fazer a travessia. Isto é o que Kesabel diz, e ela deve mesmo saber, levando em consideração as muitas vezes que já estivera morta.

Lilith não saberia fazer uma conta exata, as mortes de sua irmã eram incalculáveis, enquanto ela brincava de deus sob o solo firme onde perambulavam os homens. Inúteis criaturas que vieram de uma sórdida linhagem de incestos. A mulher se deleitava com os registros históricos ocultados dos pobres humanos que vagavam na terra, aqueles que buscavam respostas comidas pelo tempo e recontadas de maneira engraçada em mãos de tiranos.

Ela conseguia imaginar a insatisfação do altíssimo ao observar as pobre almas que acreditavam em fantasias de cunho doloso recontadas em uma rede sem fio á milhares de anos.

Quanto a Kesabel e sua teoria sobre a ponte entre o amor e a morte, a mulher de intensos olhos verdes acreditava que alguns pontos eram verdadeiros, por mais que tenha tido uma experiência ruim sobre o assunto.

Suas lembranças sobre a morte eram mais sombrias dos que a do Anjo Caído que residia ao seu lado durante o milênio, satisfazendo suas necessidades mais ínfimas. Quando fechava os olhos, Lilith conseguia sentir a sensação do fogo incendiando-a enquanto tinha sua queda ao inferno. Em sua memória, a última coisa que conseguia visualizar era a face de Eva vendo-a cair em direção ao esquecimento, seus olhos castanhos borbulhando em terror sob a ira de Deus.

Enquanto visualizava seu passado, um pressentimento crescia em seu peito.

Mas, antes de narrar sobre tal pressentimento, tenho uma história a contar. Uma lembrança. Algo que deve ser contado aos pobres humanos que não conhecem a verdade, aqueles que pregam sobre algo que não entendem.

Tudo começou com uma mulher.

Do barro, nasceu Lilith, a primeira mulher do mundo. Não resumida a apenas mulher de Adão, ela é mais que isso. Responsável por descobrir sobre poder apenas em via do pressentimento.

Sentada sob uma pedra, ela observava as flores vigorosas que crescia sobre a grama verde, enquanto penteava seus longos cabelos negros. Uma sombra pairava sobre as árvores gigantes e lhe trazia um cheiro característico da natureza ao seu redor. A paisagem era a mais bonita que se podia ter do Jardim.

Lilith ouviu alguns galhos se partir atrás de si, virando-se lentamente para observar Adão se aproximar, guiando-se para sentar-se ao seu lado. Ele sorriu, fazendo-a lhe devolver um olhar tranquilo. Apesar de todas as dúvidas em sua cabeça sobre si mesma, ela não poderia deixar de trata-lo de maneira formidável, Adão era um bom homem.

— Não precisas temer, isso é para nosso Pai. —Adão falou pela primeira vez, enquanto encarava suas íris profundas. Lilith suspirou, deixando seu olhar cair sobre as flores.

 O Coração da Serpente [CAMREN]Onde histórias criam vida. Descubra agora