capitulo 3: soberana infernal

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A Dama Negra levou o cálice dourado aos lábios, se deleitando da bebida agridoce que descia queimando por sua garganta, enquanto encarava a besta de três olhos sentada a sua frente

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A Dama Negra levou o cálice dourado aos lábios, se deleitando da bebida agridoce que descia queimando por sua garganta, enquanto encarava a besta de três olhos sentada a sua frente.

Sua postura despreocupada causava curiosidade no anjo caído, que usava sua forma demoníaca como maneira de causar aflição em quem o visse. Ele gostava da sensação de ser temido, de poder violar sem ser violado. Gostava de ouvir o ruído das criaturas engolindo em seco quando tinham a honra de estar em sua presença. Para ele, o medo era uma fraqueza irreparável, que o tornava invencível!

O mesmo havia imergido das águas assim que Kesabel o convocou, andando sob as nascentes lamacentas e sob os corpos dos humanos imersos em agonia e horror a beira do rio, curioso sobre o que a rainha do sétimo reino tinha a lhe dizer. Ao não abandonar a face monstruosa, deixou todo o exército da mulher em alerta, esperando por um ataque nada formidável. No entanto, o que veio foi apenas um sorriso cheio de dentes pontiagudos e um humor ácido na ponta da língua bifurcada.

Ao desconsiderar toda a aparência incomum e horrenda, Lauren não tinha motivos para teme-lo. Leviatã era apenas um anjo caído, um ser excluído da hierarquia angelical, um fracasso, mais do que isso, um ser incompreendido. Um fato curioso é que a muito ela não temia nada mais do que o ódio que crescia em seu coração.

— Por que eu deveria tratar com você, humana banida? — Leviatã sorriu, os caninos grandes e afiados amostra, enquanto seus três grandes olhos a observavam em posições diferentes.

— Porque sou mais do que uma humana banida, caro irmão. — Ela silabou as palavras, como se fossem doces como o líquido que ingeria. — Não só banida, mais amaldiçoado, como você. — A Dama Negra sorriu maleficamente, deixando o grande cálice sobre a mesa repleta de frutas nascentes do rio Estige, tão feias quanto o solo podre do inferno. — Uma ovelha negra, como diria nosso pastorzinho Jesus. — A dos olhos verdes debochou, sabendo que aquilo divertia Leviatã.  — Uma rainha!

— E o que me garante que ao passar pelas minhas águas, não esquecerá de nosso tratado?

— Porque quando Caim matou Abel, foi eu quem acobertei Gadrel no momento em que ele interferiu na ordem da Terra. Eu estingui demônios que tentaram aprisionar Lúcifer mesmo quando já havíamos declarado estarmos em lados opostos. Eu fiz minha lei no Vale do Flegetante e ganhei uma guerra em torno do Sétimo Círculo — A Dama Negra tomou fôlego, não deixando de encarar ferozmente a besta de três olhos que lhe considerava tão inferior quanto todos os humanos que estavam presos no limbo, pagando por seus pecados.  — Minha palavra, as vezes venenosa e infrutífera, vale mais do que a palavra de todos os anjos que caíram com Lúcifer. Minha palavra é lei, caro irmão!

— Está me fazendo uma promessa que terá coragem de cumprir, Dama Negra? — Ele pronunciou com escárnio, a voz igualmente performada como a do monstro que era.

— Uma promessa que pagarei com o meu sangue e os dos meus, caso não seja cumprida. — O veneno escorria de suas palavras, porém Leviatã pareceu acreditar nelas.

 O Coração da Serpente [CAMREN]Onde histórias criam vida. Descubra agora