A fuga

22 4 4
                                    

  Eu precisava fugir daquele lugar, eu me levantei e observei minuciosamente cada canto do quarto, percebi que haviam apenas duas saídas, a ventilação e a porta, pensei que apenas sair não seria o suficiente, eu necessitava de um meio de defesa e meu único meio seria usar meus poderes.

  Sair pela ventilação era arriscado poís eu não conhecia o lugar onde eu estava, me aproximei da porta e notei que havia uma trava eletrônica, procurei algo útil que eu pudesse usar para quebrar a trava e avistei um vaso de plantas do outro lado do quarto, ele era grande de mais para carregar, mas era a minha única opção disponível naquele momento.

  Encarei o vaso de plantas e me concentrei, eu podia movê-la se eu me esforçasse, me concentrei na matéria biológica que compunha o vaso, se eu conseguisse magnetizar as partículas da minha eletricidade com a matéria eu poderia arremessar contra a porta.

  "Concentre-se Five, Você pode fazer isso, basta se concentrar" era o que meu pai me dizia durante os treinamentos.

- Eu posso fazer isso- o vaso começou a levitar - Eu consigo!- me concentrei mais e levei o vaso até uma altura elevada, me afastei da porta e mantive o vaso alto.

  Mirei na porta e lancei o vaso com toda a força que eu podia assim lançando a porta longe.

-  Uau, esse vaso de plantas é mais resistente do que parece, conseguiu até arrombar uma porta enorme.

  Atravessei a porta e comecei a correr pelos corredores, enquanto corria pelos corredores eu trombei com alguns cientistas, eles só me olharam enquanto eu voltava a correr.

- Isso foi estranho- eu disse enquanto corria. Eles não deveriam ter vindo atrás de mim ou algo assim?

  Continuei correndo até um local que não tinha porta, dava pra ver um grande salão do outro lado, a saída deveria estar lá. Atravessei até o salão, o lugar era gigante e estava cheio de cientistas passando por lá, a estrutura era feita de vidro e seu formato era semelhante ao de um globo de neve. Papai havia me trazido um no meu aniversário de oito anos. Era um dos meus presentes favoritos.

  Avistei uma porta que dava para fora e corri em direção a ela. Alguns robôs apareceram e vieram rapidamente em minha direção, eram robôs seguranças, eu estava a meio caminho da porta quando fui cercada.

- Renda-se, você não tem para onde fugir- alguns cientistas haviam parado para observar.

  Eu precisava fugir, precisava pensar, então eu tive uma ideia. Isso seria mais fácil do que levantar aquele vaso, eu ergui minhas mãos em gesto de rendição.

- Boa escolha- disse um dos robôs.

  Eu soltei uma risadinha enquanto sorria maliciosamente.

- Acha mesmo que eu me renderia tão facilmente?- eu disse erguendo uma sombrancelha.

- Mesmo que não fosse fácil você não tem pra onde fugir-disse o robô.

- Na verdade, não tem como saber se eu não tentar, né? Afinal, vocês é que não tem pra onde correr- liberei uma onda elétrica que derrubou os robôs, as pessoas que observavam pareciam espantadas, passei por cima dos robôs e continuei correndo até a saída.

  Ao sair corri até parar a centímetros da borda de um rio, olhei para os lados e vi mais guardas vindo em minha direção, eu não sabia nadar e iria ser cercada novamente. Eu tinha duas opções, me jogar no rio e me afogar ou ser pega pelo robôs, e nenhuma das duas me parecia boa.

  Qual opção eu iria escolher? Precisava pensar o mais rápido o possível. O que papai me diria nessa situação? Tentei pensar em algo que ele me diria, mas, não consegui pensar em nada, os robôs se aproximavam cada vez mais, por um impulso prendi a respiração e me joguei na água afundando a cada segundo, tava decidido eu iria aprender a nadar na marra.

  Impulsionei meu corpo para frente assim tentando nadar, eu estava conseguindo, fui me impulsionando pra frente pelo máximo de tempo que consegui, quando não aguentava mais tentei me impulsionar pra cima, eu acabei soltando uma parte do ar que eu tinha comigo enquanto tentava subir, eu já não estava conseguindo mais segurar o ar e subir, meu corpo acabou soltando todo o ar e me afoguei.

  Meu corpo afundava e meus olhos se fechavam quando vi alguém pulando na água e nadando em minha direção, era um garoto, ele me segurou e me levou de volta a superfície.

  Comecei a tossir expelindo toda a água de dento da minha garganta.

- Você está bem?! - eu me virei para olhar o rosto do garoto, ele tinha cabelos e olhos azuis, ele me parecia espantado.

- Você parece um cachorro assustado desse jeito- eu disse encarando-o .

- Eu não pareço não!

- Realmente. Parece pior- eu disse me levantando e puxando uma mecha do meu cabelo para trás.

- Ei! Você poderia pelo menos ser grata, afinal, eu acabei de te salvar!

- Ah, claro, obrigada. - eu disse começando a andar.

- Ei, Aonde pensa que vai!

- Pra casa.

- Onde é sua casa?- ele levantou e começou a me seguir.

- Longe.

-Longe?

- Você é burro ou o quê?- eu disse irritada.

- Eu não sou burro! Sou um dos mais inteligentes da turma!- ele disse com confiança.

- Ai Garoto, me diz uma coisa, em que ano estamos?

- 2535.

-2535?! Isso é algum tipo de pegadinha?

- PARADOS AÍ! -Disse o doutor Yamada, ele estava rodeado de guardas.

- Papai! - disse o garoto, eu o encarei espantada, ele correu até o doutor que se abaixou para vê-lo.

- Riyuki você está bem?!

- Sim papai, eu estou bem, a menina de cabelo lilás estava se afogando, então eu pulei na água para ajudá-la- o doutor me encarou e os guardas me cercaram com armas apontadas para mim.

-Papai?- disse o garoto enquanto o doutor se levantava- o que o senhor vai fazer?

- O que é nescessário, volte para casa, depois eu irei te ver.

- Mas papai.- ele parecia decepcionado.

- Obedeça.

- Sim senhor- ele abaixou a cabeça e obedeceu.

  Ele caminhou em minha direção e disse:

- Já você, nós iremos resolver, na minha sala.

  Engoli em seco e o segui.

CalamityOnde histórias criam vida. Descubra agora