O trato

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  Os robôs faziam nossa escolta enquanto seguimos em direção a sala do doutor. Adentramos a sala e o doutor se sentou em sua cadeira, eu fiquei em pé junto aos guardas observando cada movimento do homem a minha frente, ele me encarou enquanto batia os dedos em sua mesa.

- E então? - ele disse enquanto me encarava

- E então o quê?- rebati

- Vai me contar a verdade ou vai esperar que eu a arranque de você?

- O que você ainda precisa saber?- eu disse com desdém

- Quero saber como você fez isso.

- Seja mais direto por favor. Não tenho paciência para aturar nenhum jogo de adivinhação.

- Cuidado com a língua garota.

- Cuide você da própria língua se não quiser perde-la.- se ele não tomasse cuidado eu iria arrancar a língua dele fora.

  Ele bufou e disse:

- Muito bem, diga me, como derrubou meus guardroids?- ele parecia irritado.

- Ah, então é assim que você chama essas latas velhas?- eu disse dando um sorriso debochado- Eles eram fracos de mais, então, foi fácil derrubar eles.

- Esses robôs são feitos da mais alta tecnologia, uma criança como você não poderia derruba-los, não desse jeito!- agora ele estava claramente irritado.

- Certo. Você quer mesmo saber?- ele me encarava irritado- então eu quero algo em troca.

- O que você quer?

- Quero fazer um trato.

- Que tipo de trato?

- Eu lhe ofereço minha cooperação e meus serviços e você me oferece abrigo e segurança- se eu não podia escapar eu precisaria sobreviver de algum meio- se você concordar com o trato eu te conto como derrubei seus guardas.

  Ele pensou um pouco em silêncio e disse:

- Muito bem. Eu aceito o trato- Ele apontou para a cadeira em sua frente e eu me sentei nela- agora conte-me.

- Tudo que me lembro é que eu morava no laboratório com meu pai, ele dizia que eu era especial por ser diferente de outras crianças, isso porquê eu posso controlar ondas eletromagnéticas.- sei que papai disse para eu não confiar em estranhos, mas se já haviam passado 500 anos, ele não estaria mais aqui para me repreender- Eu fui treinada para controlar meus poderes desde que me entendo por gente, eles costumavam examinar meu corpo e meu sangue para garantir que estava tudo bem, foi assim até o dia da explosão.

- Então você conseguiu derrubar meus guardroids com magia?!- eu afirmei com a cabeça

- Antes que me pergunte, não, eu não sei como ocorreu a explosão.- não era mentira, eu não me recordava daquele dia, pra mim era tudo um borrão na minha mente- Tudo que eu me lembro desse dia foi de ouvir uma sirene bem alta e depois eu acordei naquele casulo.

-Isso é tudo?- ele perguntou parecendo satisfeito.

- Sim. Isso é tudo.

  Obviamente não era tudo. Eu escondi a existência dos meus irmãos para caso eles estivessem vivos, eu poderia não vê-los nunca mais, mas pelo menos eu os manteria seguros.

  O doutor Yamada cumpriu a sua parte do trato e me proporcionou um quarto em uma ala especial do laboratório, ele também me ensinou sobre como estava o mundo atual, era bem diferente do que eu conhecia pelos livros da sala de jogos. Eu nunca havia saído do antigo laboratório antes, então era tudo novo pra mim, também descobri que existiam mais crianças que nasceram com magia e eu torcia para conhecê-las um dia.

            ------------.  ★★★  .------------

  O tempo se passava e cada vez mais me perguntava sobre algo que eu havia me lembrado. Eu estava na janela do meu quarto observando o por do sol quando me peguei dizendo:

- Quatro que merda você fez pra simplesmente sumir assim?- mesmo passando se 500 anos eu ainda me perguntava sobre ele.

  Eu nunca me esqueci do rosto dos meus irmãos quando eu perguntava sobre quatro, eles não me contaram nem quais eram os poderes de quatro, eles pareciam saber mais do que me contavam.

  Não me importava quanto tempo passasse eu acho que sempre me perguntaria sobre quatro. Eu fui até minha cama e peguei meus cadernos e lápis de cor, tentei mentalizar algo para desenhar mas não consegui pensar em nada, guardei os cadernos e os lápis na minha escrivaninha e voltei a me deitar na cama.

  Eu olhava fixamente para o teto enquanto criava histórias na minha própria mente até pegar no sono. Me virei fechando os olhos e dormi pelo resto da tarde.

CalamityOnde histórias criam vida. Descubra agora