Banquete

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Adentramos o salão de recepção através de uma escadaria de mármore rosa, com beiral coberto por trepadeiras floridas de diversas cores. O povo espalhado pelo salão, se voltou ao notar nossa presença e se aproximou. O rei subiu os últimos degraus e segurando minha mão, depois de um comprimento de cabeça, falou ao povo:

– Este banquete hoje, tem três finalidades: a primeira é comemorar nossa vitória contra meu sobrinho usurpador do reino. – Todos bateram palmas pela vitória.

– A segunda é apresentar-lhes a companheira de meu neto Giryon, a fada Jenneffér, ela também é uma lobinha ver arisca – todos riram moderadamente – irmã do conhecido Rei Pedro, que foi o responsável por encontrar meu neto. – novas palmas e vivas se fez.

– A segunda é que o enlace desse novo casal, será em uma semana e logo após, passarei a coroa a meu neto Giryon, que mostrou que será um bom monarca ao nos livrar do usurpador, ao qual não deve nunca mais ser nomeado.

Depois de muitas palmas e vivas, fomos finalmente para a sala do banquete, onde duas mesas muito extensas, estavam arrumadas com primor e elegância. A porcelana era pintada a mão com delicados desenhos florais, os talheres de prata reluziam e as taças de cristal refletiam o colorido das diversas velas nos castiçais, distribuídos pelas mesas e por todo salão.

Não aguentei e bati palmas dando gritinhos:

– Primoroso, primoroso! Está tudo muito lindo, parabéns aos servos, parabéns!

Foi um silêncio gelado que se seguiu, que paralisei, olhando para aquelas pessoas que pareciam bonecos de cera, ao invés de gente. Respirei fundo para me acalmar e soltando o braço de Giryon que me incentivou com um sorriso, fui até uma das mesas.

Pegando um dos pratos de porcelana, levantei-o e falei:

– Estes pratos foram pintados um a um, com uma tinta especial não tóxicas, por mãos de fadas e quem os toca recebe uma magia especial de bem estar – voltei o prato a mesa e ele brilhava, peguei uma taça e levantei alto deixando que ela refletisse a luz em seus moldes intrincados, formando desenhos nas paredes – se vocês não acham lindo esse trabalho, não são merecedores dele.

Olhei para todos, indo ao centro entre as duas mesas, tendo trocado a taça por uma faca que peguei com um guardanapo. 

– Agora a peça que parece a mais rica, os talheres de prata – segurando a faca pelo cabo envolto no guardanapo, ergui a faca e minha mão livre e passei a faca devagar na palma da mão livre, foi um 'o' geral de surpresa e horror. – Então, para quem foram minhas palmas, quem está me recebendo tão bem e quem não quer a loba no reino dos outros?

Soltei a faca com o guardanapo no chão e olhando minha mão ferida pela prata, fiz um gesto com a outra mão e curei a ferida com minha magia de cura, que nem a minha família sabia que eu tinha.

Um casal veio andando e passando por mim, cuspiu no chão e mais meia dúzia de casais, fez a mesma coisa. A porta do salão se fechou por fora e Giryon com seu poder os paralisou.

– Alguém mais se opõe a minha companheira, futura rainha do Reino de Antar? – Perguntou ele, olhando para todos, inclusive os servos.

Duas servas se apresentaram e uma delas, jovem e bonita, falou:

– Com tantas jovens bonitas da própria raça, o príncipe tinha que escolher justo essazinha…

Não conseguiu terminar de falar, um raio caiu sobre ela, surgido do nada e a fulminou, ficando só as cinzas.

– Creio que podemos prosseguir, então  –  Giryon falou e bateu as mãos duas vezes.

Os guardas vieram e levaram os casais paralisados para a masmorra e alguns servos entraram com caixas e cestos e recolheram os talheres de prata, trocando-os por outros de aço inoxidável.

Voltei a ficar do lado dele e o mestre de cerimônias se apresentou diante de nós.

– Perdoe-me meus soberanos, obedeci perfeitamente as ordens do príncipe, mas alguém na última hora, trocou os talheres – pediu e ajoelhou mostrando o pescoço, como é costume dos lobos, diante de mim.

Todos no salão imitaram o mestre de cerimônias e lágrimas saíram de meus olhos e em agradecimento, liberei magia de alegria sobre todos, que ao se levantarem, finalmente bateram palmas e deram vivas como eu fiz quando entrei.

Por fim, o banquete foi um sucesso e a noite transcorreu tranquila.

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No salão do céu

– Não fui eu quem fez aquilo! – Exclamou rápido, Espiridião.

– Nem eu! – Exclamou Hanael.

Os dois olharam para Aldeia e ela estava com cara de nuvem.

– O que? Só Hanael pode se divertir, aquela traíra iria infernizar a vida da futura rainha, até a fadinha perder o controle e matá-la ela mesma. Eu só poupei tempo e aborrecimento. 

Os dois varões riram e logo os três davam gargalhadas, até ouvirem uma voz estrondosa no céu.

"Só eu dou ou tiro a vida, vocês estarão de castigo até quando eu quiser."

Os três baixaram as cabeças e viram silhuetas de anjos guardiões cercando o lugar.

Fúria VingadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora