Capítulo 3
- Nossa mamãe, aquela nuvem parece um coelhinho!! - uma criança com a voz muito aguda diz me fazendo acordar de imediato.
Me ajeitei no banco e olhei em volta tentando me lembrar do que aconteceu, mas não devia ter feito.
Minha cabeça e meu corpo doíam, o gosto metálico do sangue ainda não saiu de minha boca.
O ônibus chacoalhava de mais fazendo minha dor de cabeça aumentar drasticamente.
Uma moça estava sentada a minha frente mexendo no celular vendo vídeos aleatórios, levantei um pouco a cabeça e olhei o horário.
Eram exatamente 11:00 horas.
- Se o motorista falou que demorava entre nove horas, então faltam apenas uma para chegarmos. - resmunguei para mim mesma, enquanto fechava meus olhos com força.
Olhei para frente na direção do motorista e pude ver que ele estava me encarando, eu acenei com a cabeça e desviei os olhos.
Meu celular do nada começou a vibrar com várias notificações de mensagens, então o peguei e li.
° Filha? Onde você está? Volte para casa e vamos conversar, que tal?
° Vamos lá minha querida, aquilo que aconteceu ontem a noite não foi nada, vamos apenas voltar como era antes!! Tudo ficará bem. Volte para casa assim que ver essas mensagens.
Olhei incrédula para o celular. Então ele viu o que aconteceu comigo e não me ajudou?
Meus olhos começaram a encher de lágrimas e eu apertei o celular fortemente contra o peito, era agoniante saber que chamei ele varias vezes e ele nem sequer se moveu para me salvar.
° Eu estou bem longe de casa, meu pai. Não me mande mensagens e não tente me achar, assim como irei fazer após te excluir de meu celular você também faça, me esqueça. Não me chame de filha e não me peça para voltar a esse pesadelo em que estava vivendo, se o senhor quer morrer apodrecendo na miséria e esquecido, que faça isso sozinho e não me puxe com você!!!
.Eu te chamei tantas vezes por ajuda......o senhor é pior do que seus irmãos! Se me quisesse aí, teria me salvado daquele traste nojento. O considero o pior das espécies. Me esqueça, pois já o esqueci!
Excluí seu número e desliguei o celular que continha pouca bateria, coloquei dentro da bolsa e conferi o dinheiro que estava guardado.
Por sorte era uma boa quantia, fazia nove meses que estava juntando cada centavo, mas tenho que gastar com cabeça isso e dar um jeito de ganhar mais.
Solto um suspiro cansado e volto a olhar para o céu claro com várias nuvens grandes, que aparentam ser fofinhas.
A cidade aprecia cada vez maior como se me engolisse em sua imensidão de pessoas, carros, prédios e várias outras coisas.
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Entrando no Inferno
RomanceSINOPSE "Quando observo ao meu redor e só consigo ver pessoas felizes e satisfeitas, me sinto cada dia mais acabada. Não consigo me ver tendo essas vidas. O turbilhão que é tentar sobreviver nesse mundo é cansativo e desgastante, mesmo que eu consig...