Sem desmoronar, apenas caindo.

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                            Capítulo 10

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                            Capítulo 10

Acordei com dor de cabeça e com meu corpo dolorido, percebi que meu braço estava engessado. Estava vestida com uma calça moletom preta e uma camisa um pouco maior que eu azul escura.

Me sentei sentindo tudo doer e latejar, principalmente meu pescoço. Me levantei de vagar tentando ignorar toda a dor.

Fui até um espelho que tinha no canto do quarto e me olhei, as marcas roxas e marcas de mordidas e chupões estavam por todo meu corpo, me causando náuseas.

As lágrimas estavam entaladas no fundo de minha garganta a fazendo doer mais, minhas pernas tremiam e minha vagina estava ardendo um pouco.

A porta se abriu atrás de mim e pude ver pelo reflexo no espelho que era Allef, estava com uma toalha pendurada no pescoço e usando uma roupa casual.

Estava com uma blusa de frio cinza e uma calça moletom da mesma cor que a blusa, os cabelos estavam molhados fazendo cair para frente de seu rosto tampando um pouco os olhos.

Ele olhou para a cama e logo depois para mim. Me virei de costas para ele e fechei os olhos, tentando não imaginar o que ele tinha feito comigo noite passada.

Sentia seu olhar, escutava sua respiração, e seus movimentos lentos.

- Astrid... - abri os olhos e ele deu um passo em minha direção.

Dei dois passos me distanciando dele na mesma hora.

Abracei a meu próprio corpo tentando me manter segura, pois se ele fosse jogar sua raiva em mim, eu estaria cansada e ao meu limite para o enfrentar.

Eu posso ser teimosa, mas sei quando chego ao limite, sei quando meu corpo grita por socorro e eu o escuto.

Ele da mais um passo, e eu me afasto.

- Por favor. ... Não chegue perto - me encolhi mais, tentando não chorar.

Ele bufou e passou as mãos sobre o cabelo de forma perturbada, logo em seguida foi em direção a parede e deu um soco com tanta força, tenho quase certeza que seus dedos estalaram.

Eu dei um pulo de susto quando ele fez isso. Se aquele soco era para mim, certeza que não estaria nem viva agora. Minhas pernas ficaram mais trêmulas e se eu não sentasse, provavelmente cairia de joelhos no chão.

- Eu sei o que eu fiz, mas você tentou fugir e…eu não podia te perder, não podia deixar você fugir. - ele olhou para mim de cima a baixo e se aproximou. - Eu não deveria ter… te machucado, mas quando eu vi você ir contra mim e logo fugir. Eu agi por raiva.

Ele se aproximou mais, sua expressão era de calma e piedade. Ele segurou a minha mão me puxando para sua direção, meu coração acelerou, minhas pernas falharam e ele me segurou colocando os braços em volta de minha cintura.

Ele sentou na cama me pondo em seu colo, eu só senti que deveria chorar, que deveria parar de viver e enfim ficar em paz. Mas eu queria viver.

Me manter firme era a única coisa que eu poderia fazer em sua frente, e segurar toda minha dor para mim.

- Me deixe deitar - falo seria e a voz falha.

- Astrid... Eu-

- Só, me deixa deitar - falo olhando para baixo.

Ele se levanta e me deita na cama, me cobrindo e saindo do quarto.

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- Mas olha só se a minha bela luachmhor acordou - o sotaque de caim era forte e quando disse aquela palavra sua voz ficou grossa e sua pronúncia deslizou por mim.

- O que disse? - falo me sentando.

- Luachmhor - ele sorriu e seus dentes caninos eram pontudos deixando seu sorriso lindo. Seus lábios eram bem desenhados e nas dobras de sua boca eram como duas pontas que se faziam quando sorria.

- Que idioma é esse? - pergunto tentando arruma o travesseiro em minhas costas.

- Gaélico escocês - ele veio até mim e arrumou o travesseiro, e seu rosto ficou bem perto do meu.

- O que significa? - falo baixo. Ele se aproxima mais e sorriu.

- velha teimosa - minha cara ficou séria e ele se levantou rindo.

- Idiota - me viro de costas para ele.

- Não fique assim minha Luachmhor, precisa de algo? - ele me olha de cima a baixo percebendo aos detalhes os hematomas em meu corpo, me cubro melhor com a coberta e seus olhos chegam aos meus.

- Só...um pouco de água gelada. - peço me deitando toda na cama.

- Ha até quando vou ter que ficar nessa merda de casa?! Fazendo favores a você ainda - sua voz era brincalhona, mas senti a aspereza saindo de sua garganta.

- Até quando tentar me "sequestrar" dele, agora minha água. - falo baixinho.

O escuto suspirar e depois de alguns segundos sair do quarto. Caim tem um rosto assustador e pode amedrontar a todos, mas seus movimentos impecáveis, seus cabelos, seus olhos de um puro gato, seus lábios desenhados perfeitamente, e sua voz… eram uma armadilha para mulheres.

Ele emanava poder, força e elegância. E por algum motivo me fascina, mas logo me lembro que ele está aqui para pegar algo que pegou como recompensa de uma dívida não paga por meus tios.

Ele apenas queria tomar posse do que ele achava ter direito sobre. E Allef.....ele me feriu, tanto por dentro quanto por fora, me estuprou, me bateu, quase me matou e logo vem com aqueles olhos pedindo perdão com a alma.

Sua voz em agonia e seus olhos cheios de um céu cinzento e frio como os dias das piores chuvas, mas as que eram meus dias preferidos.

Allef me deixa com borboletas no estômago, quando chega perto de mim ao ponto de sentir sua respiração, ao tocar minha mão com seus dedos longos, ao passar as mãos por meu cabelo.

E assim como Caim. Allef apenas me quer como algo que ele pegou e acha que é dele, algo precioso que ele até mataria para não sair de seu lado.

Ele é possessivo, autoritário, sério, sua voz traz uma leveza que logo após se torna um tornado ao meu redor, seus olhos claros me engolem com tanta luxúria quando me veem, seus lábios perfeitamente macios e rosados faz com que qualquer uma perca seu chão.

Mas ele me trazia a realidade quando sua fúria brotava em seu ser, se tornando frio, compulsivo, violento e emanava luxúria e possessividade.

E por mais doentio que seja, aquilo me deixa assustada, mas, no fundo eu sinto algo estranho, sinto as borboletas. Elas se viram e debatem dentro de mim, me trazendo uma sensação louca e me deixando confusa.

Eu não posso continuar com isso, eu tenho que sair, antes que algo de errado. E eu sei muito bem o que poderia ser, tanto por Allef como que por Caim.

Os dois são anjos que foram expulsos do céu e atormentam minha vida na terra, eles são a tentação que me dão agonia e medo, são os anjos que mostram luxúria e poder sobre mim.

Mas primeiro me recuperar, para logo depois, enfrentar os dois mal encarnados de anjos.

Entrando no Inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora