"Tinha que ter altas expectativas para viver, não sabia como, mas sempre tive uma sensação." High Hopes – Panic! At The Disco
Dias se passaram enquanto cavalgávamos, enquanto sobrevivíamos.
Tanto nós quanto os cavalos estávamos extremamente cansados. Meu corpo, mais uma vez, estava totalmente dolorido – creio que até agora já se completavam por volta de duas semanas sem um sono decente, sem uma refeição quentinha. Eu sentia a falta de uma cama e um travesseiro macio e um bom banho. Ah, como eu sentia falta de um banho quentinho e dos óleos perfumados.
Acho que eu não entendia os privilégios de ser a melhor amiga da princesa, até agora. Não que eu e minha família tivéssemos tanta riqueza, mas é que há muita gente por aí com bem menos que nós – e eu aproveitava das regalias que Francesca recebia por ter sangue real.
Em vários momentos de nossa jornada me lembrei de uma frase que Janette soltara em alguma conversa que tivemos sobre comida e sobre o reino "Gentileza não enche barriga, poder sim." disse ela, "Gentileza nos mantém com empatia e boas almas, mas é o poder que move montanhas, e pessoas como nós não conseguem poder, pois preferimos a bondade.".
Como eu sentia falta de uma mente relaxada. Meus pensamentos continuaram turbulentos por dias sem fim, e ainda estavam. É horrível como nossa própria cabeça e imaginação podem se tornar os vilões que corroem nossa segurança, coragem e essência. Acho que, depois disso tudo, seria bem possível que eu escolhesse o poder ao invés da gentileza e empatia e uma boa alma.
Nada seria como antes.
Durante a noite, revezávamos em turnos para alertarmos uns aos outros caso ocorresse alguma movimentação suspeita, e durante o dia fugíamos de quaisquer barulho diferente.
Em certo ponto eu já não conseguia mais diferenciar os locais pelos quais tínhamos passado e também nem consegui memorizar as estradas, pois elas já não existiam. Ficamos nessa de ir e vir entre as árvores e os animais por dias. Nos alimentamos com algumas frutas que os passarinhos bicavam e custamos a achar água. Estava impossível encontrar algum tipo de fonte para nos hidratar, até que esbarramos em alguns bambus com seiva no caule, mas deu para apenas uns goles cada um de nós.
Estávamos destruídos, por dentro e por fora. Talvez eu e Francesca um pouco mais do que Killian e Misha, mas ainda sim pude notar que ambos estavam beirando o limite – por mais místicos que fosse, metamorfo e fada, essa rotina estava exaurindo a todos nós.
A dor da partida, do choque da névoa, da fome e da insegurança me atingiram aos poucos, deixei meu corpo ser levado pela inércia da necessidade de sobreviver e, simples assim, passei a agir de acordo com o que era preciso, meu corpo já sabia o que fazer.
Dormir, ficar em guarda. Andar, cavalgar. Observar as frutas que os passarinhos se alimentavam, passar os olhos na mata para ver se conseguia achar bambus. Abaixar e se esconder de toda movimentação suspeita.
Pedir aos deuses que nos libertassem daquele pesadelo.
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Os dias poderiam se tornar semanas, então decidimos nos separar em duplas e procurar alguma cabana abandonada ou um vilarejo amigável - embora eu acredite que, como estávamos todos basicamente sendo caçados, nos separar não era a melhor das opções.
Tudo parecia seguro, e por isso Francesca ficou comigo enquanto o príncipe fada e o metamorfo saíram juntos. O que ainda não fazia muito sentido: duas garotas frágeis e sem armas para lutar acabam se juntam em um lugar desconhecido, mas um metamorfo com asas e um fada com forças e poderes de persuasão ficavam juntos? Claramente estávamos desfalcados, mas não tive forças para rebater, e eu não queria ficar sozinha com um deles, mesmo depois de tudo o que ocorrera até o momento.
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A MELHOR AMIGA DA PRINCESA (Reino de Seres e Maldições)
FantezieComo seria se a história fosse contada pela melhor amiga da protagonista? E se tudo fosse narrado aos olhos da personagem secundária? Imagine um típico livro de fantasia, repleto de golpes de estado, guerras infindáveis, maldições enigmáticas, o po...