CAPÍTULO 6

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"E nós demos a volta errada, e nós caímos na toca do coelho"  Wonderland – Taylor Swift


O abrigo era bem escondido, bem escuro e bem pequeno.

Aliás, pequeno para nós quatro: asas, orelhas de fada, inseguranças e incertezas.

Mas talvez para duas pessoas normais ele servisse bem.

Seja quem quer que tivesse construído aquela cabana, provavelmente a preparou exatamente para o mesmo propósito que nós tínhamos naquele momento, uma fuga.

Assim que você passa pela porta, é possível ver um cômodo que parecia cozinha e sala ao mesmo tempo, com uma mesa de madeira ao centro e cinco bancos pequenos ao seu redor, também de madeira.

Havia uma cuba funda com um tubo que escorria um fio contínuo de água, julguei ser uma espécie de pia improvisada pois logo acima havia armários com algumas coisas dentro.

Garrafas de algum líquido que eu já vira antes lá no castelo, na sala de reuniões, provavelmente eram vinhos ou outro tipo de bebida parecida. Junto das garrafas havia cerca de oito pratos e seis copos, todos com marcas de uso, trincos e riscos e partes faltando.

Para um abrigo tão pequeno, a quantidade de utensílios e móveis era até que abundante demais.

Não havia banheiro e nem um buraco no chão. Nem um lavabo e nem um espaço para um banho quente. Talvez, com aquele lago ali, isso não fosse algo importante a se pensar na hora de construir aquele espaço.

Ao atravessar a cozinha-sala, demos de cara com outras duas outras portas. Quando Killian vasculhou o espaço antes de chegarmos, concluiu que eram dois quartos. Ambos eram pequenos, mas possuíam grandes camas com duas marcas côncavas em cada uma. Marcas que indicavam um peso constante, que fora feito por um tempo contínuo.

Pelo menos quatro pessoas dividiam aquele local, assim como nós agora.

Eram camas de casal, Francesca e Misha ficariam animados.

Acima das cabeceiras estavam suspensos pequenos armários que não pareciam tão deteriorados quanto os da cozinha-sala. Ao abri-los, descobri roupas dobradas e intactas ali. Calças, blusas e vestidos.

O que existia em um quarto, se espelhava no outro.

Francesca e eu já tínhamos trocado de roupas, pois mal víamos a hora de nos livrar daqueles trapos que nossos vestidos tinham se transformado, se é que assim posso chamá-los, afinal. Aproveitamos o que havia naquela cabana a nosso favor.

Minha amiga escolheu um vestido simples, que lá no reino era mais o estilo utilizado por serviçais, não era feito de tecidos nobres e possuía poucas costuras. Segundo Francesca, aquele era ainda melhor, mais macio e confortável e quentinho comparado aos que ela era obrigada a usar e aos que estávamos vestindo – completamente detonados e sujos.

Eu preferi escolher uma calça e uma blusa com botões que eram claramente grandes demais para mim devido a minha altura.

Dobrei um pouco a barra da calça - não queria ficar com ela se arrastando por aí e, provavelmente, cair com o rosto no chão por ter tropeçado nela. Fiz o mesmo com a blusa, dobrei as mangas para se ajustarem ao tamanho dos meus braços e enganchei o comprimento dela na parte de dentro da calça, caso contrário a calça iria escorregar por ser larga, a blusa fez um volume satisfatório para impedi-la de cair. Deixei abertos alguns botões próximos ao meu pescoço e finalmente estava confortável e quentinha também.

Não que eu tenha algo contra vestidos, pelo contrário! Apenas não gosto muito da sensação de ter um arzinho entrando pela parte de baixo da saia e gelando minhas pernas. Seja qual for o comprimento do vestido, isso sempre acontece quando eu me movimento - acho isso um pouco incômodo, por mais bonita que eu me sinta neles.

A MELHOR AMIGA DA PRINCESA (Reino de Seres e Maldições)Onde histórias criam vida. Descubra agora