"Eu te seguirei até que o som da minha voz te assombre" - Silver Springs, Fleetwood Mac
- Tome um pouco mais de água, Tine.
Disse Killian ao se desvencilhar de mim e ir em direção à cuba da cozinha, pois tinha ficado abraçado comigo por alguns minutos a mais, até eu conseguir me acalmar. Não me importei de ser ele a pessoa a me consolar. Pelo menos ele estava ali, e era o que bastava. Observei o metamorfo atravessar aquele espaço pequenino, segurando o copo que ele havia enchido pela segunda vez.
Eu estava sentada em um dos banquinhos, que já ficava pequeno para mim. Me estiquei para pegar o copo de sua mão.
- Desse jeito você vai me afogar com tanta água. – levantei meu olhar até o dele, o metamorfo ainda estava em pé, então tive que torcer meu pescoço por completo até encará-lo.
- E você vai cair pra trás se continuar inclinando a cabeça só pra me ver. – ele esboçou um sorriso ao me escutar rir baixinho daquele comentário. Então, ele não puxou um banquinho para sentar novamente ao meu lado. O metamorfo veio para a minha frente e começou a se abaixar até sentar-se no chão, virado para mim. Era a segunda vez que ele fazia isso, e que me acalmava. E por alguma razão, que eu ainda não entendia, aquilo não me incomodava.
- Como está se sentindo?
- Confusa. – respondi sinceramente. Afinal, como eu poderia falar que chorei daquela forma por conta de um sonho? Francesca me entenderia, mas ela era uma das poucas pessoas que entendia o porquê de sonhos como aquele me tiravam a paz, me deixavam em estado de alerta e me faziam ficar paranoica.
- Quer falar sobre isso? – Killian perguntou um pouco ressabiado. Talvez ele suspeitasse estar tocando numa ferida muito fresca e fosse bem capaz de eu voltar a chorar.
Ponderei por alguns segundos em silêncio, com medo do ele poderia falar em seguida. Até que percebi um par de olhos verdes intenso me encarando, e uma mão pousada gentilmente em um dos meus joelhos. Acho que fiquei quieta por tempo demais.
- Augustine? – a voz do metamorfo ecoou pela cozinha.
- Desculpa, hm... Eu quero sim, mas antes... Onde estão Francesca e Misha? Gostaria de falar para todos juntos e não precisar repetir.
- Não tenho certeza, quando acordei eles já tinham saído.
- Você acordou faz muito tempo? – Killian tirou a mão do meu joelho e entrelaçou seus dedos como se estivesse pensando em como me contar o que sabia. – Killian, o que aconteceu?
- Bom, não faz muito tempo que acordei, despertei só um pouco antes de você.
- E...? – o metamorfo agora desviava seu olhar do meu.
- E... Eu estava indo atrás deles quando te escutei chamar e corri para ver o que havia acontecido. Não faço ideia de onde eles estejam...
- Que? Como é que os dois saíram e nenhum de nós percebeu? – minhas mãos voltaram a tremer. E se tivesse acontecido alguma coisa com os dois?
- Tenho certeza de que está tudo bem, Tine. Eles provavelmente estão se beijando por aí enquanto podem.
- Isso não é possível, Killian. Ontem mesmo eles ficaram se amassando aqui no quarto ao lado, conosco ouvindo e tudo o mais. - retruquei e já me levantei exasperada, com os nervos à flor da pele. Eu não poderia perder mais alguém que amo.
- É... Eu só estava tentando escolher as palavras com calma para não te assustar. Mas eu também estou preocupado. – o metamorfo disse enquanto me seguia para fora da cabana.
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A MELHOR AMIGA DA PRINCESA (Reino de Seres e Maldições)
Viễn tưởngComo seria se a história fosse contada pela melhor amiga da protagonista? E se tudo fosse narrado aos olhos da personagem secundária? Imagine um típico livro de fantasia, repleto de golpes de estado, guerras infindáveis, maldições enigmáticas, o po...