× Capítulo Sete ×

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  Cheguei em casa suspirando pesado, encontrando minha mãe ajoelhada em frente ao nosso pequeno "altar" - uma parte da casa a qual ela encheu de santos, velas e orações para rezar. Me sentei no sofá, esperando que minha mãe terminasse suas preces. Ao terminar, a mesma levantou-se e fez o sinal da cruz, reverenciando-se em frente aos santos.

— Ah, Maraisa, já está de volta, querida? — Perguntou e sentou-se ao meu lado.

— Sim... Mãe, posso ir à casa do Danilo hoje à noite?

— Hoje à noite? — Perguntou desconfiada, e eu assenti, porém, minha mãe negou. — Não, você está de castigo mocinha.

— Mas-

— Sem mas, Maraisa. Não vou discutir. — Disse, e eu assenti derrotada. — E não esqueça que neste final de semana você tem que cantar no coral da igreja. — Lembrou-me e eu bufei, revirando os olhos discretamente. — Ah, e também faremos o chá beneficiente.

— Sim, mãe...

— Você sabe quem veio perguntar por você hoje mais cedo? — Perguntou e eu neguei, recostando-me no sofá. — Lauana.

— Lauana? Eu não falo com ela desde os meus treze anos, quando ela viajou com a família pro Rio. Fiquei sabendo que ela e a família voltaram pra São Paulo há algumas semanas, mas não falei com ela.

— Sei que não, querida, mas Lauana  é devota à igreja. É uma ótima companhia. E adivinhe só? Ela também canta no coral, é a decoradora oficial dos chás beneficentes e também faz a liturgia da palavra todas as sextas e domingos. Gostaria que vocês fossem mais próximas...

— Mãe, Lauana se veste como se tivesse seis anos!

— Ela se veste adequadamente, como uma moça de família. Acho que vocês seriam ótimas amigas e, além disso, ela pode te ensinar muitas coisas legais para fazerem juntas na igreja. — Disse e eu revirei os olhos novamente. — Lauana se ofereceu para te ajudar a ensaiar a música do coral. Ela toca violão, sabia?

— Ah... É muita gentileza dela, mas eu não preciso. Eu sei me virar.

— Maraisa-

— Eu preciso subir e estudar, mãe. Prometo que ensaio mais tarde.

— Tudo bem, mas agradeça Lauana por se oferecer. — Assenti a contra gosto e subi para meu quarto.

 Me joguei na cama e peguei meu celular, logo abrindo a caixa de mensagens. Tratei de enviar uma mensagem à Danilo, explicando que eu não poderia ir à sua casa a noite, pois minha mãe não havia permitido. Larguei meu celular em cima de minha barriga, apenas esperando a resposta de Danilo, que não tardou em chegar.

- Mas eu estava contando com você...

- Tem certeza que não pode vir?

Não posso, Danilo -

Me desculpa -

- E se você sair sem sua mãe saber?

Você bebeu ou o que? -

- Será só por algumas horas

- Ela nem vai perceber

- Por favor?

Ai, tudo bem -

Passo aí às 23:30 -

 Joguei meu celular ao meu lado, suspirando pesado. Será só por algumas horas... Não tem como dar errado.

memories. - malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora