CORTE DE CAOS E SOMBRAS 2

Capitulo 10

Estava junto de Saphira, no nosso lugar favorito. Onde o corpo de minha mãe foi enterrado.

Um campo florido, cheio de cores. Roxas, rosas, amarelas.....E as minhas favoritas, margaridas.

Meu pai disse que minha mãe morreu alguns dias depois que nasci. Ela não sobreviveu ao parto. Eu queria saber mais, mais sobre ela e as coisas que ela gostava. Mas meu pai nunca falava sobre ela, e nem ninguém no castelo.

A única coisa que eu consegui arrancar, foi o lugar onde ela foi enterrada. Uma colina, o lugar favorito dela. Pelo menos, foi o que um dos sacerdotes disse.

E agora, esse era o meu lugar favorito.

Eu nunca a vi, nunca senti seu abraço e ouvi sua voz. Sei que ela era linda, a fêmea mais linda que já vi. Um dia, encontrei uma pintura dela na parede de um quarto desocupado do castelo.

Os cabelos brancos como os meus, o sorriso discreto e tão gentil.

Respirei fundo e me levantei, saindo dali.

Logo iria anoitecer e o show favorito do meu pai iria começar.

Olhei para Saphira que estava deitada em meio às flores.

- Vamos garota, precisamos ir.- falei para ela. Ela se ergueu, baixando sua asa para mim.

Antes de ir, peguei uma margarida e respirei fundo. Sentindo seu cheiro.

Me despedi de minha mãe e subi em Saphira, indo em direção ao castelo.

Hoje o dia iria ser longo......

Assim que cheguei no castelo, Saphira voltou para o céu, mas sempre por perto.

Adentrei em meu quarto, e não fiquei nada surpresa em ver quem já me esperava ali, atirada em minha cama.

Abusada.

- Ah, graças aos Deuses! Achei que você nunca mais iria voltar do seu retiro secreto.- disse Alina. Ela estava brincando com uma mecha de seus longos cabelos escuros.

Revirei os olhos.

- Isso tudo é saudade? Se for, já estou aqui.- falei, me sentando na penteadeira.

Olhei para meu reflexo. Não sabia exatamente o que eu via. Uma fêmea linda, em uma posição invejável e....Uma assassina.

Soltei uma respiração pesada, já prevendo o que eu teria que fazer hoje. Sabendo qual o meu papel no show de hoje.

- Ei, o que aconteceu?- perguntou Alina, aparecendo em meu lado e colocando uma mão em meu ombro.

- Nada. Eu só estou cansada.- falei, tentando dar um sorriso que, pela expressão em seu rosto, não foi muito convincente.

- Sei que não é isso, Luna. Me conte o que é, por favor.

Fechei os olhos e baixei a cabeça.

Como dizer para ela que eu estava cansada disso tudo? Cansada de ser o carrasco. Cansada de ser aquela que chamam de Assassina do Rei. Cuspidora de Fogo. E por muitos, chamada de monstro, genocida.

Como explicar que me sinto tão oca por dentro? Como explicar que estou cansada de presenciar e fazer todas as atrocidades que meu pai pensa em sua mente.

E logo para ela, que o adora.

- Juro que estou bem, é só o cansaço mesmo.- falei, dessa vez, colocando um sorriso mais convincente no rosto- Acho que ainda não me recuperei cem por cento do que aconteceu aquele dia.- falei, me referindo ao confronto com a Rainha e sua Corte.