• Capítulo Um

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Irônico que tudo comece no primeiro dia de aula do segundo semestre do ano, mas como poderia mudar os fatos?

Agnes e eu rondamos a escola INTEIRA atrás do tal "melhor namorado do mundo", é o que ela costuma dizer, mas ninguém concorda. O namorado é só um cara nerd que se finge de superior e morre de medo que alguém pise naquele ego inflado de merda. In-su-por-tá-vel.

— Não é possível que ele tenha vindo pra escola hoje. — Já não sinto mais meus pés. — Por que caralhos você não sabe onde seu namorado tá? Achei que fossem grudados um no outro.

— Éramos pra estar, Kristen. Esse é o ponto. Ele não me responde faz dois dias, eu não sei o que aconteceu. – Ela para por uns segundos e dá uma olhada ao redor da quadra. — Já liguei até pra irmã dele, mas essa menina não sabe de nada e muito menos os pais.

Fico pensando se ela não se pergunta o motivo de toda a família o odiar. Esse cara tem no máximo um amigo, o computador.

Ah e quanto ao meu nome, quem dera estivéssemos falando sobre Kristen Stewart, infelizmente sou apenas Kristen Donovan, a pessoa com mais azar que alguém pode conhecer.

— Certo, e por que estamos procurando na quadra?

Tenho certeza que o namorado – aqui não falamos os nomes de pessoas totalmente irrelevantes — tem medo de umas bolas.

— Sei lá, Kris. Eu vou continuar rodando a escola atrás dele, se não quiser acompanhar, não precisa. – Ela sai antes que eu possa falar ou fazer alguma coisa.

Suspiro e sento nas arquibancadas, recuperando o fôlego e pensando em como a semana vai ser insuportável sem Sam, meu melhor amigo desde meus onze anos, mais ou menos. Nos conhecemos na quadra da nossa rua jogando vôlei, mas eu confesso que nem gostava muito de vôlei, só entrei porque a capitã do time me fez babar, literalmente. – a irmã dele, Liz. Confesso que até hoje ela me chama a atenção.

Olho de relance pra frente, onde parece estar acontecendo um treinamento. Ninguém ali parece ter muita preparação física para esportes, mas o treinador não tem muita opção, já que o colégio em si é sedentário.

Aí merda.

Tento achar que isso não vai acontecer, como se situações mudassem apenas com a lei da atração, mas acontece. Sou atingida por uma bola de BASQUETE na CARA.

Eu poderia ter simplesmente seguido Agnes, esse é o karma por ser uma péssima melhor amiga.

— AÍ CARALHO, me desculpa, eu sou um desastre ambulante! Porra. Você tá bem? Me desculpa mesmo, eu sou péssima nisso, nem deveria ter tentado. – A autora do grande ato dispara enquanto corre em minha direção.

Não consigo a dirigir uma sequer palavra, meu nariz está sangrando e me sinto tonta. A última coisa que ouvi foi que chamaram a enfermeira da escola.

*

Abro os olhos e quando percebo, estou na enfermaria da escola, deitada em uma das macas.

— Caramba, não sabia que te deixar sozinha dois minutos ia causar esse estrago todo. – Agnes aparece na minha frente, se ajoelhando nos degraus da maca enquanto apoia sua cabeça no meu busto. – Sorte sua ter acordado no final da aula.

Olho pra janela ao meu lado, tentando assimilar o que aconteceu. Não pergunto nada.

— Enfim... A garota que acertou a bola tá bem ali – Ela olha de canto para o outro lado da sala. – Se eu não tô louca, ela tá literalmente rezando pra você acordar. Além disso...

Não deixo que ela termine a frase, levanto de uma vez e vejo a garota, ela está ajoelhada. Não consigo evitar a risada e meu nariz dói um pouco. Ela perde sua atenção e olha pra mim.

Pós-VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora