Prólogo

831 58 29
                                    

Pobrezinho! Tão novo! O pobre jovem mestre da guilda Feiyun!

Xinquiu estava cansado só de pensar que agora toda Liyue estava com pena dele. Havia sido um problema danado, mas sobrevivera e continuaria sobrevivendo. Nada o impediria de conseguir atingir o que quisesse atingir, de fazer o que quer que fosse que quisesse fazer. Embora toda aquela desgraça fosse realmente um grande problema, jamais se deixaria abalar por qualquer coisa que fosse, tinha jurado para si mesmo que seria forte por si e por sua família. Mas seu pai não queria mais que saísse sozinho, sua mãe não queria que treinasse com a espada, o que restaria para fazer? Sem acesso às ruas de Liyue ou ao treinamento no jardim e, principalmente, sem poder ler! O que restaria para animar seus dias e manter o sorriso em seu rosto.

Frequentemente tentava fazer as coisas por si mesmo, sendo sempre interrompido pelos serviçais da casa ou seus familiares, de fato não restava muito que pudesse fazer para motivar sua vida e estava à beira de sucumbir à depressão quando recebeu a notícia de que seu melhor amigo havia finalmente retornado de uma longa viagem para os países do norte com sua família. "Finalmente algo bom acontece na vida do pobre nobre Xingqiu!" Ele pensou ao ouvir a notícia da chegada dele, Chongyun, que viera cumprimentá-lo tão logo chegara à Liyue. Os últimos trinta dias haviam sido um inferno, mas a vida finalmente parecia querer dar uma reviravolta para sua felicidade.

Chongyun cumprimentou os empregados e a mãe de Xingquiu que foram recepcioná-lo na entrada. Estranhamente não ouviu os passos apressados do garoto descendo as escadas como uma tromba d'água, o que o fez olhar para cima no mezanino procurando pelo amigo com os olhos, mas o que encontrou foi bastante diferente do que esperava. Xingquiu correu para a grade ao ouvir a voz do garoto no saguão, mas não se atreveria a descer as escadas sozinho. Sorriu largamente ao confirmar que a voz era realmente dele, mas não poderia ver de forma alguma a expressão de choque no rosto do garoto de cabelos azuis claros.

Os olhos dele estavam enfaixados, o que fez o exorcista ter um breve pânico subindo por sua espinha. O que diabos acontecera nos últimos meses?!

Pedindo educadamente licença à nobre senhora Feiyun, Chongyun subiu correndo as escadas da mansão e indo até o amigo, virando-o de frente para si e o abraçando. Xingquiu ouviu os passos na escada, mas não percebeu que ele estava tão perto quando ele o abraçou sem nenhuma hesitação, então se assustou um pouco, mas logo riu.

-Xingqiu! O que aconteceu com você?! -Perguntou preocupado o exorcista, afastando-se e olhando-o de perto.

-Ah, você sabe... Eu estava lendo nas montanhas depois de um dia de treino, quando fui voltar para casa porque já estava escurecendo eu passei por uma casa pela qual eu sempre passava e presenciei algo problemático, acabei me intrometendo onde não devia... Salvei uma garotinha, mas acabei me machucando um pouco. Mas não é nada grave. -Ele riu de si mesmo, mas Chongyun não achou a graça. -Eu só perdi meus olhos, mas os médicos acreditam que ainda pode haver alguma esperança pra mim no futuro, visto que eu sou um portador de Visão e isso pode ser bom de alguma forma.

Percebendo o tom da conversa, os empregados saíram do local voltando aos seus afazeres, bem como a senhora da casa, deixando os dois a sós. Chongyun era um bom garoto e tinha juízo, cuidaria do jovem mestre.

-Isso não é engraçado, Xingqiu! Pelos deuses! Que bom que você está vivo! -Ele bagunçou os cabelos do menor, suspirando. -Vamos pra dentro, você tem que me contar melhor essa história. -Ele puxou o menor para dentro do quarto de onde ele havia saído.

O quarto de Xingqiu parecia mais a própria biblioteca da casa. Um cômodo grande cujas paredes eram cobertas por prateleiras e livros, uma grande e espaçosa escrivaninha onde ele podia passar horas escrevendo seus romances de luta, algumas poltronas confortáveis viradas para as janelas de onde entrava luz natural e que tinha uma bela vista para o jardim dos fundos, além da grande e opulenta cama na qual atualmente ele passava a maior parte de seu tempo. Uma porta grande que estava aberta assim como as janelas dava passagem para uma varanda nos fundos, e ele também tinha um banheiro só para si mesmo. Chongyun sempre pensava que ser rico devia ser mesmo divertido.

A lâmina cega de GuhuaOnde histórias criam vida. Descubra agora