8 - Água

678 48 10
                                    

Xingqiu estava ansioso quando a última sessão de tratamento com Barbara acabou. Ele já enxergava claramente e estava ansioso para ver o rosto de Chongyun quando lhe contasse pessoalmente sobre o estado de seus olhos. A cicatriz em seu rosto tinha se tornado tão sutil que de longe nem se via, apenas olhando de perto se conseguia ver a linha que cortava seu rosto na altura dos olhos. Os orbes dourados estavam muito bem recuperados, até mesmo Barbara estava chocada com a capacidade de recuperação do menino, já que essa recuperação tinha sido bem rápida apesar do tempo desde o acidente até o início do tratamento adequado.

O vento do lado de fora da grande catedral estava uma delícia. Chongyun precisava admitir que sentiria falta de Mondstadt quando fossem embora, a cidade pequena era deliciosamente acolhedora, o clima agradável e as pessoas todas muito gentis. Embora ainda não tivesse uma previsão para voltar pra casa, sabia que aquela viagem não duraria para sempre. Ele estava conversando com um bardo enquanto aguardava a saída do namorado que estava fazendo mais uma sessão de tratamento com Barbara. Xingqiu não falava muito sobre o progresso de todas aquelas sessões, mas estava bem positivo sempre, então Chongyun imaginava que estivesse resolvendo alguma coisa, pelo menos a cicatriz tinha diminuído bastante.

Não demorou muito para que Xingqiu aparecesse na porta da catedral e nisso o exorcista se levantou do banco se despedindo amigavelmente do bardo que os convidou para uma rodada de bebidas em uma das tantas tavernas locais naquela noite. Chongyun agradeceu, mas nem aceitou nem recusou a oferta, deixando em aberto, e depois seguiu ao encontro de Xingqiu que sorriu abertamente e o olhou diretamente nos olhos. Por um instante Chongyun sentiu seu coração bater mais forte. Era a primeira vez que o menor o olhava diretamente desde o acidente que tirou sua visão. Ele não conseguiu evitar sorrir de volta e sentir seu rosto corar com o encontro de seus olhos com aqueles belos olhos dourados que o namorado possuía, aparentemente tão cheios de vida agora.

-Vamos? Eu queria dar uma volta pela cidade, Yun. -O menor sugeriu levando as mãos ao rosto do namorado e o acariciando gentilmente.

-Ah... Sim... Claro. Vamos dar uma volta. D-Deu tudo certo na sessão de hoje? -Chongyun segurou ambas as mãos do menor levando-as até seus lábios e as beijou delicadamente sem quebrar o contato visual.

-Sim. Na verdade... Essa foi a última sessão, Yun.

-Então... Você... ? -Chongyun não sabia se deveria perguntar diretamente, mas queria saber o resultado de todas aquelas sessões de cura.

-Estou enxergando muito bem, obrigado. -Xingqiu deu a notícia espontaneamente e sorriu novamente. Chongyun ficou chocado, mas logo abriu um enorme sorriso e abraçou o menor, erguendo-o do chão e girando com ele antes de colocá-lo de volta no chão e selar os lábios aos dele apaixonadamente, tamanha sua felicidade. Xingqiu riu achando a reação do outro extremamente fofa. -Não está perfeito, mas é o melhor que conseguimos. Eu preciso passar por um médico e pegar uma receita de óculos quando voltar a Liyue, porque ainda não consigo enxergar detalhes muito pequenos, mas a Barbara acredita que agora um par de óculos vai ser o suficiente pra resolver meu problema.

-Isso é maravilhoso, Qiu! A gente tem que comemorar! Você não estava me falando nada, eu me perguntava se estava tendo algum efeito real esse tratamento... Isso é perfeito! Então você está me vendo agora? Meu deus, eu não sei nem como reagir... -O rosto dele começou a ficar vermelho e ele escondeu o rosto com as mãos arrancando ainda mais risadas do menor.

-Só age normal, Yun. Eu to te vendo há alguns dias, na verdade, hoje só tá com uma definição melhor, então eu queria olhar seus olhos. -Xingqiu, rindo, tirou as mãos do namorado da frente de seu rosto e selou-lhe os lábios.

Do banco, o bardo não poderia deixar de sorrir observando o comportamento dos dois pombinhos, achando a relação entre eles extremamente graciosa. Chegava a lhe trazer inspiração aquela história de amor sobre a qual perguntaria mais detalhes mais tarde para uma certa freira que já deveria estar por dentro de tudo àquela altura. Definitivamente, embora a cidade do amor fosse Mondstadt, as pessoas de Liyue também eram bastante românticas a seu próprio modo.

A lâmina cega de GuhuaOnde histórias criam vida. Descubra agora